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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Greve da Receita poderá prejudicar comércio exterior

Servidores querem que regras para a remuneração variável sejam decretadas

Maria Cristina Frias

Representantes de empresas de terminais portuários e de comércio exterior temem que um possível agravamento da greve dos fiscais da Receita Federal possa começar a impactar a importação e a exportação de produtos. 

Funcionários do órgão estão em uma queda de braço com o governo desde o fim de 2017. Eles querem que as regras para a remuneração variável sejam decretadas, conforme previsto por uma lei que permite o bônus.

Houve uma suspensão do movimento, em julho, após reunião entre os sindicalistas e Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados.

Auditor da Receita supervisiona abertura de contêiner com carga suspeita de café no porto de Santos - Eduardo Knapp - 19.abr.18/Folhapress

Como não houve solução para o impasse, o Sindifisco voltou a decretar greve, e a expectativa é que, nessa retomada, a aderência seja mais forte, segundo Cláudio Damasceno presidente da entidade.

“Não se trata de paralisação, mas de redução de atividades e operação padrão. Começa por unidades internas, mas a tendência é que transborde para [setores aduaneiros de] aeroportos, portos e áreas de fronteira.”

Por enquanto, os dados de intercâmbio comercial estão normais, diz José Augusto de Castro da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).

“Não deverá haver cancelamentos de operações, mas, sim, atrasos. Eles implicam alta de custos porque as mercadorias ficam paradas por mais tempo nos portos.”

O movimento dos fiscais é motivo de preocupação, diz Sérgio Salomão, presidente da Abratec (associação dos terminais de contêineres).

“Pode haver transtornos na liberação, e não há nada que esteja ao nosso alcance para mitigar os impactos.”

 

Balde de água fria

A importação de máquinas e equipamentos utilizados na indústria teve um crescimento de 10,3% em receita no primeiro semestre deste ano, segundo a Abimei (associação que representa o setor).

A melhora se explica principalmente pela base de comparação fraca, segundo o presidente Paulo Castelo Branco.

“A situação estava muito ruim em 2017. A sensação nos primeiros três meses de 2018 era de que seria um ano realmente positivo, mas o mercado esfriou com episódios como a greve dos caminhoneiros.”

Apesar de descartar, por ora, uma retração em 2018, o setor já prevê um impacto da variação cambial, tanto nas compras que estão sendo pagas agora como nas encomendas que seriam feitas.

“Além da oscilação dos valores de investimento, há a falta de visibilidade do mercado no futuro. Voltamos a um certo compasso de espera.”

 

Rumo aos pampas argentinos

A fabricante nacional de máquinas agrícolas Stara começará a produzir veículos na Argentina em outubro, segundo o presidente da companhia, Gilson Trennepohl.

A empresa alugou uma planta e vai investir US$ 5 milhões (cerca de R$ 19,3 milhões no câmbio atual) nela nos próximos 18 meses.

A decisão de abrir sua primeira operação fora do país foi mantida apesar dos resultados abaixo do projetado para este ano, que levaram a um leve ajuste da previsão de aportes no mercado brasileiro.

“As metas caminham de acordo com as vendas. Como houve uma redução, o investimento no Brasil deverá ser de R$ 35 milhões [abaixo dos R$ 38 milhões originais].”

A Stara solicitou registro de companhia aberta à Comissão de Valores Mobiliários há cerca de dois anos e cogitou abrir capital, mas os planos foram congelados. “Não temos nada no radar por ora”, diz Trennepohl.

R$ 413,7 milhões
foi o faturamento da Stara no 1º semestre deste ano

R$ 35,7 milhões
foi o lucro líquido

2.350
são os funcionários

 

Menos café para fora

A Cooxupé, cooperativa de cafeicultores de Guaxupé (MG), vai investir R$ 40 milhões na aquisição de máquinas e na implementação de novas unidades de torrefação e preparo de grãos para a exportação.
A entidade vende 80% de sua safra para o exterior.

“Está em construção uma unidade para retirar, por meio de peneiras, defeitos dos grãos. São R$ 20 milhões de aporte e a planta será inaugurada em janeiro”, diz o presidente, Carlos Alberto Paulino da Costa.

Mais R$ 20 milhões serão aplicados em equipamentos para torrefação, que iniciam a operação em dezembro.

Com o clima seco, que afeta o volume produzido, e a queda do preço internacional do grão, a cooperativa estima queda de até 5% em suas receitas em 2018.

R$ 3,6 bilhões
foi a receita em 2017

 

Tecnologia A Cooxupé também vai aportar cerca de R$ 10 milhões até o fim deste ano na renovação de parte de seus computadores e na compra de softwares para os aparelhos da cooperativa.

Transporte A Wappa, de gestão de táxi corporativo, investiu R$ 10 milhões para começar a atender pessoas físicas. A projeção é de um aumento de 35% na receita da empresa com o novo negócio.

Entrega... A Loggi, de entregas com motoboys autônomos, começará a fazer entregas em até 24 horas em Curitiba, Rio de Janeiro e Campinas. A meta é chegar a 13 cidades até o fim de 2018.

...rápida A empresa ainda tem cerca de R$ 10 milhões a serem investidos ainda neste ano em tecnologia e novos galpões de distribuição, segundo o diretor-executivo Fabien Mendez.

Rodada A Fiesp planeja promover seminários com os presidenciáveis em setembro. Já neste mês, a entidade faz reuniões com os responsáveis pelos programas de governo dos candidatos.

Fim do... Termina nesta quarta-feira (15) o prazo para envio da declaração anual ao Censo de Capitais Estrangeiros (CCE) do Banco Central, compulsória para algumas pessoas jurídicas.

...prazo A entrega é obrigatória para empresas sediadas no país, com participação direta de não residentes em seu capital social e com patrimônio líquido igual ou maior que US$ 100 milhões (R$ 386,5 milhões no câmbio atual).

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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