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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Empresas vão à Justiça para garantir circulação em ferrovia e terminais

Foram ao menos quatro as companhias que recorreram ao Judiciário

Maria Cristina Frias

Algumas horas antes do fim da greve dos caminhoneiros, empresas obtiveram liminar na Justiça para garantir que não ocorresse obstrução em ferrovia e na entrada de caminhões das companhias nos terminais portuários.

Foram ao menos quatro as companhias que recorreram à Justiça: Rumo Logística, Santos Brasil, Brasil Terminal Portuário (BTP) e Terminal 39.

A Rumo Logística informou por meio de sua assessoria que não ocorreu bloqueio nos 12 kms de sua linha, que liga Santos ao Terminal de Rondonópolis (MT), onde a empresa tem um pátio de triagem com capacidade para mil caminhões por dia.

Sem a chegada do transporte de grãos, as companhias escoavam só o que tinham armazenado. Alguns acessos foram bloqueados.

A Santos Brasil e a BTP também conseguiram liminares entre quarta-feira (23) e quinta (24) para que manifestantes não bloqueassem o livre trânsito de caminhões com combustível destinado a abastecer seus terminais.

Até o início da noite desta quinta-feira, porém, liminares não tinham surtido efeito e grevistas continuavam a bloquear o acesso a alguns terminais, segundo a coluna apurou. 

Um executivo de uma distribuidora de alimentos disse que um cliente, uma empresa de bebidas, também obtivera liminar para assegurar a circulação, mas que preferiu parar o trabalho, por razões de segurança.

Ações de indenização

Companhias já preparavam ações indenizatórias para serem protocoladas no futuro —algumas delas contra indivíduos que fizeram bloqueios, segundo advogados. 

“Pessoas que cometeram certos atos, como usar armas brancas para impedir o acesso a portos, devem ser responsabilizadas. A greve é legítima, mas isso extrapola o direito”, diz Maria Helena Bragaglia, sócia do Demarest.

 

Logística A greve pode prejudicar a maior feira de máquinas para obras, que ocorre em junho. Os tratores a ser expostos seriam transportados a partir desta sexta (25).

Perda Cerca de 10 mil toneladas de peixes podem apodrecer se não chegarem ao destino na sexta, diz a Abipesca.

Lixo... Mesmo com o fim da greve, os serviços de limpeza urbana podem ser afetados, porque o abastecimento de combustível pode demorar para ser normalizado.

...acumulado Empresas do ramo têm operado com menor frota para economizar diesel, diz a Abrelpe (do setor).

 

Em SP, efeito da paralisação se agravaria nesta sexta-feira (25)

Os efeitos das paralisações no abastecimento de gasolina, álcool e diesel deveriam atingir seu ápice em São Paulo nesta sexta-feira (25), segundo um executivo de uma distribuidora de combustíveis.

O Rio de Janeiro teve seu pior dia na quinta (24), afirma. 

As empresas do setor conseguiram negociar para atravessar os bloqueios, e os postos que ficam mais próximos às refinarias serão os primeiros beneficiados, diz. 

Essas são as duas cidades que mais sofreriam com uma eventual continuidade da greve dos caminhoneiros.

As distribuidoras são a parte intermediária da cadeia: elas compram das refinarias e vendem aos postos.

Zerar PIS e Cofins do diesel é a solução imediata para a crise, mas, no futuro, será preciso uniformizar a cobrança do ICMS e criar um mecanismo para que a alíquota baixe se o preço do combustível subir, afirma o executivo.

 

Casa nova, mesma vizinhança

A Atlas Schindler vai investir cerca de R$ 80 milhões na construção de sua nova sede no país, no bairro do Cambuci, em São Paulo. As obras começarão no segundo semestre.

“Estamos em processo de licenciamento. O prédio ficará ao lado do edifício atual, onde a empresa está instalada desde a década de 1930. O aporte que faremos é em obra. As aquisições de terrenos e o projeto já foram feitos”, diz o presidente, Flavio Silva.

A migração para o novo espaço, que deverá ser concluída em cerca de dois anos, vai ocorrer sem paralisação das atividades. “Vamos construir e operar ao mesmo tempo.”

“A nova área será duas vezes maior que a atual. Vamos ampliar nosso centro de treinamentos, o de distribuição de peças e o mostruário será modernizado”, diz o diretor industrial, José Julio.

A companhia vai aportar ao menos outros R$ 10 milhões na reforma de escritórios de sua planta em Londrina (SP) e em melhorias operacionais em suas filiais no país.

R$ 1,96 bilhão
foi a receita no país em 2017

5.500
são os funcionários no país

 

Reforma em capítulos

Pontos da reforma trabalhista que não haviam ficado claros no texto da lei foram detalhados em uma portaria do Ministério do Trabalho, mas advogados do setor dizem considerar que essa não é a forma ideal para regulamentá-los.

O governo havia enviado uma medida provisória com esse propósito que, no entanto, caducou sem ser votada.

O fato de a regra ter sido publicada como portaria é frágil juridicamente, afirma Otavio Pinto e Silva, sócio da área trabalhista do Siqueira Castro.

“Tentaram fazer isso por medida provisória e agora deram um jeitinho para regulamentar. Pode ser objeto de questionamento e decisões para afastar a regra.”

“Eu não achei que isso viria por portaria, mas a questão do trabalho intermitente precisava ser definida —coisas práticas, como a maneira de calcular e operacionalizar”, afirma Cássia Pizzoti, sócia do Demarest.

 

Linha amarela

O setor de equipamentos de linha amarela, como escavadeiras e niveladoras, deverá crescer 36% nas vendas neste ano, segundo a Sobratema (do setor).

Uma projeção feita em novembro de 2017 previa uma alta de 9% mas, só no primeiro bimestre, houve crescimento de 50% na comparação com o mesmo período do ano passado.

“Havia um receio dos empresários de ser muito otimista e errar [as estimativas] como no passado”, afirma Eurimilson Daniel, vice-presidente da entidade.

“Prevíamos alta de 20% e crescemos 65% . A base, porém, é muito baixa”, diz José Luis Gonçalves, presidente da fabricante JCB.

“É natural que o primeiro semestre seja melhor em ano eleitoral, devido ao maior número de licitações”, diz Carlos França, da Case.

“O governo representou 25% das vendas. Em geral, é metade disso. Houve concentração porque licitações são proibidas a partir de julho.”

 

Com o pé atrás

A maioria dos executivos de alta gerência no país (66%) acredita que a economia brasileira vai crescer menos que 2% neste ano, segundo a Exec.

Cerca de 55% dos líderes acredita que suas empresas deverão ter altas iguais ou inferiores a 5% em 2018.

“A percepção foi de que os indicadores econômicos não melhoraram como se esperava no início do ano. Estamos em um período de transição, o otimismo foi revisado [para baixo]”, diz o sócio da consultoria, Rodrigo Forte.

Cerca de 70% dos entrevistados esperam mais “momentos de instabilidade”.

O cenário eleitoral indefinido é um dos fatores que mais influencia os empresários, segundo Forte.

O levantamento ouviu 1099 profissionais e foi finalizado em abril.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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