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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Ministro de Minas e Energia foi escolhido porque não tinha lobby, diz Mourão

Um dos dilemas da pasta é a conclusão da usina de Angra 3

Maria Cristina Frias

O futuro ministro de Minas e Energia, Bento Costa Lima Leite, foi escolhido por não ter sido indicado por nenhum setor relacionado à pasta, segundo o general Hamilton Mourão (PRTB), vice-presidente eleito.

“Havia uma disputa entre dois lobbies, o do óleo e gás e o da energia elétrica. O [Jair] Bolsonaro [presidente eleito] optou por um terceiro nome”, disse por telefone à coluna.

Um dos dilemas do ministério é a conclusão da usina nuclear de Angra 3 —parada depois de consumir R$ 6,9 bilhões e que demandará mais R$ 17 bilhões. Para o próximo ministro, é prioridade.

Mourão afirma o mesmo: “Não podemos desperdiçar o investimento feito e nem ficarmos defasados em energia nuclear, que é limpa”.

Durante a campanha e após a eleição, o general manteve agenda com representantes de diversos segmentos da iniciativa privada.

“Eu não tenho uma função específica. Nosso homem da economia é o Paulo Guedes, com quem vou trocar ideias sobre os principais problemas relativos à economia.”

O papel dos militares na área será limitado —ele cita que apenas o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, lidará com questões econômicas.

Cruz será o responsável pelo PPI (Programa de Parcerias e Investimentos).

“O ministério de Infraestrutura ficou na mão do Tarcísio de Freitas, mas ele pediu demissão do Exército, e eu o considero mais civil que militar.”

 

Rede social  Para Mourão, Jair Bolsonaro foi claro em seu “live”: se houve algum ilícito no caso de José Carlos de Queiroz, ex-assessor de Flávio, que se apure.

Venezuela... “A questão da Venezuela tem que ser resolvida pelos venezuelanos”, diz. O Brasil só pode oferecer intermediação para que governo e oposição dialoguem.

...e nós O princípio da não-interferência sempre norteou a nossa política externa porque brasileiros não aceitam interferência nos assuntos domésticos, afirma Mourão.

 

Entidades querem rever itens subsidiados pelas contas de energia

O orçamento dos subsídios financiados pelas contas de luz de 2019 está em discussão e, na terça-feira (18), acaba o prazo em que a Aneel (agência do setor elétrico) recebe sugestões.

A subvenção paga neste ano na CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) chegou a R$ 18 bilhões. A proposta para o ano que vem é que haja uma alta de 4%.

Entidades do setor, no entanto, esperam que esses números sejam revistos.

“Há espaço para reduzir cerca de R$ 3 bilhões com resoluções da própria Aneel sobre os programas financiados que não são respeitados”, afirma Edvaldo Santana, presidente da Abrace (associação de grandes consumidores).

Os subsídios a quem usa energia na irrigação, por exemplo, só deveriam ser dados mediante apresentação de licença ambiental, o que não acontece, segundo ele.

Também existe sobreposição de subsídios, diz Richard Lee Hochstetler, diretor do Instituto Acende Brasil. “Há quem receba energia por valor subvencionado duas vezes por ter aquicultura e agricultura. Isso pode ser cortado.”

 

Vagas em autarquias 

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e a Susep (Superintendência de Seguros Privados) estão entre as autarquias que há mais tempo não contratam servidores. 

Nas duas autarquias houve queda no número de servidores nos últimos cinco anos.

A Susep perdeu aproximadamente 20% do total de funcionários no período. O último concurso público para preenchimento de 130 vagas ocorreu em 2010.

Desde então, o órgão pediu seis vezes para abrir novos certames —a cada ano, desde 2013. Não foi atendido.

Na CVM, por sua vez, a quantidade de pessoas em atividade encolheu cerca de 13%, segundo dados do Portal Transparência. A comissão fez um concurso em 2010, quando foram preenchidas vagas até 2014.

A autarquia pediu a abertura de postos à Fazenda, segundo nota da CVM.

“Este ano a autarquia encaminhou solicitação de concurso, com vistas à sua aprovação, para 2019, porém, até o momento, não obteve retorno sobre o pleito.”

 

Deus abençoe os EUA

A exportação de móveis deverá terminar o ano com alta próxima dos 12% neste ano, sobretudo devido ao aumento da demanda do mercado americano, principal comprador do produto brasileiro.

O faturamento da indústria moveleira com as vendas ao exterior foi de US$ 631,7 milhões (R$ 2,47 bilhões no câmbio atual) no acumulado entre janeiro e novembro deste ano. 

O valor já é maior do que o registrado em todo 2017 e 11,7% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo o Sindmóveis, sindicato da indústria do setor em Bento Gonçalves (RS), que faz o levantamento.

Só os Estados Unidos importaram do Brasil US$ 193,6 milhões até o ano passado, alta de 28%.

“É crescente o número de marcas com operação nos EUA. O câmbio ajuda. Estimamos que em média 10% da receita do setor venha de exportações”, diz Denise Valduga, diretora-executiva do Sindmóveis.

 

Hora do café

com Felipe Gutierrez (interino), Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

 
Erramos: o texto foi alterado

O sobrenome do novo ministro da Infraestrutura é Freitas, não Meira, como constava na versão anterior do texto.

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