Mercado Aberto

Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mercado Aberto

Multa do FGTS pode ter acelerado demissões durante a crise, afirma estudo

Penalidade só desestimula a dispensa de empresados em crises curtas, segundo pesquisador

Maria Cristina Frias

A multa paga pelo empregador em caso de demissão sem justa causa, com base no valor dos depósitos do FGTS, estimula cortes de pessoal em recessões duradouras, segundo pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte.

A penalidade, instituída para desestimular a dispensa de funcionários, tem esse efeito só em crises de curta duração, como a de 2009, segundo Calebe Figueiredo, um dos autores.

O estudo analisou os depósitos do FGTS, salários do setor formal e a empregabilidade no país em períodos anteriores e posteriores às recessões brasileiras desde 2002.

Carteira de trabalho - Gabriel Cabral - 6.dez.17/Folhapress

“Quando a época de vacas magras começa, conta na decisão do empresário o risco de ter de demitir no futuro”, diz.

“O valor da multa depende do tempo de casa do empregado. É mais barato para a empresa fazer cortes o quanto antes, se a perspectiva de curto prazo não é de crescimento. Por custo, os demitidos costumam ser os mais jovens.”

“Como o dinheiro da penalidade vai para o trabalhador, ele tem incentivo para querer a demissão. A volatilidade entre os pouco qualificados é alta e, no início da crise, o custo de desligamento deles é menor”, diz Sergio Firpo, do Insper.

“A avaliação geral em 2014 foi a de que o problema da economia tinha solução lenta. Nesse contexto, o desenho do FGTS é crucial para a alta acentuada do desemprego no início da crise e para a sua retomada fraca agora”, diz Figueiredo.

Em uma eventual melhora da economia, o setor formal deverá ser mais cauteloso em voltar a contratar, o que pode aumentar a informalidade no mercado de trabalho, segundo ele.

Gráfico mostra evolução da proporção dos depósitos do FGTS na poupança
Editoria de Arte/Folhapress

 

Criação de vagas para mulheres em SP cresce mais rapidamente

A criação de vagas para mulheres de São Paulo foi a maior do país, nos critérios de gênero e estado, entre janeiro e novembro deste ano, de acordo com dados do Ministério do Trabalho. Foram 44 mil novos postos.

Os serviços e o comércio foram áreas que mais contrataram neste ano, e são setores onde tradicionalmente há mais emprego feminino, diz Clemente Ganz Lúcio, diretor do Dieese (departamento intersindical de estatística).

“Houve muita formalização de trabalho doméstico e de auxiliares de vendas.”

No país inteiro, foram criados mais postos para homens, mas a diferença caiu em relação ao ano passado.

A situação das mulheres no mercado de trabalho tem melhorado, segundo Marcelo Neri, professor da FGV.

“Mulheres têm um ativo, que são anos de educação, e talvez o mercado de trabalho tenha começado a dar mais valor a esse atributo.”

O mês de dezembro, no entanto, é um em que tradicionalmente há muitas demissões ligadas ao fim do ano, e elas deverão afetar mais mulheres que homens.

 

 

Emprego Ladeira abaixo

O nível de emprego na construção pesada em São Paulo caiu pelo sexto mês consecutivo em outubro, segundo o Sinicesp (sindicato do setor).

Foram 392 postos de trabalho cortados no décimo mês do ano e 1.934 no acumulado de 2018.

Há uma expectativa de que o presidente eleito Jair Bolsonaro priorize a geração de vagas, algo que poderia ser impulsionado pela área de infraestrutura, segundo Carlos Eduardo Prado, da entidade.

“Aguardamos o próximo governo com otimismo. Falar hoje em reversão de tendência ou luz no fim do túnel, porém, seria mentira”, diz ele.

“Deverá haver uma ênfase grande em parcerias público-privadas, mas ainda não temos nenhum projeto grande bem delineado.”

 

Cooperação acima da média

A Coop, cooperativa de consumo que tem 31 supermercados e 50 farmácias no estado de São Paulo, planeja investir R$ 147 milhões em 2019, quase 50% a mais que o destinado normalmente a novas lojas e reformas.

“É um aporte pesado em expansão, tecnologia e manutenção. Só em reformas de unidades serão R$ 45 milhões”, diz Marcio Valle, presidente-executivo da empresa.

O grupo planeja abrir três operações —uma delas atrasada, inicialmente prevista para 2018— e sete drogarias.

A marca deverá encerrar 2018 com um crescimento de 2,5% na receita, abaixo da inflação e dos 4% projetados no início deste ano.

“A perspectiva é de um 2019 melhor, com reversão da deflação nos supermercados e uma reação mais consistente do consumidor, já sentida neste segundo semestre."

R$ 2,2 bilhões
é o faturamento da Coop

6.000
são os funcionários

 

Hora do café

com Felipe Gutierrez (interino), Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.