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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Fase de incerteza econômica pode ser a mais longa

Paralisação dos caminhoneiros e indefinição do cenário eleitoral são apontados como causas

Maria Cristina Frias

Foto de painel da Bolsa de Valores com valores de ações em vermelho, indicando queda
Bolsa de valores vive semanas de instabilidade - Miguel Schincariol - 1º.jun.18/AFP

O período de sobe e desce do dólar, de diferentes expectativas sobre o juro futuro e de volatilidade da Bolsa pode ser um dos mais longos da história, segundo economistas que acompanham dados de incertezas econômicas.

Se essa fase, que começou após o carnaval, só acabar depois das eleições, terão se completado nove meses, diz Pedro Guilherme Ferreira, um dos responsáveis pelo índice que o Ibre, da FGV, publica mensalmente sobre o tema.

“Em 2015, começou em fevereiro e subiu até agosto. Se o período atual for até depois do pleito presidencial, certamente será o mais longo, ainda que menos intenso.”

Para mensurar a incerteza, ele utiliza indicadores como reportagens de jornais, dispersão de previsões de especialistas para o câmbio e para a inflação e, por último, a volatilidade da Bolsa.

Dúvidas cíclicas, como as referentes às eleições, elevariam o patamar do índice dentro de uma faixa normal, mas têm tido um efeito potencializado pela situação fiscal frágil do país desde o segundo semestre de 2014, segundo Ferreira.

Existe, portanto, mais incerteza em períodos de altas seguidas de baixas que só de resultados ruins, explica o economista Guilherme Ribeiro de Macêdo, professor da UFRGS.

“Os indicadores estão muito acima do normal. Subiram na paralisação dos caminhoneiros, se agravaram com a saída do Pedro Parente [da Petrobras] e, na última semana, o mercado testou as vendas de swap do Banco Central.”

Esses acontecimentos anteciparam movimentações que ele aguardava para depois da Copa —foi o que aconteceu nas eleições em 2014, diz ele.

 

Economia real

Os efeitos de volatilidade na Bolsa, alta do dólar e dificuldade para tomar decisões são maiores na indústria, diz uma pesquisa publicada na Revista Brasileira de Economia.

A expansão da incerteza doméstica no segundo semestre de 2014 impactou a produção industrial de 2015, que foi até 3,9% menor por causa da impossibilidade de tomar decisões com alguma previsibilidade, afirmam os autores.

“Investimentos são adiados, e a indústria é a que mais depende deles para obter receita, em comparação com agricultura ou serviços”, diz Ricardo Barboza, do grupo de conjuntura econômica da UFRJ.

 

Drogasil chega ao Pará e encerra entrada em novos estados

O grupo RD, dono das marcas de farmácias Raia e Drogasil, encerrará seu ciclo de entrada em novos estados com a inauguração de sua primeira loja no Pará, prevista para esta segunda (11).

A companhia deverá abrir mais nove operações da Drogasil no estado nos próximos cinco meses, afirma o presidente, Marcilio Pousada.

“Pensamos que é possível atender com uma qualidade logística boa até Belém. Ainda falta chegarmos a algumas capitais [da região], como Manaus e Macapá, mas ali a distribuição já é muito difícil.”

A empresa vai priorizar a expansão no Norte e Nordeste nos próximos cinco anos em vez de áreas mais saturadas.

“Lá também há concorrentes tradicionais, mas tivemos o colapso de um deles, a BR Pharma [das marcas Big Ben e Sant’Ana], o que nos permitiu crescer com mais força.”

A estimativa é de um investimento de R$ 20 milhões só nas lojas do Pará —a primeira receberá um aporte de R$ 2 milhões e as demais deverão seguir o mesmo nível, segundo o executivo.

R$ 3,6 bilhões
foi o faturamento no 1º tri.18

1.651
era o número de lojas ao fim do 1º tri

240
é a previsão de novas lojas em 2018

32,6 mil
eram os funcionários ao fim do 1º tri

 

Focos hospitalares

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz vai investir R$ 185 milhões em educação e pesquisa nos próximos cinco anos, além de R$ 120 milhões ainda em 2018 em ampliação e infraestrutura.

O primeiro aporte inclui equipamentos, adequação de instalações, laboratórios e contratação de profissionais, entre outros itens.

Esse montante não inclui a construção do prédio para as atividades de ensino, que será feita pela Fundação Zerrenner, dona do edifício da Unidade Referenciada Vergueiro, inaugurada em 2017.

Ao lado desta unidade está sendo erguida a nova edificação que vai abrigar a escola técnica e a faculdade da instituição, que já contam com cerca de 700 alunos.

Com aproximadamente 35% de recursos próprios, os R$ 120 milhões investidos neste ano superam o aporte feito em  2017– de R$ 102 milhões– e irão principalmente para as áreas de doenças oncológicas e digestivas.

“Somos um hospital geral, atendemos várias especialidades, mas temos reforçado essas áreas, às quais destinamos 60% dos recursos”, diz Paulo Vascocellos Bastian, CEO do hospital Alemão Oswaldo Cruz. 

R$ 765 milhões
foi a receita líquida (10% maior que em 2017)

 

Conexão ao vivo

O acesso à internet móvel chegará a 82% da população brasileira até 2022, de acordo com a consultoria PWC.

O país representa hoje 77% do mercado de dados da América Latina, mas só 60% dispõem do serviço no país.

A cobertura de esportes será um dos maiores estímulos, afirma o sócio Carlos Giusti. “Eventos esportivos atraem muita audiência, porque o espectador quer acompanhá-los ao vivo, em qualquer lugar onde estiver”.

O crescimento colocará o Brasil no patamar de países desenvolvidos, diz Giusti.

“O comportamento online do brasileiro já se aproxima do de consumidores europeus, mas  é preciso superar o obstáculo do acesso”.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas e Diana Lott

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