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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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TV paga já perdeu mais de 2 milhões de assinantes no Brasil

Perda de clientes permite que donas dos canais cobrem mais caro das operadoras, diz executivo

Maria Cristina Frias

Mais de 2 milhões de assinantes deixaram de ser clientes de TV paga entre março de 2015, auge do setor, e outubro deste ano. É uma queda superior a 10% da base de clientes. Os dados são da Anatel, a agência de regulamentação.

O serviço por satélite, que é tradicionalmente mais usado por consumidores de entrada, perdeu 2,4 milhões de famílias —outras tecnologias compensaram parte dessa redução.

A crise econômica explica o desempenho, de acordo com a ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura).

Aparelhos de TV em loja de departamento na capital paulista - Rubens Cavallari - 18.out.11/Folhapress

Aliado à recessão, há o receio de inadimplência, que fez as operadoras cortarem as ligações dos assinantes com agilidade e serem criteriosas na hora de aceitar clientes, segundo Oscar de Oliveira, presidente executivo da entidade.

“A troca de TV paga por consumo pela internet não explica, nesse momento, os resultados. Por enquanto ainda há muita complementaridade.” 

Os números devem melhorar nos próximos anos, com uma retomada econômica, diz.

A perda de clientes fez com que as programadoras (donas dos canais) passassem a cobrar mais caro das operadoras, segundo um executivo que não quer ser identificado.

O preço é mais baixo se a base de assinantes for maior. Os termos dos contratos têm sido rediscutidos.
Para produtoras de conteúdo, a queda da TV paga e o crescimento do streaming fazem com que o licenciamento seja negociado de uma vez só, segundo Cláudio Lins de Vasconcelos, advogado do escritório que leva seu sobrenome.

“Antes, os produtos eram negociados na TV fechada e depois nos canais abertos. Agora é uma rodada só.”

 

Som no norte

A Multilaser prevê investir ao menos R$ 60 milhões em suas linhas de montagem no ano que vem, segundo o diretor-executivo da companhia, Alexandre Ostrowiecki.

Os recursos são próprios, de acordo com ele.

“Produziremos caixas de som e rádios para carros, que hoje importamos da Ásia, em nossa fábrica em Manaus. Para isso, faremos um aporte de R$ 20 milhões”, afirma.

A marca deverá ainda adquirir R$ 40 milhões em máquinas para a produção de eletroportáteis. A maioria dos equipamentos será usada em sua planta em Extrema (MG).

“A unidade vai receber linhas novas de batedeiras, liquidificadores e ventiladores, que começarão a ser fabricados ali já no início de 2019”, diz.

A empresa, que prospectou o mercado neste ano com a intenção de fazer um IPO (oferta pública de ações), adiou o plano. “Não faremos por enquanto, pelo menos não no primeiro semestre.”

R$ 2,5 bilhões
é a projeção de receita para 2018

 

Norma que ampliaria responsabilidade de sócio por dívida fiscal é questionada

A proposta que regulamenta a responsabilização de sócios de empresas por passivos tributários, que está em consulta pública pela Receita Federal até 6 de dezembro, tem sido questionada por advogados especializados no tema.

O texto cria novas possibilidades para que o fisco obrigue os administradores a pagarem com seus patrimônios pessoais as dívidas geradas por fraudes fiscais em companhias, por exemplo.

“Um auditor poderá imputar um sócio que não tenha sido citado em processo já encerrado, e o empresário terá que se defender perante o próprio servidor que proferiu a decisão, o que viola o direito de defesa”, diz Hugo Leal, do Cescon Barrieu.

“O mais grave é que o texto dá margem para que o lançamento possa ser feito fora do prazo habitual, de no máximo cinco anos e 11 meses. Isso gera insegurança jurídica”, diz Tathiane Piscitelli, da FGV.

“Mesmo se aprovada, a instrução não terá caráter de lei e poderá ser questionada pelo contribuinte”, diz Marco Behrndt, do Machado Meyer.

“A interpretação dos fiscais sobre o que é fraude é cada vez mais amplia. O sócio pode questionar e vencer na Justiça, mas isso leva anos”, diz Thiago Medaglia, do Cascione.

 

Um pedaço só para mim

Um projeto de lei que aguarda sanção e regulamenta a compra fracionada de imóveis tem aumentado o interesse de empresas de hotelaria e incorporação no país.

O segmento permite que vários proprietários adquiram  uma fatia de um quarto de hotel, por exemplo, e usufruam por um determinado número de semanas ou as troque por uma estadia em um estabelecimento parceiro.

“Pelas consultas que temos recebido, 2019 será um ano em que fundos acostumados com Portugal, Espanha e Estados Unidos vão investir aqui”, diz Rodrigo de Castro, sócio do Veirano Advogados.

“O mercado já está aquecido. A previsão era nos afiliarmos a dez empreendimentos neste ano e fecharemos 2018 com 14”, diz Fabiana Leite, à frente da RCI, que trabalha com multipropriedade e pertence à americana Wyndham.

Além do respaldo jurídico, o projeto facilitará a captação com bancos e fundos, segundo Fernando Martinelli, diretor-executivo do concorrente Interval, do Marriott Vacation Worldwide.

 

Férias... A WAM, que atua com venda fracionada de imóveis e incorporação, prevê um aporte de R$ 1,1 bilhão em sete empreendimentos.

...em fatias Os recursos são gerados com a venda dos projetos e uma parte é captada no mercado financeiro, segundo o diretor Danilo Samezina.

Olhar... O número de profissionais de vendas e marketing otimistas com o futuro dos negócios chegou a 49,2% no terceiro trimestre.

...adiante No segundo trimestre, eram 36,9%, segundo a ADVB (associação do setor) e a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

 

Hora do café

com Felipe Gutierrez (interino), Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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