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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Julho deve ser prazo limite para definição na Eletrobras

Mês poderá marcar o afastamento de executivos à frente das estatais

Maria Cristina Frias

Depois da data limite na sexta (6) para políticos renunciarem a cargos públicos a fim de concorrer às próximas eleições, outro marco do calendário se aproxima. 

Julho poderá marcar o afastamento de executivos à frente de estatais, como a Eletrobras, não só pela proximidade do pleito, mas principalmente por representar o fim do prazo para cumprir a quarentena antes da temporada de contratação de novos conselheiros nas companhias. 

Então secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, a quem se credita muitos dos avanços da pasta, se antecipou. 

Um dos nomes mais cotados para substituir o ministro Fernando Coelho Filho, Pedrosa preferiu também se afastar ao saber que o posto iria para o MDB.

Confirmado o ministro Moreira Franco no comando da pasta neste domingo (8), executivos do mercado esperam que não se contente em se garantir com o foro privilegiado, mas que faça jus à justificativa do governo federal, de que precisava ter na pasta um nome forte a se empenhar pela negociação da privatização da Eletrobras —o último grande trunfo que a gestão Michel Temer tem para entregar. 

Se a desestatização da companhia não caminhar, Wilson Ferreira Jr, presidente da Eletrobras, deverá ser mais um a renunciar a seu cargo, segundo interlocutores próximos do executivo.  

Minha história

Tan Zuozhou, presidente no Brasil da fabricante chinesa de produtos de linha amarela LiuGong, começou a carreira de engenheiro com um salário que, hoje, não pagaria seu almoço: US$ 10 (R$ 33).

“Por mês”, ele adiciona, para marcar a distinção das condições do passado das do presente.

Antes de começar a vida profissional, na faculdade, tinha uma quantidade fixa de arroz que era autorizada a comprar, determinada pelo governo.

“Estudei em um instituto de tecnologia famoso na China, mas era longe. Eu era de uma cidade a 3.401 quilômetros de trem —me lembro porque isso era impresso na passagem naquela época.”

Ele fez sua primeira viagem internacional em 2003, para os Estados Unidos. De lá para cá, foi presidente da LiuGong na Polônia e, mais tarde, veio para o Brasil para assumir a operação aqui.

Ele estranha algumas coisas do país —o sistema de impostos, diz, é confuso, e receber créditos por vezes demora demais, mas se diz adaptado.

 

 

Motores no campo

A gigante chinesa LiuGong, de empilhadeiras, tratores e outros produtos de linha amarela tem um plano de investimento para o período entre 2015 e 2020 de R$ 120 milhões, mas nos primeiros anos, o aporte foi lento.

Os primeiros resultados de receita deste ano são de uma alta de cerca de 50% em relação a 2016, diz o presidente para o Brasil, Tan Zuozhou.

“Acredito que em 2018 teremos lucro no país. Em outros países, levamos dez anos para atingir isso.”

A fabricante de máquinas agrícolas Jacto, por sua vez, vai investir R$ 60 milhões em maquinário para a automatização de processos de sua fábrica em Pompeia (SP) e no desenvolvimento de produtos.

A maior parte do aporte será destinado à aquisição de equipamentos de corte a laser, importadas da Alemanha, e também robôs usados no processo de solda.

“A ideia é ganhar produtividade e automatizar a planta”, diz o presidente Fernando Gonçalves Neto.
O grupo pretende crescer 7% em faturamento em 2018. 

 

Calhambeque no mecânico

O número de carros de passeio atendidos por oficinas  subiu 11,54% no segundo semestre de 2017 em São Paulo, na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo o instituto de pesquisas Cinau.

O valor médio cobrado pelos reparos realizados nos automóveis, no entanto, caiu 3,85% no período.

“Há aumento no número de carros em manutenção porque as pessoas postergaram o investimento em bens de capital e precisaram fazer manutenção em seus veículos antigos”, afirma Marcelo Gabriel, diretor da empresa que fez o levantamento.

“A taxa de ocupação subiu, mas as pessoas só fazem o que é emergencial. Isso derrubou o tíquete médio”, diz Antonio Fiola, do Sindirepa (sindicato das oficinas).

Apesar da alta recente na venda de automóveis novos, a projeção para 2018 é de crescimento de 6% no volume de serviços mecânicos, impulsionada pelos usados.

“Os veículos de 2014 perdem a garantia neste ano e precisarão de reparos”, diz Fiola.

 

Boca seca

O consumo de bebidas frias e não alcoólicas caiu pelo terceiro ano consecutivo, de acordo com estudo da consultoria Euromonitor. 

Entre os grupos pesquisados, os energéticos tiveram a maior queda, de 9%, e o chá pronto apresentou o melhor desempenho, com um crescimento de 3,1%. 

“A busca por produtos sem açúcar ajuda, mas a situação econômica ainda pesa”, diz Alexandre Jobim, presidente da ABIR, entidade do setor.

No caso do chá pronto, o estudo mostra que marcas novas ganharam espaço no consumo do brasileiro. A participação delas foi de 8,8%, em 2015, para 25,1% em 2017.

“Investimos no segmento no fim de 2016 e sentimos um potencial forte para expansão”, afirma Luciana Salton, diretora-executiva da marca que leva seu sobrenome.

 

Na... O grupo hoteleiro  Palladium, da Espanha, pretende aumentar suas unidades no Brasil. Eles têm um resort na Bahia. Hoje, o empreendimento está consolidado, afirma Mario Viazzo, diretor para a América Latina.

...pista  A expansão, agora, precisará acontecer com investidores que quiserem aportar recursos e usar a marca do grupo. A companhia acabou de fechar uma operação na Colômbia e também tem unidades no Caribe.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas e Arthur Cagliari

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