Mercado Aberto

Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mercado Aberto

Indústria e órgão de comércio exterior querem exclusão do Cade de conselho

Já existe um texto de decreto que aguarda a assinatura do presidente Temer

Maria Cristina Frias

Representantes da indústria têm se movimentado para barrar a inclusão do Cade (conselho de defesa econômica) na Camex, secretaria que toma decisões de alíquotas de importação e faz políticas de comércio exterior.

Há um texto de decreto já redigido, que aguarda assinatura de Michel Temer. O órgão não teria voto, seria um membro para ser consultado.

Os industriais enviaram uma carta ao presidente e tentam marcar um encontro para evitar a mudança.

foto da fachada da sede  Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (CADE)
Sede do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (CADE) - Divulgação

Para os representantes da indústria, o Cade tem preocupações, metodologias e instrumentos diferentes da Camex, e os propósitos dos dois não devem se confundir.

Eles também falam que a inclusão daria ao órgão de defesa da concorrência acesso a informações de setores.

Dentro da própria Camex há resistência ao projeto. Além de argumentos semelhantes aos de executivos da indústria, os técnicos dizem considerar que a medida traria lentidão às decisões.

Outro receio citado é que o Cade seja sempre contrário a medidas de defesa dos produtores de bens nacionais.

A iniciativa da alteração partiu do próprio Cade.

Para representantes da entidade de defesa da concorrência, há um exagero na oposição à medida.

A ideia é coordenar as decisões —se o Cade conhece a taxação de um importado, pode reprovar uma fusão ou aquisição, por exemplo.

Conselheiros do órgão são todos ministros

Compõem a Camex os ministros das pastas:

  • Casa Civil, presidência do conselho
  • Indústria, Comércio Exterior e Serviços
  • Relações Exteriores
  • Fazenda
  • Transportes, Portos e Aviação Civil
  • Agricultura, Pecuária e Abastecimento
  • Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
  • Secretaria-Geral da Presidência 

Como órgão consultivo:

  • Apex

Fonte: Camex

 

Custo leva grifes médias a deixarem lojas de shoppings 

As redes de vestuário de médio porte têm buscado reduzir a quantidade de lojas em shoppings e buscado abrir pontos nas ruas para reduzir seus custos, de acordo com empresários consultados pela coluna.

É o caso da TNG, que tem hoje 80% de seus 182 pontos de venda localizados em centros comerciais. A grife pretende reduzir essa parcela para 60% em 2019.

“Temos reduzido a área das lojas e fechado as menos rentáveis para reabri-las em ruas, principalmente em São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba”, diz o CEO, Tito Bessa Jr.

“O preço de um local de 100 m² em um shopping grande chega a R$ 50 mil ao mês. Migrei dez lojas para pontos fora dos empreendimentos e pago agora R$ 10 mil mensais por loja. Cai a receita, mas o custo-benefício é bom”, afirma.

“Os contratos são leoninos e temos visto a rentabilidade das lojas satélites em queda. Isso tornou a mudança para as ruas mais frequente”, diz o presidente do Sindivestuário (do setor), Ronald Masijah.

“A estagnação do varejo e os alugueis altos nos levaram a mudar a estratégia. Tínhamos 25 pontos em shoppings, agora são 17 e quatro unidades em ruas”, afirma Alberto Hiar, da Cavalera.

“Os casos têm sido pontuais, não vemos uma tendência de mudança. Os shoppings têm renegociado preços”, diz Luíz Idelfonso, diretor da Alshop (de lojistas de shoppings).

 

Aos candidatos
Janguiê Diniz, presidente da Abmes

O aumento de vagas dos programas Fies (de financiamento estudantil) e Prouni (de bolsas de estudo) é a principal demanda do setor de ensino superior privado aos candidatos à Presidência.

“Se não houver fortalecimento de ambos, o país não atingirá a meta de ter 30% dos jovens entre 17 e 24 anos matriculados na faculdade até 2024”, diz o presidente da Abmes (associação das mantenedoras), Janguiê Diniz.

“O ideal é que o Fies tenha 500 mil vagas ao ano. Atualmente são 100 mil, mas pouco mais de 50 mil são aprovadas por conta dos critérios muito rígidos.”

A flexibilização de regras da EAD (educação a distância) é outra reivindicação, segundo ele. “Os modelos presencial e EAD deveriam poder ser híbridos, com 50% de cada modalidade. Hoje, cursos tradicionais só podem ter 20% de aulas a distância.”


Propostas do setor de ensino superior privado

  • Ampliação dos recursos destinados ao Fies e do ProUni 
  • Flexibilização das regras de ensino a distância

76,8% 
dos alunos do ensino superior são de instituições privadas

6,2 milhões 
são os estudantes presenciais e a distância em faculdades particulares

209.442
são os professores empregados

 

Aporte em espera

A intenção de fazer investimentos dos empresários do comércio subiu 2,5% neste mês, enquanto a de contratar oscilou negativamente 0,6%, segundo a FecomercioSP (federação do comércio).

A propensão à realização de aportes, contudo, está em níveis inferiores aos registrados em outubro de 2017.

O índice deverá sofrer maior alteração, positiva ou negativa, após a eleição, a depender do anúncio das primeiras medidas do presidente eleito.

 

Pet online

A rede americana de pet shops Petland, que tem 89 lojas no Brasil, assinou uma opção de compra do ecommerce Geração Pet, afirma o sócio-diretor da compradora, Rodrigo Albuquerque.

A transação deverá ser efetuada em até seis meses por um valor a ser decidido.

“Como temos unidades no Brasil todo, em vez de usar um centro de distribuição, faremos a entrega via franqueado, o que leva mais negócios para as lojas”, diz ele.

 

Hora do café

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.