Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Descrição de chapéu Futebol Internacional

Surtos de Covid-19 levantam questão: Premier League vai parar?

Variante ômicron chega ao futebol, e clubes podem exigir vacinação de reforços

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Parece 2020. Enquanto escrevo esta coluna, nove partidas do Campeonato Inglês estão adiadas. O Manchester United nem poderia enfrentar o Brighton neste sábado (18) porque só sete jogadores estão à disposição. Vários clubes ingleses vivem surtos de coronavírus, e o Reino Unido está perto de assustadores 100 mil casos diários. É hora de a Premier League parar?

Representantes da liga dizem que não, mesmo depois do anúncio na segunda-feira (13) de 42 casos positivos entre 3.805 jogadores e membros de comissão técnica testados na semana anterior, maior número desde que a medição começou, em maio do ano passado. Atletas agora precisam usar máscaras em ambientes fechados e fazer testes diários de Covid-19, em vez de três vezes por semana.

A pandemia é assunto constante no futebol inglês, e a forma como a Premier League lida com ela, também. Liga e certos clubes não dão os nomes dos infectados ou dados atualizados de contágio. O técnico do Liverpool, Jürgen Klopp, grande defensor da vacinação, pediu mais transparência.

Covid-19 tem gerado preocupação no Campeonato Inglês - Carl Recine - 14.dez.21/Reuters

A ômicron se espalha sem controle no Reino Unido e, mesmo que ainda não se saiba muito sobre a variante, é impossível não associar os casos no campeonato à lenta imunização de jogadores e à resistência de alguns a se vacinar. A taxa atual de imunizados na elite do futebol não foi divulgada, mas, em outubro, só 68% tinham tomado as duas doses.

É um contraste com o restante do país. Quase 82% da população está completamente vacinada, e a dose de reforço será oferecida a todos os adultos até o fim do ano. A Premier League não pune quem não se imuniza e agora lida com problemas no calendário e medo de contágio.

Na segunda divisão, dados desta semana mostram que só 59% dos jogadores tomaram as duas doses e, 25%, nenhuma. Enquanto há uma corrida contra o tempo para conter a transmissão do vírus, saber que um quarto dos atletas simplesmente não quer se vacinar é difícil de entender.

Clubes cogitam deixar de contratar quem não se imunizou. Steven Gerrard, ídolo do Liverpool e hoje treinador do Aston Villa, e Patrick Vieira, técnico do Crystal Palace, podem levar em consideração o status de vacinação de um jogador na janela de transferências de janeiro. Afinal, se ele se contamina e fica dias em isolamento, vira um problema.

Quem precisa de inspiração pode olhar para a vizinha Bundesliga. Joshua Kimmich, do Bayern de Munique, falou que não se vacinaria, pegou Covid-19 em novembro, ficou com problemas no pulmão e não joga mais neste ano. Ele se arrependeu e quer se imunizar.

Jürgen Klopp cobra maior transparência da Premier League - Peter Powell - 16.dez.21/Reuters

Jogos na Inglaterra continuam com público, e, depois de muito debate, o passaporte da vacina foi implementado em eventos esportivos. Agora, é preciso mostrar certificado de vacinação ou teste negativo em partidas com 10 mil pessoas ou mais. Mas diretores do sistema público de saúde pedem que torcedores fiquem longe dos estádios.

Todo o mundo que eu conheço em Londres sabe de alguém que tem Covid-19. Restrições voltaram. Festas de fim de ano estão canceladas, e o Natal está em risco. Isso aconteceu em dezembro de 2020, e a Inglaterra entrou em lockdown. Pensar que pode ocorrer de novo assusta.

Nesta semana, o técnico do Brentford, Thomas Frank, pediu que o futebol seja suspenso imediatamente. Klopp disse que jogadores do Liverpool tomaram pelo menos as duas doses e tomarão o reforço e que "vacinar-se é um ato de solidariedade." Lembrança de que o esporte não é uma bolha –ou não deveria ser.

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