Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Fechamento da França para não vacinados impacta drasticamente o esporte

Com nova lei, mistério sobre atletas que não se imunizaram pode acabar

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A partir de quinta-feira (27), não vou mais precisar usar máscara aqui na Inglaterra. Tampouco mostrar que me vacinei ou tive teste com resultado negativo para Covid-19 para ir a uma competição esportiva, um show ou uma boate. Todos podem voltar presencialmente ao trabalho. A grande maioria das restrições acaba. Se você assistir pela TV a um jogo da Premier League em um estádio lotado, saiba que ninguém ali teve que provar que não está infectado.

Pode parecer estranho, mas confesso que tanta liberdade me deixa até um pouco desconfortável. No Reino Unido, nós nos acostumamos a lockdowns severos, proibição de abraços, Natais e aniversários solitários, muito distanciamento. O primeiro-ministro Boris Johnson afirma que segue a ciência, que hospitalizações em Londres caíram e que, por aqui, o pior da variante ômicron passou. Mas, enquanto o premiê libera quase tudo, nossos vizinhos decidiram adotar uma estratégia bem diferente e terão um dos regimes mais duros da Europa para quem não se imunizou.

Na França, a liberdade será para quem tomou a vacina. Por lei, moradores ou visitantes acima de 16 anos terão que provar vacinação completa –incluindo o reforço, quando chegar a hora– para ir a restaurantes, museus, eventos esportivos. O teste com resultado negativo de Covid-19 não será aceito. Quem tentar falsificar o passe vacinal estará sujeito a cinco anos de prisão e multa de até o equivalente a R$ 450 mil.

Jogos da Champions, como os do PSG, poderão ser afetados pelas restrições
Jogos da Champions, como os do PSG, poderão ser afetados pelas restrições - Franck Fife - 6.dez.2021/AFP

Alguns atletas serão impactados, e muito, com as novas regras. O primeiro nome que vem à cabeça é, claro, o de Novak Djokovic. O número um do mundo, protagonista de um vexame mundial ao ser deportado da Austrália, agora vê a defesa do título de Roland Garros em maio em risco. Não haverá bolhas ou exceções para tenistas não imunizados. Como esperado, o sérvio terá um ano duro caso não queira mesmo se vacinar.

A discussão sobre a nova lei não é só no tênis. Real Madrid e Chelsea podem ter desfalques para as oitavas de final da Liga dos Campeões contra PSG e Lille, respectivamente. A Uefa anunciou que, a princípio, as equipes devem cumprir os protocolos.

No torneio Six Nations de rúgbi, há um debate sobre quem poderá ou não integrar a seleção inglesa em jogos em território francês nos próximos meses. O esporte na Inglaterra, em geral, mantém em segredo nomes de quem não se vacinou. Se um jogador não for selecionado para essas partidas e estiver bem fisicamente, dará para imaginar o motivo... A mistura de medo de repercussão negativa e perda de oportunidades na própria equipe já fez alguns atletas mudarem de ideia e decidirem se imunizar.

É impossível saber quanto tempo a pandemia vai durar e quais restrições continuarão em vigor neste ano, mas a França quer dar o exemplo e faz bem ao não permitir esquema de bolhas e exceções para atletas. Não é justo que estrelas do esporte tenham privilégios enquanto o resto dos cidadãos cumpre as regras.

Já no Reino Unido, autoridades usam dados oficiais para justificar a abertura quase total, como o fato de 80% da população adulta terem tomado a dose de reforço e 97% terem anticorpos por vacinação ou infecção. Mesmo assim, o relaxamento das regras é considerado rápido demais por alguns especialistas, além de estratégia política conveniente para Boris Johnson, que enfrenta denúncias de festas clandestinas na sede do governo durante a pandemia. Por via das dúvidas, vou continuar usando a minha máscara.

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