Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Skate não terá idade mínima em Paris-2024

COI recomenda revisão de critérios e reacende debate: atletas tão jovens devem disputar Olimpíadas?

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Como era a sua vida aos 13 anos?

Com essa idade, a brasileira Rayssa Leal e a britânica Sky Brown se tornaram as medalhistas olímpicas mais jovens da história de seus países.

Foi na estreia do skate no programa olímpico em Tóquio, no ano passado, considerada um sucesso. Uma atleta da casa, de 12 anos, ganhou uma prata.

Não existe idade mínima para disputar Olimpíadas. A decisão é de cada federação internacional. É por isso que havia uma australiana de 66 anos no hipismo e uma síria de 12 no tênis de mesa. Na ginástica artística feminina, por exemplo, é preciso fazer 16 até o fim do ano em que a competição é realizada. O skate é uma das modalidades que não têm restrições.

Rayssa Leal tinha 13 anos quando foi prata nos Jogos de Tóquio - Lucy Nicholson - 26.jul.21/Reuters

Neste mês, o Comitê Olímpico Internacional recomendou que as federações analisem essa questão e façam ajustes, se necessário.

A World Skate, que rege o esporte, não vai implementar idade mínima nos critérios de classificação para os Jogos de Paris em 2024 que divulgará até o fim do mês, segundo me confirmou um porta-voz da entidade. A Confederação Brasileira de Skate afirmou desconhecer qualquer mudança de regra.

Na próxima edição olímpica, Rayssa terá 16 anos e, caso se classifique, poderá competir.

Assim como aconteceu com ela no Brasil, Brown se tornou uma estrela aqui na Grã-Bretanha.

A britânica já era profissional aos 10, foi medalhista mundial aos 11 e olímpica aos 13, publicou um livro e tem milhões de seguidores nas redes sociais.

Competir em Jogos Olímpicos tão cedo é a chance de prodígios mostrarem seu talento no maior evento esportivo do mundo ou um amadurecimento precoce desnecessário?

O debate não é recente e acaba ganhando mais importância em modalidades como ginástica, patinação artística e esportes radicais, em que o topo da carreira pode ser no fim da infância ou na adolescência. O caso do ex-médico da seleção americana Larry Nassar, condenado a mais de 300 anos de prisão por abusar de ginastas, soou um alerta: o esporte está protegendo seus atletas?

Já o episódio com a patinadora Kamila Valieva, de 15 anos, foi uma mancha nos Jogos de Inverno de Pequim deste ano. A russa foi ouro por equipes, mas não subiu no pódio –nem ela, nem os outros medalhistas da prova– porque teve teste positivo em um exame antidoping feito em dezembro. Sob imensa pressão, pôde competir no individual, caiu e saiu aos prantos, sozinha.

Kamila Valieva vai ao chão em apresentação individual - Evgenia Novozhenina - 17.fev.22/Reuters

Em Pyeongchang-2018, aos 17 anos, a americana Chloe Kim se tornou a atleta mais jovem a ganhar o ouro no snowboard halfpipe. Ela se classificou para Sochi 2014, mas não tinha a idade mínima exigida, de 15. Ao conquistar a medalha, disse que foi um alívio não ter competido antes porque não sabia se a "Chloe de 13 anos" conseguiria lidar com tudo aquilo. Em Pequim, foi bicampeã olímpica, aos 21.

O esporte de alto rendimento é cheio de individualidades, e é natural que esta discussão gere outras. Alguns lidam bem com a pressão e viram adultos saudáveis física e mentalmente. Outros se tornam vítimas de uma carreira precoce. Há quem defenda que criar uma idade mínima não acaba com os problemas e que é preciso focar o que está em volta –comportamento dos pais, técnicos, já que às vezes a criança ou adolescente é jovem demais para questionar autoridade, os suplementos que ingere ou a forma como treina.

O bem-estar dos atletas deve estar no centro do debate. Afinal, é por eles e para eles que os Jogos Olímpicos existem.

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