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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Mensalidade de curso presencial tem reajuste abaixo da inflação em 2018

Demanda cai por conta da economia em marcha lenta e da redução de vagas no Fies

Maria Cristina Frias

As mensalidades de cursos presenciais de graduação tiveram reajuste médio de 2,4% neste ano, segundo dados do Semesp (sindicato das mantenedoras) obtidos com exclusividade pela coluna. 

“Ficou abaixo da inflação. É reflexo da economia em marcha lenta e do alto desemprego. Há ainda a redução do Fies e a competição por preços”, diz Rodrigo Capelato, diretor-executivo da entidade.

A opção das instituições para manter rentabilidade tem sido a de cortar custos, diz. “Temos visto a redução de disciplinas eletivas e algumas faculdades fazem junções de turmas.”

Alunos em sala de aula de graduação em Administração, em São Paulo - Marisa Cauduro - 37.mai.11/Folhapress

A reforma trabalhista, contudo, não tem sido aplicada ainda, afirma. “A médio prazo pode haver mudança no modelo de contratação, mas hoje ainda existe insegurança jurídica.”

“O setor foi prejudicado pela redução de vagas do Fies. O governo liberou a inscrição no programa só em março. Na Estácio, esperávamos 8.000 alunos via financiamento e houve 1.200”, diz o presidente da companhia, Pedro Thompson.

A queda de matrículas presenciais tem sido parcialmente compensada pela ampliação da oferta de EAD (a distância).

Na empresa, a alta de estudantes do EAD foi de 17% no primeiro trimestre, ante queda de 6,7% no de presenciais.

“Mantivemos nossa base de alunos em 550 mil e expandimos os modelos a distância e semipresencial. Podemos criar 350 pontos ao ano e queremos fazê-lo. Nessa modalidade, temos 75% de margem”, diz.

A empresa, que demitiu 1.200 professores em dezembro, vai manter seu quadro docente estável. “Abriremos medicina em quatro campi e odontologia em mais seis. Nosso desafio é otimizar custos nesses cursos mais complexos.”

 

Despacito

O comércio varejista do país deverá fechar o ano com um crescimento de faturamento de 3,6%, segundo os cálculos da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

Mesmo se for verificada, a alta não fará com que a receita do setor volte aos patamares anteriores à crise econômica, afirma Marcel Solimeo, economista da instituição.

“A comparação com o auge do comércio varejista, que aconteceu em 2014, ainda será desfavorável em 7,1%.”

A recuperação parecia mais forte no primeiro semestre, segundo o economista. A paralisação dos caminhoneiros também vai afetar o resultado final.

“Por um lado houve antecipação de consumo, mas parte dos prejuízos são irrecuperáveis, porque se perdeu material perecível.”

A previsão é feita a partir de dados do IBGE e respostas dos comerciantes.

 

Cheguem as malas para lá

A exportação de carga nos aeroportos privatizados cresceu no primeiro semestre, segundo as concessionárias.

No Galeão, no Rio, o volume exportado subiu 49%, afirma o diretor Patrick Fehring.

“Houve elevação em outros aeroportos, o câmbio atual estimula [vendas externas], mas aumentamos nossa fatia de mercado. Temos recebido mais mercadorias de outros estados”, diz ele.

Há também um impacto da melhora da indústria, diz Marcelo Mota, diretor de operações de Viracopos. O aeroporto de Campinas (SP) registrou alta de 41,9%.

“O desempenho tem sido impulsionado pelo setor automotivo, mas também pelo metal-mecânico e químico.”

O aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, teve um crescimento de 14,4% até maio —os dados de junho ainda não foram consolidados.

 

Revisão de PPP é duas vezes mais comum na América Latina

A revisão de condições de contratos de PPPs (parcerias público-privadas) na América Latina são quase o dobro do da resto do mundo, aponta estudo do Global Infrastructure Hub, um braço do G20.

Na média global, os reequilíbrios acontecem em 33% das ocasiões. Na região latino-americana, no entanto, é o caso de 60% dos acordos.

Projetos mal elaborados explicam a quantidade de revisões, diz Henrique Frizzo, do Trench, Rossi e Watanabe. “As empresas participam pouco nos períodos de formulação e se satisfazem com textos de baixa qualidade.”

Há também problemas de Estado, segundo Carlos Ari Sundfeld, professor da FGV.

“A regulação é fraca, as agências não são autônomas de fato, e há interferência direta do governo, como proibir a cobrança de eixo suspenso de caminhão porque houve uma greve.”

O G20 lançou um site com os dados. O intuito é que eles sirvam como um banco de informações para formulação de contratos futuros.

 

Para o exterior O aeroporto de Natal, o primeiro federal a ser privatizado, teve um aumento de 43% no volume exportado no primeiro semestre. O de Brasília, também sob concessão da Inframerica, registrou queda de 35%.

Recorde O estoque de CDBs (Certificados de Depósito Bancário) alcançou, em julho, o maior nível desde setembro de 2009, segundo a B3. O ápice foi o volume de R$ 815,5 bilhões registrado no dia 9, segundo a Bolsa.

Livres A granja Mantiqueira arrendou uma fazenda em Paraíba do Sul (RJ) para produzir ovos de até 500 mil galinhas criadas fora de gaiolas, cujo custo é quatro vezes mais alto que no sistema tradicional. O aporte é de R$ 7 milhões.

Ainda... A demanda interna por bens industriais em maio caiu em 20 das 22 áreas analisadas pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), aponta levantamento que será divulgado nesta quinta (19).

...a paralisação A pior retração foi em equipamentos de transporte: queda de 24,1% em relação a abril. Os únicos dois segmentos que registraram crescimento foram produtos do fumo (18,9%) e petróleo e derivados (4,3%).

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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