Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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O que as mudanças climáticas têm a ver com o esporte que você pratica

Na COP26, entidades esportivas se comprometeram a reduzir pela metade suas emissões até 2030

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Escrevo esta coluna de Glasgow, na Escócia. Estou na COP26, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. É um dos momentos mais importantes das nossas vidas. Limitar o aquecimento global é fundamental para evitar uma catástrofe no planeta. O que isso tem a ver com esporte? Tudo.

Mudanças climáticas têm causado secas, inundações, ondas de calor, incêndios, tempestades mais frequentes. Esses eventos climáticos extremos acontecem pelo aumento na temperatura do planeta que, por sua vez, é causado pela emissão de gases poluentes que vêm, por exemplo, dos combustíveis fósseis como o carvão e da pecuária. O popular "arroto da vaca" é um grande responsável pela emissão do gás metano, causador do efeito estufa.

Se o planeta continuar a esquentar, aumenta o risco de morte por causa do calor, de deslizamentos, de doenças causadas pela poluição. São muitas as consequências. Se nada de urgente for feito, quem pratica esporte vai sofrer cada vez mais –de quem corre na rua e joga no futebol no fim de semana até o atleta de elite.

O tenista russo Andrey Rublev enfrenta o forte calor durante o Australian Open deste ano
O tenista russo Andrey Rublev enfrenta o forte calor durante o Australian Open deste ano - David Gray - 17.fev.2021/AFP

No Aberto da Austrália, muitas partidas já foram suspensas por causa do calor. No Jogos Olímpicos de Tóquio este ano, estava tão quente que a maratona foi em outra cidade por causa da preocupação com a saúde dos atletas.

Casos como esses só aumentam. Felizmente, boas iniciativas também.

Na Inglaterra, o Forest Green Rovers é um clube carismático e conhecido por ser o mais verde do mundo. No futebol inglês, está na quarta divisão. Na sustentabilidade, é líder. O teto do estádio tem painéis de energia solar, a água da chuva irriga o gramado e o cardápio inteiro é vegano: de jogadores, funcionários e o de hambúrgueres, tortas e pizzas servidas para torcedores. Foi o primeiro clube do mundo neutro em emissões de carbono, com certificação da ONU. O dono foi convidado para uma palestra na COP26.

Na Premier League, um estudo mostrou que o Tottenham é o clube mais "verde" do Campeonato Inglês, em critérios como uso de energia limpa, transportes não poluentes, redução no uso de plásticos, reciclagem, cardápio com opções à base de plantas. O centro de treinamentos tem uma horta com frutas, vegetais e ervas orgânicas usadas na alimentação dos jogadores. Nesta temporada, recebeu o Chelsea no seu estádio para uma partida neutra em emissões de carbono. Os times chegaram em ônibus movidos a biocombustível, não havia garrafas plásticas e, sim, um amplo cardápio vegano.

Na ONU, o esporte é representado em um grupo com 273 integrantes, como os Comitês Olímpicos do Brasil e Internacional, a NBA, a F1 e a Fifa. Na conferência do clima, se comprometeram a reduzir pela metade suas emissões até 2030 e zerá-las até 2040.

Quem der mau exemplo será cada vez mais cobrado. Mês passado, o Manchester United recebeu críticas por ter levado os jogadores de avião de Manchester para Leicester, uma viagem de 160 km que poderia ter sido feita de trem.

E nós, como cidadãos, como fazemos a nossa parte? De várias formas. Votando em políticos que se preocupem com a emergência climática e invistam em políticas públicas para que possamos praticar esportes respirando um ar menos poluído e usar um transporte público eficiente. Na hora de ir a um jogo, é realmente necessário dirigir, comer um hambúrguer, entregar um ingresso de papel na bilheteria, ou dá para fazer diferente? Salvar o planeta depende dos nossos governantes e também de cada um de nós.

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