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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Por menos custos, empresas do Brasil aumentam presença no Paraguai

Ao todo, foram aprovados 17 projetos para abrir fábricas no país vizinho em 2017

Maria Cristina Frias
São Paulo

A Altenburg, fabricante de travesseiros e roupa de cama, vai inaugurar até o início de março uma fábrica em Ciudad del Este, no Paraguai. Será sua quinta operação, a primeira fora do país.

A ação é similar à de 17 empresas do Brasil que tiveram seu projeto aprovado pelo governo paraguaio em 2017 no "programa de maquila" que oferece isenção tributária para fomentar mão de obra local, desde que a produção seja exportada.

Entre as grandes companhias que decidiram aderir estão Riachuelo, de vestuário, e Estrela, de brinquedos.

"Vamos levar uma linha para preparar produtos, inicialmente edredons, e depois finalizá-los no Brasil", afirma Rui Altenburg, presidente da empresa homônima.

"Em 2017 tivemos o fechamento de uma fornecedora de fibras de poliéster em Minas Gerais e, para importar o material, o imposto é de 16%, fora outras cobranças. No Paraguai, há isenção." Há também economia com mão de obra e energia, diz ele.

O Senado brasileiro aprovou, na última quinta (8), a criação de uma comissão analisar o programa maquila.

Somente os projetos brasileiros aceitos em 2017 representarão um aporte de US$ 109 milhões (R$ 360 milhões), segundo o ministério paraguaio da indústria.

"Do ponto de vista do empreendedor, consideramos legítima essa iniciativa", diz Edson Campagnolo, presidente da Fiep (federação das indústrias do Paraná).

"É melhor que empresas brasileiras tenham parte do parque fabril em Assunção e ativem a indústria daqui do que importem itens prontos da Ásia."


JBS investe R$ 40 milhões para reaproveitar sangue bovino

A JBS investiu R$ 40 milhões para abrir uma empresa que fornecerá insumos para a sua produção de ração.

O objetivo é deixar de comprar hemácias e plasma em pó, ingredientes processados a partir do sangue que é coletado durante o abate de bois.

A maior parte desses componentes hoje é destinada à ração de suínos e aves da marca Seara, que também pertence ao conglomerado. A matéria-prima será suficiente para suprir todas as necessidades do grupo.

"Nós vendíamos o subproduto dos frigoríficos, que é o sangue, para uma empresa que o processava e o revendia para nós mesmos", afirma Nelson Dalcanale, presidente da JBS Novos Negócios, responsável pela área recém-criada.

A nova divisão começará a funcionar em março, mas estará plenamente em operação em quatro ou cinco meses.

"Por limitações logísticas, a unidade coletará o subproduto em 17 frigoríficos, em um raio de mil quilômetros da nossa planta de Campo Grande (MS)", diz Dalcanale.

"Serão processados em média 4 milhões de litros de sangue por mês, mas, como a planta é automatizada, serão empregadas só 16 pessoas."

4.000
são os funcionários da JBS Novos Negócios no Brasil

R$ 120,44 BILHÕES
foi a receita líquida do grupo nos nove primeiros meses de 2017

R$ 1,44 BILHÕES
foi o lucro líquido no período


Voo on-line

A start-up brasileira Virtual Avionics, especializada na fabricação de simuladores de voo, recebeu aporte do Fundo Aeroespacial para viabilizar a internacionalização das cabines.

Sediada em Campinas, a empresa vende ao exterior, principalmente na Europa, softwares que simulam voos em computadores pessoais.

Exportar cabines de verdade para treinamento de pilotos é o projeto da empresa, que já comercializa esse produto no Brasil e tem a companhia aérea Azul como cliente. Também desenvolve um piloto para a Embraer. A start-up receberá cerca de R$ 3 milhões do fundo.

"Nossas cabines são fixas e custam entre US$ 500 mil e US$ 1,5 milhão, enquanto as importadas, que têm movimento, podem ser vendidas por até US$ 12 milhões, diz o fundador", Amauri Sousa.

Apaixonado por aviação e tecnologia, Souza estuda programação desde os 11 anos de idade, cursou engenharia elétrica e fez um curso de piloto de aeronaves.

Para praticar o que aprendia, bolou um aparelho que simulava o painel de um Boeing 737. Logo, colegas se interessaram pelo produto. "A primeira leva de encomendas foi de dez unidades."

O hobby passou então a tomar cada vez mais tempo do profissional. A decisão de abandonar o emprego veio em 2013. Dois aportes de investidores, da ordem de R$ 2 milhões, viabilizaram a start-up Virtual Avionics e o desenvolvimento de simuladores em apps para celulares e tablets.

Os módulos encontraram receptividade na Europa e bancaram a pesquisa para a fabricação de cabines reais para treinamento de pilotos.


Condução corporativa

A empresa de aplicativo de transporte 99, recentemente adquirida por US$ 1 bilhão pela chinesa Didi Chuxing, vai investir no mercado corporativo, diz o diretor de operações desse segmento, Leandro Barankiewicz.

O valor dos aportes nesse segmento não é revelado, mas cerca de 30% de todos os investimentos são para esse nicho, afirma ele.

No Brasil, o consumo das empresas é proporcionalmente maior que em outros países, segundo o executivo.

O segmento é atraente porque, além de intermediar as corridas, a 99 vende informações às empresas sobre como os seus funcionários se locomovem, o que pode servir para prevenir fraudes.

"O maior concorrente nesse setor é o boleto que os funcionários recebem para serem reembolsados pela empresa posteriormente", diz Barankiewicz.


Desapego... Cerca de 67% dos investidores multimilionários de 35 anos ou menos vendem suas empresas. A média global é de 43%.

...jovem A pesquisa foi feita com 2.706 empresários que possuem fortuna acima de US$ 13,4 milhões, segundo o banco BNP Paribas.

Brasil A maior parte dos investimentos de brasileiros desse grupo é em negócios próprios (18%), seguido por imóveis e renda fixa (14%).


com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS

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