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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Empresas são responsáveis por 25% da diferença salarial entre raças, diz estudo

Pesquisa desenvolvida por universidades americanas analisou dados de 2002 a 2014

Maria Cristina Frias

Um quarto da disparidade salarial entre os trabalhadores negros ou pardos e os brancos no Brasil está relacionado ao processo de seleção e promoção das empresas, segundo pesquisa inédita de universidades americanas.

O estudo, desenvolvido por pesquisadores de Columbia, UC Berkeley e Carnegie Mellon, utilizou dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) entre 2002 e 2014.

“Separamos trabalhadores entre brancos e não brancos, e 75% da diferença é ligada a fatores como níveis educacionais, experiência ou região de residência. O resto tem a ver com as firmas”, diz Edson Severnini, um dos autores.

Fila sob o Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, para mutirão de empregos - Zanone Fraissat - 6.ago.18/Folhapress

“Há dois tipos de vieses: algumas empresas empregam maior proporção de brancos, o que explica 20% da disparidade. Os outros 5% vêm das companhias que pagam menos para não brancos”, afirma.

Quanto maior é a qualificação profissional dos trabalhadores, maior é o descompasso.

“A lei proíbe discriminação racial, mas o Judiciário às vezes não enxerga esse desnível de contratações como racismo direto. O marco legal deveria ser atualizado com metas de admissão ou cotas”, afirma Thiago Amparo, da FGV.

“As lideranças empresariais precisam admitir que temos um problema. As experiências de ações afirmativas ainda são incipientes”, diz Ana Lúcia Custódio, do Instituto Ethos.

“Os diretores geralmente falam em promover a diversidade, mas isso precisa chegar aos demais gestores. O recrutamento às cegas pode ser uma opção”, diz Jorgete Lemos, da ABRH (associação de recursos humanos).

 

Tarifa de luz que varia com o horário demora para engrenar

A tarifa branca, um mecanismo implementado neste ano para incentivar os consumidores de luz a usar energia fora dos horários de pico, teve adesão de menos de 2.000 clientes, segundo a Aneel.

O número de conexões que podem migrar é de 80 milhões, segundo Thais Prandini, sócia da consultoria Thymos Energia.

“Falta propaganda para que a tarifa branca consiga engrenar. Além disso, há casos de clientes que a adotaram e não tiveram uma redução significativa em suas contas de luz.”

A maior parte dos que aderiram é de lojas ou pequenas indústrias.

Nesses casos, o consumo já acontece fora dos horários de pico de uso de energia, quando a luz é mais barata, então é uma decisão que não precisa nem mesmo de reflexão para ser tomada, afirma.

O cliente residencial precisa ver as flutuações de preço em tempo real para decidir em qual horário usar energia, diz Lucas Guimarães, do Madrona Advogados.

“As adesões vão subir quando os medidores inteligentes ficarem mais baratos.”

 

Finalmente, sexta-feira

A preparação logística de shopping centers para a Black Friday será pela primeira vez, em 2018, igual à de outras datas comemorativas, segundo Glauco Humai, presidente da Abrasce (associação setorial).

As marcas têm aumentado os estoques, e o ritmo de reposição está em nível semelhante ao do Natal ou do Dia das Mães, por exemplo.

“A Black Friday nasceu online e se tornou um evento do varejo físico, até porque cada vez mais as redes têm utilizado as próprias lojas como centro de distribuição”, diz ele.

O setor esperava um aumento de 6% na receita em shoppings durante o evento, mas revisou a projeção para 8%.

A previsão é de um gasto médio de R$ 300 por compra —as categorias mais procuradas são de celulares e informática.

 

Pompa e circunstância

A incorporadora Setin investiu cerca de R$ 100 milhões para lançar quatro edifícios residenciais na cidade de São Paulo. A expectativa é que as vendas de apartamentos sejam de R$ 500 milhões.

“Mesmo que haja um contingente grande de desempregados, há um ainda maior de possíveis compradores. Há financiamento abundante e os bancos estão abertos”, diz o sócio Antônio Setin. 

Esse não é o único motivo pelo qual os prédios vão a mercado, segundo ele.

Em algumas negociações, ele paga o terreno com uma permuta —dá apartamentos em troca— e há prazo contratuais a serem observados.

Existem também casos em que o alvará da prefeitura não pode mais ser renovado.

Ainda que existam todas essas contingências no caso dos quatro lançamentos da incorporadora, há melhora do mercado porque há mais otimismo com a economia, afirma Setin.

99
prédios foram lançados pela incorporadora

34
hotéis construídos

 

Régua... A Athié Wohnrath, empresa de arquitetura que também executa obras, investirá
R$ 25 milhões até o fim de 2019. Ela é especializada no mercado corporativo.

...e calculadora Os aportes são principalmente em softwares. Ela contratou uma consultoria para diminuir os erros nas execuções —a estimativa é reduzir custos em R$ 20 milhões.

Criptomoeda... O volume de bitcoins negociados no Brasil em outubro caiu 11,27% em relação ao mês anterior, segundo a corretora Foxbit.

...em baixa O valor baixou 11,56%, impactado pela redução do dólar, segundo a empresa, que analisou 16 corretoras com atuação no país.

Empréstimo Metade (51%) dos pequenos e médios empresários dizem ter dificuldade em conseguir crédito, diz a Sage, de tecnologia.

 

Hora do café

com Felipe Gutierrez (interino), Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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