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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Após escândalos, casas de câmbio testam diretrizes para autorregulamentação

Corretoras estiveram envolvidas em investigações e denúncias de lavagem de dinheiro

 
Entrada de casa de câmbio com letreito em que se lê "câmbio" em várias línguas
Há zonas cinzentas na legislação que rege setores sensíveis à lavagem de dinheiro como as casas de câmbio - Zanone Fraissat - 3.set.15/Folhaspress

O setor das corretoras de câmbio caminha para uma autorregulação do mercado. Empresas do segmento estiveram envolvidas em escândalos, alguns deles revelados pela Operação Lava Jato.

O novo código de condutas da Abracam (Associação Brasileira das Corretoras de Câmbio) foi escrito para que as normas e políticas que as companhias devem seguir fiquem mais claras.

A relação das casas com os correspondentes cambiais terá um monitoramento mais próximo e a associação criará um conselho de ética.

Para que haja um controle maior dos clientes, a Abracam fará um cadastro único e editará recomendações de relações com consumidores. 

Às casas que firmam contratos de exportação se pedirá que se certifiquem que a venda foi concretizada.

As empresas que não aderirem às práticas não serão expulsas. “Não haverá pena [para quem não seguir], mas essas empresas serão expostas”, diz Kelly Massaro, diretora de relações institucionais da Abracam.

A lei que rege setores sensíveis à lavagem de dinheiro, caso das corretoras de câmbio, é de 1998, diz o advogado Pierpaolo Bottini.

Essas corretoras precisam ter informações sobre os clientes e avisar o Coaf se houver uma transação incomum.

“Há zonas cinzentas, como a definição de uma operação suspeita, e por isso tem muito espaço para autorregulação. Quanto mais conceitos os profissionais definirem, mais proteções existirão.”

A iniciativa é elogiada pelo procurador regional da República Vladimir Aras, mas com uma condição: se for séria. “É importante que o sistema se preocupe com integridade, especialmente esse elo, que é vulnerável.”

 

Precisa reformar

A Calvin Klein vai abrir na próxima quinta-feira (21) sua primeira grande loja (flagship) no Brasil.

É a quarta vez que a empresa investe nesse formato (depois de já o ter testado em Miami, Dusseldorf e Shangai). Em São Paulo, o novo espaço será na rua Oscar Freire, nos Jardins, e terá 490 m².

O investimento foi entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões (cerca de R$ 7,46 milhões).

"Ainda não tenho o valor correto porque ainda estamos finalizando as obras", diz Fabio Vasconcellos, CEO da grife no Brasil. A companhia ainda vai inaugurar neste ano mais duas unidades no país: em Belo Horizonte e Goiânia.

Com 105 lojas no Brasil, o foco da marca agora é reformar ou expandir as lojas existentes. A filial de Recife passou de 100 m² para 150 m², e a próxima será a do Center Norte.

Em 2019, o ritmo de renovações será mais intenso: seis lojas próprias e 16 franquias. E em 2020, serão ao todo 21 franquias remodeladas. Cada reforma custa em torno de R$ 500 mil. A empresa quer se preparar para quando o cenário se estabilizar.

"O mais difícil é convencer o investidor, depois desses anos de crise, a continuar a aplicar no Brasil", diz o CEO. A marca relança globalmente a sua linha jeans, que foi reformulada pelo diretor criativo Raf Simons.

105

são as lojas da grife no país

 

Vendas de livros crescem e já superam índices de 2017

A receita do mercado livreiro cresceu 12% em maio deste ano em comparação com mesmo período de 2017, de acordo o Snel (Sindicato Nacional das Editoras de Livros). Em volume, a alta foi de 10%.

O levantamento é feito a cada quatro semanas e não inclui os últimos dias de maio —por isso não reflete o impacto da paralisação dos caminhoneiros, diz Ismael Borges, da Nielsen, consultoria responsável pelo levantamento.

“Temos tido crescimento constante em 2018 na comparação com o ano passado, o que é surpreendente. A maioria [das editoras] não estava esperando essa melhora tão sólida”, afirma ele.

No índice acumulado de receita, o incremento chega a 14%, impulsionado principalmente pela alta de 9,4% no preço médio dos livros didáticos e infantojuvenis. 

A tendência para o resto do ano é de altas menores, que sofrerão os impactos da paralisação, da Copa do Mundo e das eleições, diz Borges.

“Acreditamos que 2018 se encerrará com um resultado positivo, impulsionado pelos bons números do primeiro semestre”.

 

Otimismo financeiro

Dois terços dos diretores financeiros (CFOs) brasileiros ouvidos pela Deloitte priorizarão o crescimento sem fazer aquisições. Foram entrevistados 107 executivos no país. 

Cerca de 75% deles prevê uma evolução no desempenho de sua empresa em 2019, e 62% projetam uma melhora na economia do Brasil.

“Há uma onda de otimismo mundial nunca antes vista”, diz Sandy Cockrell, líder do programa global de CFOs da Deloitte.

É possível, no entanto, que haja uma redução do entusiasmo já neste trimestre devido à intensificação de tensões geopolíticas, comerciais e regulatórias, afirma.

“A maioria das companhias começará o seu planejamento para 2019 nos próximos meses. Incertezas tendem a levá-las a ser mais conservadoras nesses planos.”

 

Teste do perfil

De 20% a 30% dos clientes de corretoras não investem conforme o recomendado para o seu perfil. Ao aplicar, pessoas físicas passam por teste sobre seus objetivos e apetite a risco para conhecer os produtos mais adequados ao seu caso. 

No Banco do Brasil, há um simulador, diz a gerente de captação Paula Mazanék.

 “O perfil do investidor do banco é predominantemente conservador, e 70% optam pelas opções de menor risco.”

No Santander, acima de 80% dos clientes aderem às sugestões dadas.

“Quem quiser adquirir produtos desenquadrados pode, o dinheiro é deles”, diz o diretor Gilberto Abreu.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas e Diana Lott​

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