Mauricio Stycer

Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

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Disputa por direitos de futebol e outros esportes na TV vira guerra em 2022

Além das emissoras tradicionais, plataformas de streaming estão investindo pesado na transmissão de eventos esportivos

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Cinco empresas diferentes vão oferecer partidas do Campeonato Paulista de futebol, entre 26 de janeiro e 3 de abril. É uma variedade de opções sem precedentes na história recente das transmissões esportivas no Brasil. E sinaliza uma tendência para os próximos anos.

A Record adquiriu os direitos de exibição de 16 partidas na TV aberta. O YouTube também exibirá gratuitamente 16 jogos na internet. Assinantes de HBO Max e TNT terão acesso a 28 jogos, 13 deles com exclusividade. O Premiere, canal de pay per view da Globo, comprou os direitos de 97 partidas. E a própria Federação Paulista, por meio da sua plataforma Paulistão Play, venderá um pacote para assinantes.

Esse modelo fragmentado decorre do crescente interesse de empresas estrangeiras e brasileiras pelo mercado de transmissões esportivas no Brasil e de uma movimentação errática da Globo nos últimos anos.

Câmera de transmissão durante partida entre Corinthians e Independiente Santa Fe, da Colômbia, válida pela fase de grupos da Copa Libertadores da América, na Arena Corinthians na zona leste de São Paulo - Eduardo Anizelli - 3.mar.16/Folhapress

A principal empresa de comunicação do país exerceu no passado recente um domínio quase completo sobre este mercado, comprando direitos para exibição de competições na TV aberta, na TV por assinatura e no streaming. Com a queda de receitas durante a pandemia e o esforço de redução de custos internos, a Globo entendeu que precisava rever os contratos milionários que asseguravam exclusividade em várias competições.

Em negociações duras e complexas, entre 2020 e 2021, a emissora carioca abriu mão ou perdeu os direitos de campeonatos regionais em São Paulo e Rio, Libertadores, Fórmula 1, Champions League e Copa América. Na TV aberta, SBT, Band e Record ocuparam rapidamente o espaço deixado pela emissora carioca e renegociaram os direitos de exibição de todas estas competições.

Em dezembro, a Globo anunciou a revenda dos direitos de 36 partidas da Copa do Brasil (30 delas com exclusividade) para o Amazon Prime Video. Com o valor a ser recebido, a emissora abate uma parte dos R$ 350 milhões que paga anualmente para a CBF pelos direitos deste torneio.

Pelo que movimentam em matéria de receitas e de audiência, as competições esportivas seguem como um dos produtos mais desejados e valiosos do mercado de televisão, aqui e no exterior.

Nos Estados Unidos, dos 20 programas com maior audiência em 2021, 19 foram transmissões esportivas (sobretudo de futebol americano). Em 2020, exibições de competições foram 13 das 20 maiores
audiências da TV americana.

Esses dados não incluem os serviços de streaming. Várias plataformas estão investindo pesado neste terreno, e outras pensam a respeito. Em setembro, o CEO da Netflix, Reed Hastings, falou que não descarta comprar futuramente os direitos da F-1. Segundo ele, o interesse por campeonatos de futebol é menor porque a empresa não pode controlá-los inteiramente.

Um efeito lateral deste interesse por esportes é a variedade de documentários com essa temática hoje oferecido em todas as plataformas. Um dos mais recentes é "Jogo Comprado", disponível na Netflix.
Recomendo. É uma boa série com seis episódios independentes, tendo apenas um aspecto em comum: esportistas envolvidos em atividades ilícitas.

Dois episódios tratam de atletas (de basquete e críquete) que se corromperam para influir em resultados de partidas e beneficiar apostadores. Dois outros reconstituem escândalos de manipulação de árbitros (nos Jogos Olímpicos de Inverno e no futebol italiano). E, finalmente, dois contam histórias de criminosos que se envolveram com ambientes esportivos (automobilismo e hipismo). É o lado B de um mundo que envolve muito dinheiro.

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