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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Duas em cada dez PPPs fracassam, segundo consultoria

Dificuldade do poder público em cumprir sua parte dos contratos é um dos motivos do insucesso

Maria Cristina Frias

Quase 2 em cada 10 projetos de PPP (Parceria Público-Privada) no Brasil fracassam após a assinatura, segundo a consultoria Radar PPP.

Dos 107 contratos já firmados por estados ou municípios, 13 caducaram, foram suspensos pela Justiça ou por um tribunal de contas.

Interior do estadio do Maracana vazio durante obras de reforma
Reforma do Maracanã, concluída em 2013, custou R$ 1,2 bilhão ao estado do Rio; a concessão de administração do estádio foi anulada pela Justiça fluminense em setembro deste ano - Rafael Andrade - 12.jul.14/Folhapress

Outros sete são considerados problemáticos, como a licitação de iluminação pública em São Paulo ou do Maracanã, no Rio de Janeiro.

Experiências ruins ocorrem principalmente devido a três motivos, segundo Carlos Ari Sundfeld, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas).

“Houve o uso de PPP em casos que não deveriam ser priorizados, como o dos estádios; a dificuldade do poder público em cumprir sua parte; e os problemas de governança das empresas que dominam o mercado de grandes obras”.

“O modelo é algo recente e há uma curva de aprendizagem para governo, iniciativa privada e órgãos de controle”, diz Sandro Cabral, do Insper.

“Uma das sugestões é envolver os atores com poder de veto desde o início da modelagem dos contratos. Muitas vezes um tribunal de contas, por exemplo, só é inserido ou se manifesta depois que a parceria está estruturada.”

O mais comum são iniciativas que fracassam antes mesmo do acordo ser celebrado, segundo Mário Engler, diretor-presidente da Companhia Paulista de Parcerias e professor da FGV.

“Há um desalinhamento entre as agendas políticas e técnicas. Para estruturar um bom projeto de PPP leva pelo menos dois anos, um prazo muito longo se considerarmos que o primeiro é de transição e o último, é eleitoral.”

 

Mais armazéns

A paranaense Capital Realty, desenvolvedora e administradora de condomínios logísticos, investirá R$ 200 milhões em um novo empreendimento em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre.

O terreno foi adquirido em 2012, mas a empresa decidiu adiar a construção da unidade por causa da recessão econômica de 2015 e 2016, diz o presidente Rodrigo Demeterco. 

“Apostamos em um novo ciclo de crescimento em 2017 e começamos as obras de infraestrutura”. Foram R$ 40 milhões de recursos próprios desembolsados até o momento. O restante será financiado por bancos de fomento.

A baixa capacidade de investimento, em comparação com competidores estrangeiros, é o maior desafio das empresas brasileiras do setor, segundo Demeterco. 

“O acesso a capital saudável no país se restringe ao BNDES. As companhias que vêm de fora conseguem crédito mais barato, então conseguem fazer aportes maiores”, diz.

O complexo será o segundo no estado. O galpão de Esteio opera com lotação máxima.

9
são os condomínios, localizados em SP, PR, SC e RS

244.000 m²
é a soma das áreas construídas das unidades

 

Menos falências

Os pedidos de falência na capital paulista caíram 20,6% no acumulado deste ano até agosto, em relação ao número registrado nos oito primeiros meses de 2017, segundo a ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

O volume de recuperações judiciais requeridas recuou 49,4% nesse período, de 85 para 43.

“Os indicadores são positivos, mas a base de comparação é ruim. Houve um grande número de empresas quebradas até meados de 2017”, diz Marcel Solimeo, economista da entidade.

O segmento que teve maior variação no total de requerimentos de falência foi o de alimentos, com queda de 82%. A inflação baixa e a alta do consumo no início do ano influenciaram o resultado, segundo Solimeo.

“A inadimplência das empresas segue alta e, se o crescimento continuar tímido, afetará o indicador.”

 

Sinergia no topo

Os salários de executivos de alto nível subiram 7,3% entre  janeiro e agosto, na comparação com a média de 2017, segundo estudo da Exec.

“Não significa que a situação das empresas esteja melhor. Há uma consolidação de posições, com substituição de vários diretores por apenas um que acumule funções, por exemplo”, diz André Freire, sócio da consultoria.

A variação salarial média entre os cargos de diretoria caiu de 14% em 2017 para 8% em agosto desde ano.

“Há um achatamento por conta de demissões em níveis gerenciais. Os que ficam são os profissionais de nível hierárquico mais elevado.”

 

Intenção positiva

A intenção de lançar produtos na indústria, medido pelo pedido de novos códigos de barras, cresceu 19,5% até o terceiro trimestre, segundo a GS1 Brasil, responsável pelos registros.

A alta foi de 47,1% em setembro, em comparação ao mesmo período de 2017, e de 7,5% em relação agosto, descontados os efeitos sazonais.

O aumento ocorreu mesmo com a retração dos registros de código de barras em alguns segmentos. 
Os setores de bebidas, têxtil e de alimentos tiveram em setembro quedas de 50%, 20% e 1,3%, respectivamente, na comparação mensal.

29%
é o crescimento no número de novos pedidos de código de barra no Sudeste até setembro

2%
é o aumento no Nordeste, região com menor variação

 

intenção... O total de paulistanos que pretendem fazer compras parceladas subiu 1,2% em setembro e chegou a 21,3%, segundo a FecomercioSP.

...e planejamento Cerca de 35% dos endividados têm reservas para pagar ao menos parte dos débitos. É o maior patamar desde abril de 2015.

 

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas e Diana Lott

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