Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Marina Izidro
Descrição de chapéu Futebol Internacional eurocopa

Após título da Euro, seleção feminina da Inglaterra quer mais futebol para meninas nas escolas

Dezenove das 23 campeãs atuam no campeonato inglês e procura por ingressos aumentou, mas elas ainda jogam em estádios menores que os dos times masculinos

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Ingressos esgotados em 24 horas. Assim que a seleção feminina de futebol inglesa anunciou o retorno a Wembley para uma partida contra os Estados Unidos em outubro, a procura foi imediata. Aqui na Inglaterra, só se fala nelas.

Faz menos de uma semana que as "leoas" conquistaram a Eurocopa feminina em casa, com recorde de público na final contra a Alemanha –87 mil espectadores em Wembley– e de audiência. Mais de 17 milhões de pessoas, um quarto da população do Reino Unido, assistiram pela televisão ao primeiro título da Inglaterra no futebol desde a Copa do Mundo de 1966. Exatamente um ano depois que a seleção masculina perdeu a decisão da Euro no mesmo estádio.

Atacante Chloe Kelly celebra o gol do título da Inglaterra na Euro 2022, no 2 a 1 em cima da Alemanha - Franck Fife - 31.jul.22/AFP

A virada do futebol feminino na Inglaterra foi em 2012, quando a Grã-Bretanha disputou os Jogos Olímpicos de Londres em casa e jogou uma partida contra o Brasil diante de 70 mil pessoas em Wembley. O potencial era claro. Ao longo dos anos, a liga feminina (WSL) se tornou totalmente profissional, e os patrocinadores e a transmissão dos jogos na televisão aumentaram.

O investimento culminou com a contratação da treinadora holandesa Sarina Wiegman, que, no comando de seu país, tinha no currículo um título europeu em 2017 e uma final de Copa do Mundo em 2019. A Inglaterra estreou na Euro com 14 partidas de invencibilidade. O "momentum", termo que os ingleses adoram, estava ali.

Conquistas também estão nos detalhes. A seleção inglesa usou um aplicativo para monitorar os ciclos menstruais das atletas e, antes do torneio, especialistas em biomecânica desenvolveram tops personalizados para elas, aliando o suporte aos seios a conforto. Segundo um estudo da Universidade de Portsmouth, foi um dos fatores que ajudaram na melhora da performance.

O título da Euro agora desperta, claro, o debate sobre como aproveitar este sucesso e desenvolver mais o futebol feminino. As campeãs escreveram uma carta aberta aos dois candidatos a primeiro-ministro do Reino Unido pedindo mais igualdade nas escolas, e citando dados da Federação de Futebol da Inglaterra, a FA, que mostram que só 63% das meninas no país têm oportunidade de jogar futebol nas aulas de educação física.

A temporada da WSL começa no dia 10 de setembro e mais partidas serão transmitidas na TV aberta. Por causa do sucesso na Euro, alguns clubes já anunciaram que a procura por ingressos aumentou. E eles certamente serão pressionados a realizar mais jogos das equipes femininas em seus estádios principais, que hoje são quase que exclusivamente destinados aos times masculinos.

O Manchester United, por exemplo, ainda não divulgou se têm planos de mandar algum de seus jogos femininos em Old Trafford.

A artilheira da Euro, Beth Mead, e a capitã da seleção, Leah Williamson, do Arsenal, normalmente jogam no Meadow Park, fora de Londres e com capacidade para 4.500 torcedores, e não no Emirates, que pode receber 60 mil pessoas. Dezenove das 23 campeãs da Euro jogam no campeonato inglês. A oportunidade comercial é clara.

Há alguns anos, fiquei encantada ao ver uma escolinha de futebol só com meninas em um parque de Londres. Espero que elas tenham visto o título da Inglaterra e se inspirado. Muitas de nós, mulheres, crescemos sentindo que vários espaços não pertencem a nós. Felizmente, em quase todas as profissões, isso está mudando. Como diz o ditado: "você precisa ver para ser."

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