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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Setor de cabotagem adapta contratos para aproveitar alta após paralisação

Tabelamento do frete rodoviário também afeta o segmento, no início e no fim das entregas

Maria Cristina Frias

Pouco mais de três meses após a paralisação dos caminhoneiros, as empresas que fazem cabotagem (transporte costeiro de cargas) mudaram o prazo de contratos e de renegociações para se adaptar a demandas de clientes.

Mais companhias buscaram outras formas de transporte além do rodoviário, mas foi necessário se adequar, diz Marcos Voloch, diretor de cabotagem para o Mercosul da Aliança Navegação e Logística, que pertence à Hambürg Sud.

Contêineres empilhados no no terminal do porto de Santos - Eduardo Knapp - 17.out.16/Folhapress

Um dos fatores que mais impactou o setor foi o tabelamento do frete rodoviário, que também afeta a cabotagem no início e no fim das entregas.

“Nossas negociações com clientes deixaram de ser semestrais e passaram a ser mensais. A cada 30 dias precisamos renegociar porque cada transportador terrestre trabalha com um valor, uma regra”, diz ele.

“Não há segurança para firmar contratos de um ano. O estresse dentro da empresa aumentou muito mais que o volume de negócios porque passamos a trabalhar a curto prazo.”

Apesar disso, o faturamento cresce 14% no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2017, já considerado forte, diz Voloch.

O saldo após a paralisação é positivo, mesmo com a necessidade de adaptações, segundo Márcio Arany, da Log-In.

“Clientes grandes até mantêm contratos mais extensos, de um ano, mas passamos a ter gatilhos, como o compromisso de rever os termos caso o diesel ou o frete chegue a determinados patamares.”

 

União recebe as primeiras parcelas de multas de acordo de leniência

A primeira parcela do pagamento da Odebrecht em decorrência do acordo de leniência assinado pela empresa foi depositada em agosto e será repassada às entidades lesadas neste mês.

A empresa pagou à União R$ 69 milhões, segundo a CGU (Controladoria Geral da União). A conta inteira, que deverá ser completamente quitada em julho de 2040, é de R$ 2,7 bilhões.

O Tesouro recebeu, até agora, R$ 155 milhões relativos aos pagamentos de todos os acordos já firmados. com a CGU.

O montante crescerá logo, porque ficou nítido o formato legal do pacto, segundo Amanda Athayde, professora da UnB que foi chefe de gabinete da superintendência do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

“O caminho está claro: a CGU negocia em conjunto com a  Advocacia Geral da União e remete à aprovação do Tribunal de Contas da União.”

O propósito dos acordos não são valores arrecadados, mas eles serão significativos, segundo Patricia Agra, do L.O. Baptista Advogados.

“O limite é de 20% do faturamento da empresa. Isso pode rá criar um incentivo perverso para o governo, que é ir atrás pelo valor, e não pela cessação de conduta.”

Existe a possibilidade de o governo receber de uma outra fonte: a Comissão de Valores Mobiliários também vai firmar acordos de leniência.

 

Fundo brasileiro compra fatia de clínicas odontológicas

O grupo Saudalys, dono de redes de clínicas odontológicas e de laboratórios de próteses, vendeu uma fatia minoritária de sua operação para o fundo brasileiro Imeri Capital.

O valor exato da transação não foi revelado, mas a gestora mineira de investimentos ficou com cerca de um quarto da empresa, avaliada R$ 100 milhões.

Com parte do montante da venda e de recursos de franqueados, o Saudalys vai aportar até 2020 outros R$ 100 milhões para expandir as marcas do grupo, de acordo com o presidente e fundador Marcelo Miranda. 

“Apesar de estarmos em 21 estados do país e no Distrito Federal, ainda temos presença tímida em algumas regiões, como o Norte e Nordeste. Nosso objetivo agora é a expansão nacional.”

O grupo também vai abrir duas unidades nos Estados Unidos e uma em Portugal até o fim deste ano.

“Queremos chegar a 400 clínicas em operação nos próximos dois anos. Nos próximos 12 meses, o plano é alcançar a marca de 200 unidades.”

113
são as clínicas da marca Sorrisus, que pertence ao grupo Saudalys

30
são os laboratórios de próteses da marca 

 

Varejo brasileiro tem maior boom de aquisições desde 2016

O número de fusões e aquisições no varejo chegou a dez no segundo trimestre deste ano, segundo a KPMG. Foi o maior número de transações desde 2016. No mesmo período de 2017 foram três operações.
Dos negócios fechados de abril a junho, três foram compras por estrangeiros. 

“O indicador sinaliza uma perspectiva, mas houve oportunidade em nichos com tendência à consolidação, como o setor de farmácias”, diz Guilherme Nunes, da consultoria.

Também estão em boa fase para aquisições as academias de ginástica e os pet shops, de acordo com a KPMG.

“As empresas varejistas passaram a crise com redução de investimentos. A prioridade era diminuir o endividamento. Agora, muitas estão baratas aos olhos de investidores estrangeiros”, diz Nunes.

“A desvalorização do real torna os ativos brasileiros ainda mais atrativos. A definição do quadro eleitoral poderá potencializar isso.”

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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