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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Consulta sobre regras de governança acende alerta em operadoras de saúde

Proposta é considerada positiva, mas novas normas de auditoria são vistas com ressalvas

Maria Cristina Frias

Uma consulta pública da ANS (Agência Nacional de Saúde) que pode resultar na obrigatoriedade de mecanismos de governança corporativa e compliance tem gerado receio entre planos de saúde.

A proposta em si é considerada positiva pelo setor, mas alguns pontos, como novas normas de auditoria, são vistos com cautela.

Uma das maiores preocupações é uma mudança na exigência mínima de capital das empresas, segundo José Guilherme Berman, sócio do escritório de advocacia BMA.

Sala de operações em hospital particular em São Paulo - Lalo de Almeida - 9.jun.16/Folhapress

“A regra hoje é calculada de acordo com o tamanho da operadora, sem considerar pontos específicos. A ANS quer olhar para como cada plano faz sua gestão de risco.”

A maior parte do texto formaliza práticas já recomendadas, afirma Felipe Bastos, sócio do Veirano.

A previsão é que a proposta afete mais de mil empresas, segundo Wagner Giovanini, da consultoria Compliance Total.

A Abramge (associação do setor) diz que a adoção de compliance é fundamental, mas solicita que “haja tempo e prazos adequados para que a operadora evolua gradativamente”.

A minuta da consulta pública prevê obrigatoriedade a partir de 2023. A versão final está em fase de elaboração, sem previsão de publicação, segundo a ANS.

A FenaSaúde (das grandes companhias) afirma, em nota, que a governança baseada em riscos é fundamental, mas que “é preciso que o regulador considere as diferentes modalidades e portes no setor”.

 

Estagnação de representatividade

As mulheres ocupam 8% dos cargos executivos de alto escalão das instituições financeiras e têm 10% dos assentos em conselho de administração das empresas do setor, aponta estudo da consultoria Oliver Wyman.

“Nesse setor há muitos homens em cargos de chefia, e eles se sentem mais confortáveis em promover outros homens”, afirma Ana Carla Costa, sócia da consultoria.

São poucas as instituições financeiras que têm políticas de promoção com base em gênero, segundo ela.

Nem em empresas com maior porcentagem de mulheres em posições mais altas há incentivos que têm representatividade como meta.

No mercado de trabalho em geral, houve retrocesso entre os anos de 2012 e 2017, afirma Costa, com base em dados do Fórum Econômico Mundial.

“Os avanços acontecem em ciclos, com interrupções.”

 

Briga de preços de aplicativos de transporte não é sustentável, dizem executivos

A atual disputa de preços entre os aplicativos de mobilidade 99 e Uber é arriscada e insustentável, segundo executivos ouvidas pela coluna.

A estratégia de promoções para passageiros e redução da taxa cobrada dos motoristas foi iniciada pela 99, com corridas por até R$ 4,60.

A resposta da Uber tem sido dar descontos pontuais a usuários frequentes para que não deixem de usar a plataforma, segundo um executivo da empresa.

A empresa também anunciou nesta terça (30) uma nova categoria de compartilhamento de viagens, o Juntos, uma tentativa de reduzir tempo gasto nos trajetos e ter preços mais baixos.

“Essa disputa deve durar pelo menos até fevereiro, que é um mês de menor movimento, mas não é sustentável a longo prazo e tem efeitos para motoristas, que verão queda na sua remuneração”, diz Jorge Pilo, gerente-geral da Cabify.

“Os preços praticados são artificiais, a conta não fecha. Nós buscamos diferenciação no serviço, não em custo. Perdemos alguns usuários casuais, mas, no geral, nossa base está estável”, afirma.

“Com preços muito baixos, um público que estava no transporte público tem sido atraído. Não competiremos nesse nicho”, diz Bruno Mantecón, diretor-executivo da Easy.

Procurada, a 99 não respondeu até o fechamento desta edição.

 

Deixa o trote para o ano que vem

A incerteza com eleições e com a economia levou alguns calouros a postergar seus estudos na faculdade, mesmo com crédito estudantil aprovado, segundo a Pravaler, financiadora parceira do Itaú e do Banco Votorantim.

O motivo foi mencionado por 37,5% dos 315 estudantes que, mesmo com crédito aprovado, optaram por não contratá-lo em 2018, segundo o diretor comercial Rafael Baddini.

Bradesco e Santander, que oferecem produtos similares, dizem não observar esse movimento.

 

Frango e detergente

A empresa de alimentos Korin vai fazer sua incursão no mercado de produtos de limpeza para o consumidor final no meio do ano que vem.

“É um multiúso que desenvolvemos inicialmente para uso em nossas granjas, atóxico, com o uso de bactérias que fazem o trabalho desengordurante. A ideia é chegar a redes varejistas até agosto”, diz o CEO, Reginaldo Morikawa.

O produto já é vendido hoje no mercado corporativo, para desinfecção de granjas. 

“Fizemos pequenas adequações para o uso doméstico, para que a fórmula seja usada para limpeza de geladeiras, por exemplo.”

A empresa também vai expandir sua produção de carne suína, das atuais 200 toneladas anuais para 1.000. “Vendemos essa categoria atualmente só na nossa rede franqueada, mas a ideia é expandir para o varejo em 2019”, afirma.

 

Sexta... Empresas que vão participar das promoções da Black Friday deverão conceder um desconto médio de 29%, segundo o SPC Brasil e a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).

...de compras Apesar de ser uma reclamação frequente do setor, cerca de 47% das companhias diz que a data não interfere nas vendas de Natal. Foram ouvidos 1.168 empresários em todas as regiões do país.

Educação O Ibmec, do grupo educacional Adtalem, vai investir R$ 6 milhões em um novo campus em Brasília, com capacidade para 500 alunos.

 

Hora do café

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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