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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Com duplicata eletrônica, taxa para antecipar dinheiro a receber pode cair 2 pontos

Medida ainda depende de sanção presidencial

Maria Cristina Frias

A adoção da duplicata eletrônica pode implicar uma redução de até dois pontos percentuais dos valores cobrados pelos fundos especializados em antecipar recebíveis, de acordo com entidades do setor.

A medida foi aprovada pelo Senado no mês passado e ainda seguirá para a sanção presidencial e implementação.

As fraudes comuns, como uso de documento falso ou de nota para conseguir mais de uma linha de crédito, serão coibidas, diz Luiz Leite, presidente da Anfac (Associação Nacional de Fomento Comercial).

 

“Com a centralização de operações prevista em lei, os problemas deverão ser resolvidos.”

“A expectativa é que a oferta [de antecipação] vai se ampliar, inclusive com entrada de instituições que hoje não atuam no setor”, diz Fernando Fontes, da Central de Recebíveis, uma certificadora.

A estimativa dele é que a queda da taxa cobrada poderá chegar a dois pontos percentuais.

“O mercado cobra 4,5% em média, mas deve caminhar para 3%”, diz Thiago Chiliatto, sócio da Antecipa Fácil, plataforma em que se negociam títulos.

Os valores variam de acordo com o porte da empresa que emitiu a duplicata, segundo Luis Carvalho, da Anfidc (associação dos participantes em fundos de direitos creditórios).

“Uma grande companhia já consegue fechar contratos com bons valores, mesmo sem a duplicata eletrônica. O benefício da nova lei vai para as pequenas empresas.”

“Existe uma dispersão de 1,15% a 4% de taxa de desconto, de acordo com a percepção de risco do agente financeiro”, diz Fernando Kalleder, da CRDC, uma empresa do setor.

 

Prazo termina, e empresas correm para se adequar a ‘royalty’ ambiental

O prazo para empresas se adaptarem ao marco legal da biodiversidade termina nesta terça (6), mas escritórios de advocacia têm recebido uma enxurrada de pedidos de clientes que ainda buscam se informar sobre a lei.

O texto define obrigações para quem pesquisa, explora ou comercializa patrimônio genético do país e prevê sanções que variam de advertências e multas à apreensão de produtos.

A maior preocupação dos empresários tem sido a repartição de benefícios, uma espécie de ‘royalty’ ambiental, segundo Daniela Stump, sócia do escritório de advocacia Machado Meyer.

“A repartição pode ser monetária, quando se paga até 1% da receita líquida anual do produto a um fundo, ou não monetária, com investimento no meio ambiente”, afirma.

“Os setores cosmético, alimentar e farmacêutico já estavam regularizados, mas, entre os que não estão acostumados, mais de 50% não sabe que seu item está sujeito à regra”, diz Ana Luci Grizzi, sócia do Veirano.

 

Vendas de março

O varejo brasileiro deverá crescer 3,1% neste ano em volume de vendas, segundo a ACSP (associação comercial de São Paulo). 

A tendência é que 2019 comece com aceleração no desempenho do setor, de acordo com a entidade. O primeiro trimestre deverá terminar com alta de 3,5% no acumulado em 12 meses, projeta a ACSP.

“Estimamos que a curva de desempenho do segmento siga crescente ao menos até março, devido especialmente à recuperação, ainda que lenta, do emprego e do crédito”, afirma o economista Marcel Solimeo.

“Os consumidores têm se mostrado menos pessimistas, acreditam que haverá mais criação de empregos nos próximos seis meses, e essa percepção influencia as decisões de compra”, diz.

“Com as incertezas eleitorais dissipadas, a confiança empresarial tende a aumentar e aquecer o mercado de trabalho”, afirma Alencar Burti, presidente da associação.

 

Armazenamento sulista

A GuardeAqui, empresa que aluga boxes para armazenamento de objetos, investirá cerca de R$ 160 milhões em seu plano de expansão em 2019, segundo o diretor-executivo, Allan Paiotti.

“Serão ao menos seis unidades novas e alocaremos entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões em cada. O aporte inclui a compra de terrenos. Queremos crescer em São Paulo e abrir as primeiras unidades em capitais do Sul”, afirma.

“Curitiba sempre esteve no radar, mas a exigência legal de um número mínimo de vagas de estacionamento tem sido um entrave. Apesar disso, estamos em negociação para viabilizar a ida para lá.”

A empresa tem prospectado bairros com maior densidade demográfica em cidades com mais de 200 mil habitantes. 

“A zona de influência de cada loja é pequena. O consumidor em geral busca um local em que ele possa chegar em dez minutos de carro.”

A empresa tem ocupação média de 60% em seus espaços hoje, e tem buscado aumentar a proporção de locações de pessoas físicas, que costumam pagar mais pelo serviço.

A parcela de particulares é de 65%. Há dois anos, era de 50%.

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são as unidades da marca

 

Aporte estrutural

Os investimentos em infraestrutura feitos com recursos do BNDES caíram 3% no acumulado até o terceiro trimestre deste ano, de R$ 16,28 bilhões em 2017 para R$ 15,78 bilhões, segundo a CNI (confederação da indústria).

A área de telecomunicações teve retração de 92% nos desembolsos até setembro —foram R$ 77 milhões em 2018 contra R$ R$ 1 bilhão no ano passado.

A tendência é que a variação negativa se mantenha até dezembro, afirma Ilana Ferreira, da entidade.

“Não há desembolso previsto para novas grandes concessões e há muita incerteza nos próximos planos [de governo]. É muito difícil que haja uma inflexão significativa nos gastos do BNDES”, afirma Ferreira.

 

Aterrissagem Todas as passagens para destinos internacionais buscadas por brasileiros tiveram queda de preço neste ano, segundo a plataforma Viajala. A variação foi de 5% a 30% —Miami, por exemplo, teve redução de 27,5%.

No ar A companhia aérea Air Europa, do grupo Globalia,  aumentou em três o número de aeronaves que entrarão na frota da empresa até 2021. Cinco das 27 aeronaves previstas no total começarão a operar no ano que vem.

Relaxamento A rede Buddha Spa vai inaugurar cinco unidades até janeiro de 2019. Duas delas ficarão no Espírito Santo, onde a marca ainda não opera. Foram quatro inaugurações em 2018 —são, ao todo, 36 em funcionamento.

 

com Felipe Gutierrez (interino), Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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