Há controvérsias sobre qual teria sido o primeiro reality show da história, mas pouca gente discorda de que o gênero se tornou uma mania mundial no século 21 graças ao sucesso de dois programas que estrearam nos Estados Unidos no ano 2000, “Survivor” e “Big Brother”.
A origem do segundo é conhecida. Foi uma criação do produtor John de Mol, exibida originalmente na Holanda, em 1999. Com uma premissa básica, a de isolar uma dezena pessoas e deixá-las sem contato com o mundo exterior, e poucas regras, o programa virou uma franquia exportada para TVs de mais de 50 países.
O “Big Brother” ganhou versões com participantes anônimos e com celebridades. Ele ainda é exibido no Brasil e nos Estados Unidos, anualmente. E deu origem a uma espécie de subgênero: o reality show de confinamento. Um dos mais bem-sucedidos por aqui é “A Fazenda”, que isola subcelebridades num ambiente rural.
Ainda hoje exibido nos Estados Unidos, “Survivor” —que no Brasil foi chamado de “No Limite” e durou quatro temporadas— tem uma origem mais complicada de determinar. A proposta de submeter participantes a atividades físicas extenuantes no meio do mato é encontrada em mais de um programa nos anos 1990.
O sueco “Expedição Robinson”, lançado em 1997, é considerado o “pai” de “Survivor”. Com edições anuais, o programa é até hoje apresentado na Suécia. Outra atração semelhante é “Eco-Challenge”, exibido pela primeira vez em 1995, nos Estados Unidos.
O produtor Mark Burnett está por trás da criação tanto de “Eco-Challenge” quanto de “Survivor”.
Burnett desenvolveu a ideia de que esses programas baseados em competições físicas, com provas duríssimas e privações terríveis, precisam de bons personagens. Ou seja, não basta ser bom atleta; é necessário ter uma história pessoal que desperte o interesse do espectador.
O lançamento, agora em agosto, de “World’s Toughest Race: Eco-Challenge Fiji” mostra um aprimoramento do conceito. Disponível para assinantes do Amazon Prime Video, o programa exibe, ao longo de dez episódios, uma disputa insana.
São 66 equipes de 30 países (duas brasileiras), com a missão de percorrer 671 quilômetros em 11 dias, atravessando florestas, rios e mar aberto na ilha de Fiji, caminhando, usando canoas, bicicletas e outros apetrechos. O time vencedor desta “corrida mais difícil do mundo” ganhou um prêmio de US$ 100 mil, ou cerca de R$ 550 mil.
Logo no primeiro episódio, o espectador entende que há dois grupos participando da competição —um formado por atletas profissionais, habituados a esses desafios, e outro de amadores, que embarcaram na aventura pela diversão e pela chance de ganhar alguma fama.
É no acompanhamento das equipes amadoras que o “Eco-Challenge Fiji” deixa claro que o importante não é nem mesmo competir, mas simplesmente contar histórias.
Uma das equipes reúne um pai que recebeu um diagnóstico de Alzheimer, e um filho, ambos atletas, vivendo a experiência juntos. A participante de uma outra equipe perdeu a audição quando serviu no Exército.
Além da mensagem de superação, o programa também pisca o olho para grupos minoritários. Pela primeira vez na história do reality, uma equipe é formada apenas por participantes negros. “Quero ser um modelo para outras crianças negras e para a comunidade LGBTQ”, diz um dos integrantes desse time.
Com essas preocupações, “a corrida mais difícil do mundo” se mostra adaptada aos tempos atuais e pronta para seguir na televisão por muitos anos.
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