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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Projeto para punir cartéis é adiado pela segunda vez em comissão do Senado

Proposta prevê ressarcimento em dobro pelos prejuízos sofridos

Maria Cristina Frias

foto da fachada da sede  Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (CADE)
Sede do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (CADE), em Brasília - Divulgação

A votação de um projeto de lei que pretende criar incentivos para empresas lesadas por cartéis buscarem a Justiça foi adiada duas vezes.

O texto seria apreciado na Comissão de Assuntos Econômicos na semana passada, mas, com a paralisação dos caminhoneiros, foi remarcado esta terça-feira (5).

Não houve quórum suficiente de senadores na segunda data, e o projeto não foi votado.

A proposta tem a relatoria do senador Armando Monteiro (PTB-PE) e deverá ser pautada pela terceira vez na terça-feira (12), segundo o gabinete do político.

Se aprovada por 14 votos na comissão, ela segue direto para a Câmara dos Deputados.

Pelas regras do projeto, uma empresa que sofreu danos de um cartel poderá pedir na Justiça o dobro do prejuízo que teve, a título de ressarcimento.

O prazo para prescrição aumenta e passa a ser de cinco anos após o julgamento do Cade (Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência). O órgão só aplica multas que vão para o Tesouro, referentes a interesses difusos.

A Justiça é quem determina o ressarcimento às empresas que foram vítimas dos cartéis.

O texto cria a tutela de evidência: se há juízo do Cade sobre a formação de cartel, a Justiça já poderá considerar a questão decidida.

O projeto é positivo, mas pode ser aperfeiçoado, diz Bruno Drago, advogado do Demarest: “A possibilidade de ressarcimento equivalente ao dobro do prejuízo poderia valer também para condutas de empresas monopolistas”.

A criação de mecanismos para que companhias busquem a aplicação de regras é uma tendência, diz Edson Vismona, presidente do ETCO (instituto de ética concorrencial).

“Discute-se a fiscalização e reforço por parte dos pares, que apontam desvios e pedem providências às autoridades.”

 

Pílulas de beleza

A venda de nutricosméticos —como suplementos e vitaminas para cabelo e pele— cresceu 7,1% em volume no acumulado de 12 meses até abril de 2018, segundo a Iqvia, que audita o setor.

Em receita, no entanto, houve queda de 1,6%, resultado da preferência de consumidores por itens de menor valor, segundo a companhia

“Os preços tiveram impacto maior nas linhas de venda direta para o cliente, sem receita”, diz Jorge Duhalde, diretor da fabricante FQM.

Não é algo que ocorre tanto nas marcas indicadas por médicos porque os compradores costumam seguir a recomendação dos profissionais, afirma o executivo. 

“A perspectiva para os próximos meses é que [a pressão nos preços] mude. Já tivemos melhora em maio e prevemos dois lançamentos neste ano.”

A fabricante Cimed tem priorizado produtos mais baratos, o que levou a um incremento durante a recessão, diz o diretor Hélio Melo. 

“Projetamos agora uma aceleração [do mercado], com pelo menos mais quatro itens novos em 2018.”

 

Morreu de velho

O faturamento total das seguradoras aumentou 9% em 2017 em comparação com 2016, de acordo com o Sincor-SP (sindicato dos corretores) e atingiu o patamar de R$ 144 bilhões.

O cálculo exclui as receitas de DPVAT, VGBL e PGBL.

O ramo de pessoas impulsionou a alta e, sozinho, foi 12% maior do que o resultado registrado do ano anterior.

“Nos últimos três anos, esse tipo de produto teve altas consecutivas. É uma tendência que se manteve”, diz Francisco Galiza, consultor econômico da entidade.

Outro fator que explica esse protagonismo, segundo Galiza, é a queda na produção de automóveis no ano passado, que afetou a venda de seguros de autos —tradicionalmente fortes no país. 

 

Remédio concentrado

A Funcional, uma empresa que oferece planos para companhias que subsidiam a compra de remédios de seus empregados e outros serviços, adquiriu a Fidelize, de tecnologia da informação para o setor farmacêutico.

O valor não é revelado. O faturamento da empresa comprada no ano passado foi de R$ 18 milhões, diz Fábio João Hansen, sócio da Funcional.

“O ponto de equilíbrio do investimento é em cinco anos.  Usamos um empréstimo lastreado em capital próprio.”

Com a operação, a empresa dele passa a atuar em um novo segmento, o de tecnologia para vendas para as drogarias.

 

Pé... A confiança do empresário teve alta tímida de 0,9% em maio deste ano em comparação com o último mês, segundo a Fecomercio-SP (federação paulista do comércio).

...atrás Incerteza eleitoral e desemprego são os fatores que mais frustraram o crescimento previsto para este ano, segundo afirma Guilherme Dietze, assessor econômico da entidade.

Instrumentos... Foco na atividade principal da empresa e orçamento base zero estão entre as ferramentas de gestão que mais deverão ganhar força na América Latina em 2018, segundo a Bain & Company.

...de trabalho Essas ações são utilizadas, respectivamente, por 27% e 11% das empresas brasileiras. A mais utilizada é metas de planejamento estratégico (62%). A consultoria ouviu 1.268 executivos na região.

Já foi... O fluxo de visitantes em lojas na semana que antecede o Dia dos Namorados deverá crescer 9% em relação à média deste ano, segundo a Seed, empresa de análise de dados do varejo.

...melhor Na comparação com o mesmo período do ano passado, porém, a queda deverá ser de até 33%. A proporção é semelhante à registrada no Dia das Mães, segundo a companhia.

Estética Produtos para cabelo passaram a representar 81% de todos os nutricosméticos vendidos no acumulado de 12 meses até abril deste ano, uma alta de 13,4%, segundo a Iqvia, que audita o setor.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas e Diana Lott

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