Na próxima terça (4), vai ao ar o último episódio do BBB 21, na Globo. Foi a edição mais longa do programa (cem dias) e uma das mais bem-sucedidas em matéria de publicidade. O programa estreou em janeiro com dez cotas de patrocínio vendidas e bateu recordes de ações comerciais durante a exibição.
Nos primeiros 58 dias do programa, segundo o site Notícias da TV, o BBB 21 exibiu 147 ações de merchandising, um crescimento de 60% em relação ao mesmo período na temporada de 2020.
O investimento em reality show envolve riscos maiores do que em outros tipos de atração, gravadas previamente, como novelas. Várias das marcas patrocinadoras se assustaram com os rumos desta temporada do programa, que expôs situações que caracterizaram homofobia, racismo, machismo e terror psicológico.
Numa tentativa de conter danos, a Globo manteve durante o reality uma “sala de escuta” para ouvir sugestões e pedidos dos patrocinadores. A revelação desta comunicação pouco usual ocorreu durante um encontro promovido por uma agência de publicidade com representantes de duas marcas e alguns poucos jornalistas.
“É importante destacar que houve uma mudança muito grande na postura comercial da Globo no sentido de se mostrar mais com os ouvidos abertos para os anunciantes e nossas expectativas”, contou Danielle Bibas, vice-presidente de marketing da Avon.
No encontro, do qual participei, Danielle Bibas e Poliana Sousa, líder de Coca-Cola na América Latina, manifestaram a expectativa de que a Globo altere as regras do BBB em 2022 e encontre formas de punir agressões não apenas físicas, como ocorre hoje, mas também psicológicas.
Um fruto dessa maior proximidade com as marcas foi visto em 6 de abril. Por 11 minutos, ao vivo, o apresentador Tiago Leifert ensinou aos participantes e ao público por que um comentário do cantor sertanejo Rodolffo sobre o cabelo black power do professor João não foi uma brincadeira.
“Não é um penteado, é mais que um penteado, é um símbolo de luta, de resistência. Foi o que os pretos americanos usaram como símbolo antirracista”, explicou Leifert.
No final de fevereiro, quando já havia claras indicações sobre os bons resultados do BBB, a Globo anunciou de surpresa que iria voltar a exibir No Limite. Competição que envolve sobrevivência em situações difíceis, o programa foi ao ar originalmente em 2000 e se tornou um marco da onda de reality shows no Brasil.
A decisão de retomar No Limite, cuja última temporada foi exibida em 2009, diz muito sobre o lugar que este gênero de programa está ocupando na TV aberta brasileira durante a pandemia de coronavírus. A duas semanas da estreia, o reality já tem sete patrocinadores fechados.
Faltando cinco meses para a estreia de A Fazenda, em setembro, a Record informou nesta terça-feira (27) que três grandes empresas já fecharam acordos comerciais para patrocinar a 13ª edição do reality show.
Todos esses programas são menos complexos de produzir do que novelas ou séries. Normalmente, têm apenas um grande cenário, os participantes permanecem o tempo todo no mesmo lugar, reduzindo bastante os riscos de contaminação, e exigem menos técnicos.
Nesta era de reprises, impostas pela pandemia, os realities se tornaram o produto mais fresco no mercado e estão aliviando a situação de quem está apostando neles.
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