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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Setor da construção estuda levar reajustes da Petrobras ao Cade

Única empresa que vende asfalto no país, a estatal decidiu acompanhar cotação internacional

Maria Cristina Frias

A Cbic (entidade da construção) estuda reclamar no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) de reajustes de preços do asfalto feitos pela Petrobras desde 2017. 

Única empresa que vende asfalto no Brasil, a estatal decidiu acompanhar a cotação internacional, como fez com preços da gasolina. 

Asfalto na Vila Leopoldina, em São Paulo - Danilo Verpa - 26.abr.18/Folhapress

Clientes da Petrobras que atendem gestões públicas, porém, não conseguem reajustar de forma ágil, diz José Carlos Martins, presidente da Cbic.

“Estudamos levar a queixa ao Cade. Quem tem o monopólio como a Petrobras não pode aumentar unilateralmente os preços nesse ritmo. É abuso do poder econômico.”

A estatal deveria dosar os aumentos para que fossem paulatinos, argumenta.

Permitir reajustes mais frequentes de contratos de obras é inviável porque gestores públicos receiam que órgãos de controle, como o TCU, não os aceitem, diz. A Abeda (associação das distribuidoras) procurará o governo para tentar mudar a lei e permitir uma revisão mais amiúde de contratos públicos, de acordo com Felipe Pacheco, superintendente-executivo.

“Se o preço da matéria-prima varia com as cotações do petróleo, os valores com a administração pública precisam ser reajustados na mesma proporção e rapidez”, afirma.

“No caso do combustível, o distribuidor pode repassar imediatamente. Em obras públicas, não”, diz Gustavo Barbosa, sócio da Serrabetume.

Em nota, a estatal afirmou que fez um acerto com o setor.

“A companhia esclarece que foi negociado um período de transição (entre fevereiro e abril) sem reajustes, considerado por ambas as partes como suficiente para permitir a adequação dos contratos entre distribuidoras e seus clientes à nova dinâmica.”

 
 

 

Franquias para viagem
Ramesh Tainwala, presidente global da Samsonite - Divulgação/Folhapress

A marca de malas de origem norte-americana Samsonite terá franquias no Brasil no segundo semestre deste ano, segundo Ramesh Tainwala, CEO global do grupo. 

Hoje, são 34 lojas. “Estamos abrindo mais, e em 4 ou 5 anos, teremos cem pontos”, diz Tainwala. “Acrescentamos cerca de 15 lojas ao ano no país. Já temos em São Paulo, Rio, Brasília e Curitiba.”

A ideia é expandir aos poucos com franquias para Porto Alegre, Salvador e outros pontos no Nordeste, mantendo dois terços de lojas próprias.

“Em geral, não operamos muito com franquias, mas parece que no Brasil, com sistema tributário complicado, é um modelo a seguir”, diz. A operação brasileira é a que mais cresce no grupo, excluindo a Tumi (linha mais sofisticada adquirida em 2016).

“Com 200 milhões de habitantes, deveria ser um dos nossos cinco maiores mercados. Ainda não é, começamos há dois anos”, afirma.

“Quando decidi investir no Brasil, me alertavam: é muito complicado. Eu respondia: sou indiano. Meses depois, vi que tem um lugar mais complexo do que a Índia. Mas com um mercado atraente.” 

 

Sinal de alerta aceso

O número de processos judiciais locatícios em São Paulo em abril chegou a 1.650, o maior registrado desde maio do ano passado. A alta no mês foi de 15,1% em relação ao mesmo período de 2017, segundo o Secovi-SP (sindicato da habitação).

“Isso exige atenção, embora não falemos em tendência ainda. Pode ser um represamento de ações de um mês para outro, mas deve haver influência do desemprego crescente”, diz Jaques Bushatsky, diretor de locação da entidade.

Os processos por falta de pagamento de aluguel foram os mais comuns: responderam por 89,8% do total. os de despejo, por 4,3%.

“Haverá motivo de preocupação se o aumento seguir nesse ritmo pelos próximos meses”, diz ele.

“A alta é relevante, mas essas 1.650 representam pouco do total de locações, que estimamos em 1 milhão. A tendência do locador tem sido buscar acordos com os locatários”, afirma.

 

 

Capital para inovação

A distribuidora de energia EDP vai lançar um veículo de investimento de venture capital (capital de risco) de destinado a startups brasileiras. O montante a ser aplicado será de R$ 30 milhões.

“Vamos identificar empresas que tenham bom potencial de desenvolvimento e aportaremos capital em troca de participação minoritária”, diz o vice-presidente Carlos Andrade.

A companhia vai priorizar na seleção startups com projetos nas áreas de redes inteligentes, energia renovável, armazenamento de energia, internet das coisas e soluções aos clientes.

“Temos um programa de aceleração e mentoria de projetos. As vencedoras serão candidatas naturais a receber aportes, mas teremos uma equipe dedicada a buscar oportunidades de negócio”, afirma.

A EDP tem uma iniciativa similar em Portugal, que já aportou cerca de R$ 111,8 milhões em 16 negócios.

 

Mais crédito, menos gente

Menos microempreendedores individuais (MEIs) têm acessado crédito, mas o valor concedido a eles cresceu, afirma o Sebrae (serviço de apoio às pequenas empresas).

Cerca de R$ 1,7 bilhão foi aprovado no último trimestre de 2017, uma alta de 5,4% em relação ao trimestre anterior, segundo os dados mais recentes do Banco Central. O número de operações, em contrapartida, diminuiu 5,2%.

“O sistema financeiro segue seletivo nos empréstimos e tem olhado mais para aqueles com um tíquete médio um pouco maior”, afirma Alexandre Comin, da entidade.

A inadimplência dos MEIs caiu 1,1 ponto percentual e foi a 12,6% no último trimestre.

“O índice de pagamentos em atraso caiu muito —é o menor da série [desde 2016]—, mas ainda é alto. A média do mercado, hoje, está perto de 6%.”

 

Com as próprias mãos

A fabricante de vidros Pilkington vai abrir 30 unidades de serviço de reparo automotivo até o fim deste ano, segundo o diretor para a América Latina, André Carbonés.

Após um projeto piloto, as inaugurações começaram no fim de 2017, parte delas em parceria com oficinas já existentes. São 13 em operação atualmente, sendo sete totalmente próprias.

“A ideia é que as lojas representem 30% da nossa receita com reposição”, diz. “Não queremos ter mais que 70 lojas. Se crescermos muito, concorreremos com nossos clientes, para quem fornecemos.”

 

Energia A Enel recebeu autorização do Ministério de Minas e Energia para se estabelecer como produtora em São Gonçalo do Gurgueia (PI), onde construirá uma planta solar. O projeto demandará US$ 355 milhões (R$ 1,27 bilhão).

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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