Mauricio Stycer

Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

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'Hit Parade' mostra truques usados na fabricação de canções de sucesso

'Galera FC', outra série brasileira na TV por assinatura, retrata o mundo do futebol

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Duas séries brasileiras de orçamento modesto, mas com ambição de disputar mercado com grandes produções, estão chegando à TV por assinatura. Ambas enfrentam a dificuldade de não contar com estrelas consagradas no elenco, mas oferecem bom entretenimento contando histórias atraentes.

"Hit Parade", de André Barcinski, estreia nesta sexta (21) no Canal Brasil. Em oito episódios, a série ambientada nos anos 1980 descreve as artimanhas de dois executivos de uma gravadora especializada em artistas muito populares.

Cena da série "Hit Parade"
Cena da série "Hit Parade" - Reprodução

Simão —papel de Tulio Starling—, "o Bob Dylan da rodoviária", desiste da carreira de cantor sério e é convencido por Missiê Jack —Robert Frank—, produtor e empresário safo, a produzir música que vende.

As letras das canções devem ter 30 palavras no máximo, ensina Missiê, e a introdução precisa durar de 15 a 20 segundos, dando tempo para o cantor vir da coxia, cumprimentar Silvio Santos e os jurados do programa de auditório antes de começar a cantar.

"Hit Parade" emenda anedotas, tragédias e lendas do universo do entretenimento popular que Barcinski conhece muito bem, como já mostrou no livro "Pavões Misteriosos - 1974-1983: A Explosão da Música Pop no Brasil" e na série documental "História Secreta do Pop Brasileiro".

Estamos falando de rádios movidas a jabaculê, roubo de músicas, sabotagens para prejudicar concorrentes, cantores que encarnam personagens e, sobretudo, produtores geniais e maquiavélicos que fabricam artistas e canções de sucesso.

Com mais recursos, "Hit Parade" possivelmente produziria um impacto maior na reconstituição dos anos de 1980. É algo que falta. Mas dinheiro não é garantia de nada, como ensinou "Vinyl", série com temática semelhante, ambientada na década de 1970, produzida para a HBO por Martin Scorsesse e Mick Jagger, entre outros, e que foi uma grande decepção.

A outra série brasileira é "Galera FC", de Luiz Noronha, João Paulo Horta e Renato Fagundes. Em oito episódios, está sendo exibida no canal TNT. De humor mais escrachado, acompanha a vida de um jogador de futebol brasileiro, consagrado na Inglaterra, que decide abrir mão da rotina bem-sucedida no exterior e volta a morar no Rio.

O drama existencial do imaturo Elton Jr. —Maicon Rodrigues— perde um pouco da sua força diante da representação sempre debochada e sem sutilezas do círculo que depende dele: a mãe zelosa, Idalice —Dadá Coelho—, os "parças" Pança —Leo Bahia— e Truco —Bernardo Marinho— e a namorada Sara Jane —Natalia Rosa—, cuja vida é transmitida online no Instagram.

Outro assunto que merece destaque em "Galera FC" é a mídia esportiva, responsável por acompanhar a saga do jogador. O alvo do roteiro são jornalistas despreparados, desinformados e moralistas. Mas o humor acima do tom, próximo do saudoso Rockgol, da MTV, termina por atenuar a eventual crítica ao trabalho desses profissionais.

Ainda assim, apesar dos seus exageros, a série da produtora Fábrica faz mais do que rir, sugerindo que a trajetória de jovens brasileiros de origem humilde, talentosos com a bola no pé, não é fácil de entender mesmo. É um mundo à parte, com um pé no humor absurdo mesmo.

Erramos: o texto foi alterado

O texto dizia que 'Hit Parade' estreia em 20 de maio, mas a data correta é 21 de maio. A informação foi corrigida. 

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