Mirian Goldenberg

Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"

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Mirian Goldenberg

Como sobreviver em tempos de tanto ódio e violência?

Para 'ser leve' em meio à violência, a solução pode ser focar no que importa e no que se pode mudar

Mais de 60% das mulheres que pesquisei disseram: “Quero ser mais leve!”. Elas invejam a capacidade masculina de não se levar tão a sério, de brincar e rir de qualquer bobagem e, principalmente, a arte de “ser leve” mesmo em tempos de tanto ódio e violência.

Perguntei aos homens: “O que significa ser leve”?

A duquesa de Cambridge, Kate Middleton, com cabelos esvoaçantes
A duquesa de Cambridge, Kate Middleton - Paul Ellis/AFP

Um engenheiro de 62 anos respondeu: “Minha mulher é magra de corpo, mas  não consegue ser leve de espírito. Está sempre insatisfeita, critica tudo, reclama e exige demais. Vive se comparando com mulheres mais jovens e bonitas. Quer fazer mil coisas e fica frustrada. Só sobrevive à base de remédios”.

Ele diz que ser leve é ser mais simples, parar de reclamar das faltas e ser grato por tudo o que tem, e aproveitar o tempo para fazer o que realmente gosta. Ele, que sempre se preocupou em ganhar muito dinheiro e sofria demais com as crises econômicas e políticas, mudou radicalmente com “um clique”.

“Descobri uma coisa muito simples quando meu melhor amigo morreu: ter o bastante é ter o que me basta. Não é ter muito, é ter o que preciso para ser feliz. Decidi ter uma vida mais simples, meu celular é o mais barato que existe, só serve para fazer as ligações necessárias. Não tenho whatsapp, face, instagram, nada dessas merdas que só tiram o foco do que é realmente importante. O que é importante? Minha família, meu trabalho, meus amigos e tudo o que faço com alegria”.

Um executivo de 67 anos contou:

“Depois de um enfarte mudei completamente o meu estilo de vida. Só me cerco de pessoas que me fazem rir e que riem das minhas brincadeiras. Criei uma barreira psicológica contra o ódio e a violência generalizada. Aprendi a lidar melhor com os problemas, presto mais atenção nos outros, escuto muito mais do que falo. Passei a caminhar na areia descalço, só uso roupas confortáveis, curto o silêncio e a natureza. Não tenho vergonha de chorar e de pedir um abraço quando estou com medo. Hoje sou um homem muito melhor”.

Ele conclui: “Peço todos os dias: ‘Senhor me dê serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as coisas que posso e sabedoria para reconhecer a diferença entre elas’”. 

Você também precisa de um “clique” para mudar as coisas que pode mudar?

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