Mauricio Stycer

Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

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Descrição de chapéu Televisão

Assinantes de serviços de streaming reclamam do excesso de plataformas

Pesquisa mostra que entrevistados valorizam mais catálogo do que novidades destes sites

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Quem troca a TV paga pelo streaming nunca deixa de fazer o cálculo de que, ao abrir mão de um pacote com 200 canais, é possível contratar mais de um serviço e ainda sobra um troco.

Uma das questões que inquietam os empresários do setor é a incerteza sobre quantas plataformas exatamente o cliente-espectador está disposto a assinar ao mesmo tempo. A resposta ainda não está clara, até porque esse processo de transição é relativamente recente.

Com dezenas de serviços à disposição, a maior parte lançada nos últimos cinco anos, o consumidor ainda está tateando e fazendo experiências. Por seu pioneirismo, a Netflix leva a vantagem de ser referência do mercado e opção número um.

Nos Estados Unidos, concorrentes de peso, como Disney, Amazon, Apple e Warner (HBO), além de outros “players” menores, buscam oferecer conteúdos alternativos ou complementares. Uma das variações importantes é a de serviços gratuitos, mas com publicidade. Outra é a que busca alcançar nichos, como a oferta de filmes de arte.

Em outros mercados, da América Latina à Ásia, se movimentam empresas locais, de grande porte e mais capazes do que as americanas na produção de conteúdos nacionais. O Globoplay é a plataforma brasileira mais bem posicionada nesse contexto.

Uma pesquisa divulgada nesta semana com usuários desses serviços nos Estados Unidos, feita pela empresa Whip Media, indica que o consumidor paga por até 4,7 plataformas ao mesmo tempo. É um número elevado. Mas o levantamento, feito com 4.000 usuários, traz algumas más notícias.

Primeiro, como já havia aparecido em outras pesquisas, 70% dos usuários sentem que há um excesso de oferta de serviços. Reclamam do custo (85%), do incômodo em alternar entre as plataformas (66%) e citam dificuldades no gerenciamento delas (52%).

Um dado surpreendente, para mim, é o fato de os entrevistados valorizarem mais o catálogo do que as novidades em um serviço de streaming. O conteúdo disponível é importante ou muito importante para 92% dos consumidores ouvidos, enquanto 78% consideram conteúdo original como importante ou muito importante.

Vale dizer que outras pesquisas já registraram resultados diferentes nesse quesito. O conteúdo original, indicam esses estudos, seria o principal fator que leva o consumidor a assinar e permanecer como cliente. Imagino que seja uma combinação dos dois, catálogo bem fornido e boas novidades, o que mantém o assinante fiel.

Diante do crescimento de ofertas de serviços gratuitos, mantidos por publicidade, 60% dos entrevistados afirmam preferir as plataformas que cobram assinatura, mas não exibem anúncios. Esse índice cai, naturalmente, em relação direta com a renda do consumidor.

Um outro problema decorrente do excesso de ofertas é o cancelamento de assinaturas —algo relativamente fácil de fazer para quem contrata serviços em base mensal. Uma pesquisa do The NPD Group, divulgada no início do ano pela Forbes, apontou que a motivação principal para cancelamento ou troca de serviços não é o preço, mas o conteúdo oferecido.

Maior serviço de streaming de vídeo pago, com 209 milhões de assinantes, a Netflix registrou perda de 430 mil clientes nos EUA e no Canadá no segundo trimestre de 2021. Os executivos da empresa atribuíram o resultado à pandemia e, em consequência, a uma oferta menos significativa de novos filmes e séries. A empresa prometeu melhorar.

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