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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Justiça dá duas liminares contra edital do Banco do Brasil, que vai recorrer

Decisões interromperam a contratação de trabalhadores para a cobrança de dívidas

Fachada do Banco do Brasil na avenida Paulista no centro de São Paulo. - Bruno Santos/Folhapress

O Banco do Brasil vai recorrer de uma decisão liminar da Justiça que interrompeu a contratação de trabalhadores para a cobrança de dívidas.


A juíza Lisia Rodrigues, da Justiça do Rio, suspendeu um edital no dia 30 de julho. Os advogados da instituição pediram reconsideração, mas em nova liminar, ela não acatou.


O banco vai entrar com ação em segunda instância.

A instituição financeira trava disputa legal e administrativa, no TCU (Tribunal de Contas da União), contra parte dos atuais prestadores de serviço.

Foi uma empresa de cobrança que moveu a ação.

A consultoria McKinsey auxilia o banco a economizar no processo de receber valores atrasados dos clientes.

Uma orientação foi centralizar o serviço, hoje prestado por 117 empresas. Elas têm contratos em regime de emergência há um ano e meio.

O plano é aproveitar a estrutura de uma subsidiária do banco, a BBTS, que faz serviços de teleatendimento.

Parte das cobranças já são de responsabilidade dela —20%. A BBTS, porém, não teria gente para fazer todo o serviço.

A subsidiária abriu licitação para contratar mão de obra terceirizada. Esse é o edital que foi suspenso pela juíza.

Há indícios de que a BBTS quer subcontratar para “burlar a norma que exige a realização de concurso público”, escreveu ela na primeira decisão.

Na sua segunda sentença, a Rodrigues afirma que “as exigências previstas no edital demonstram a possibilidade de direcionamento da licitação”.

Estratégia administrativa

OUTRO LADO

Em nota, o Banco do Brasil afirma que parte do processo de contratação de mais profissionais já aconteceu, e 20 empresas participaram da primeira fase. 
 

Quanto à acusação de ter burlado a realização de concurso público, a instituição financeira informa haver jurisprudência do Tribunal de Contas da União que ampara esse modelo de contrato.
 

A estratégia do banco é tentar vencer primeiro o processo administrativo no Tribunal de contas da União, pois há no BB a crença de que isso validará os argumentos em sua defesa na Justiça.
 

Pessoas ligadas à instituição financeira afirmam que sofrem uma forte pressão —a diretoria foi procurada por deputados e senadores.

 

Quanto perdeu

Nove entre dez brasileiros reconhecem a caderneta de poupança como uma aplicação financeira, de acordo com a pesquisa da Anbima (associação brasileira de entidades dos mercados financeiros), encomendada ao Datafolha.

A caderneta lidera a preferência entre as modalidades de aplicação: 37% da população economicamente ativa dizem utilizá-la.

Segundo a pesquisa do Datafolha, 42% dos brasileiros investem atualmente em produtos financeiros.

Destes, cerca de 76% não souberam responder corretamente quando questionados sobre o retorno que a poupança gerou ao investidor no ano passado —69% preferiram nem arriscar uma das alternativas que lhes foram apresentadas.

Foram realizadas 3.374 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 152 municípios, com a população economicamente ativa, inativos que possuem renda e aposentados, das classes A, B e C, a partir dos 16 anos.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

 

Estacionamento eólico

 

A administradora de estacionamentos Indigo, que pertence ao grupo francês Vinci, vai investir de R$ 50 milhões a R$ 150 milhões em energia eólica no Brasil.


A empresa firmou uma parceria com a geradora Brain Energy para construir parques e abastecer shopping centers. O valor do aporte varia de acordo com o tamanho das usinas, o que depende da demanda de cada estabelecimento.

Em vez de cobrar pelos projetos, o gasto será amortizado durante o período em que a Indigo for responsável pelas garagens dos empreendimentos, afirma Fernando Stein, diretor-executivo da companhia.

Um modelo similar já é adotado pela empresa quando ela constrói estacionamentos e, em troca, obtém contratos mais longos, diz ele.

Uma das principais dificuldades das consumidoras que compram energia no ambiente livre é lidar com oscilações dos valores na renovação dos contratos, diz Daniel Andrade, sócio da Brain Energy.

“O objetivo do projeto não é necessariamente [reduzir a] tarifa, mas garantir energia a preço estável.”

 

Preço das arábias

A exportação brasileira para países árabes cresceu 6,1% em volume no período de janeiro a julho. Em receita, porém, houve queda de 15,4%.


A disparidade se deve principalmente à redução nos preços, de acordo com Rubens Hannun, presidente da CCAB (Câmara de Comércio Árabe-Brasileira).

Foi o que aconteceu, por exemplo, na comercialização de açúcar, que representa 27% do que é embarcado para a região e que registrou uma retração de 35,6% em faturamento.


Como o valor da commodity caiu devido à maior concorrência internacional, muitas usinas priorizaram o mercado interno.


“É uma visão a curtíssimo prazo que desconsidera um mercado que o Brasil levou mais de 60 anos para conquistar”, afirma Hannun.

A situação levou a CCAB a revisar suas projeções para 2018, diz ele.

“Inicialmente prevíamos um crescimento de 12% a 15% em volume neste ano, mas atualmente a previsão é de 8% a 9%.”

 

Hora do café

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas e Diana Lott

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