Mauricio Stycer

Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

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A Disney entra na guerra

Empresas sacrificam resultados para conseguir assinantes no streaming

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A esperada guerra entre serviços de streaming finalmente começou. A Disney anunciou ter registrado 10 milhões de assinantes nas primeiras 24 horas do lançamento do seu serviço, no último dia 12, nos Estados Unidos. É muita coisa. Para efeito de comparação, a Netflix tem 60,6 milhões de assinantes no seu país.

O aplicativo para celular do Disney+ foi baixado mais de 3 milhões de vezes no dia do lançamento. A estreia da série “The Mandalorian”, com a grife “Star Wars”, foi a cereja do bolo. O primeiro episódio foi visto mais de 2 milhões de vezes nas primeiras 24 horas. Serão oito episódios no total, liberados semanalmente, e não de uma só vez, como se tornou prática neste mercado. 

Logo da plataforma de streaming Disney+ - Nick Agro/AFP

Diferentes analistas de mercado lembraram que este número de 10 milhões de assinantes deve ser visto com cautela. O resultado foi impulsionado pela oferta gratuita do serviço, por um ano, para um número não informado de assinantes da Verizon, uma gigante de telecomunicações. A Disney também não revelou quantos destes assinantes originais se inscreveram para o teste gratuito de sete dias.

Uma das armas da empresa é o preço. A assinatura mensal custa US$ 6,99 contra US$ 8,99 do plano mais básico da Netflix (cerca de R$ 29 contra R$ 37). Além disso, a empresa está oferecendo um pacote que inclui o seu próprio serviço e outros dois, o do canal de esportes ESPN e o da plataforma de séries e filmes Hulu, por US$ 12,99 (R$ 54) —separadamente estes outros dois custam US$ 5,99 (R$25) e US$ 4,99 (R$ 21).

Na sequência da estreia nos EUA, o Disney+ foi lançado nesta semana na Nova Zelândia e na Austrália. Em março de 2020, chega a Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Espanha. No Brasil, foi anunciado para o ano que vem, mas não tem data.

Como os investimentos em tecnologia e conteúdo são enormes e o retorno financeiro ainda é baixo, o número de assinantes é uma questão chave neste mercado. É ele que sinaliza o potencial do negócio. Isso explica a fanfarra da Disney com os seus 10 milhões no primeiro dia e ajuda a entender por que o mercado acompanha com lupa as oscilações dos números da Netflix —hoje ela tem 158,3 milhões de assinantes no total, somando mercado interno e externo.

Em entrevistas, comunicados e no livro de memórias que acabou de publicar, o presidente e CEO da Disney, Robert Iger, tem sido explícito em relação a este problema.

“O custo de desenvolver o aplicativo e criar o conteúdo, combinado com o prejuízo causado pelas perdas nos negócios tradicionais, significou que reduziríamos nossos lucros em alguns bilhões de dólares por ano nos primeiros anos”, diz Iger em “The Ride of a Lifetime” (ed. Random House, 248 págs., US$ 17 na Amazon).

O presidente-executivo do Grupo Globo fez alerta semelhante em agosto, ao inaugurar novos estúdios no Rio. Jorge Nóbrega disse que a emissora vai investir R$ 4,2 bilhões por ano nos próximos quatro anos em conteúdo próprio e de terceiros, e tem aplicado R$ 1,1 bilhão por ano em tecnologia.

Segundo ele, estes investimentos vão implicar em impactos nos resultados operacionais da empresa: “A gente vai sacrificar uma parte desse resultado para financiar esse processo de transformação”.

O número de assinantes do Globoplay não é público, o que alimenta muitas especulações. Um estudo encomendado pela AT&T para embasar as posições da empresa em debates no Congresso, sobre mudança de legislação no setor, afirma que o serviço de streaming da Globo, em dezembro de 2018, era o segundo maior do país, com 3,5 milhões de assinantes, atrás da Netflix, com 14,5 milhões.

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