Escrevi uma coluna para a Folha afirmando que o sono é o novo sexo para as mulheres. O título —Para muitas mulheres, sexo se tornou só uma ação que rouba minutos de sono— reflete a realidade que tenho observado em inúmeras brasileiras.

Alguns leitores me escreveram para dizer que também estão exaustos, estressados, deprimidos, angustiados e que, por isso, não têm muita vontade, disposição e tempo para o sexo.

Um músico de 43 anos disse: "Fomos educados para transar o tempo todo, para acreditar que o homem de verdade é o garanhão, que não perde qualquer oportunidade. Todo mundo cobra uma alta performance sexual dos homens: as mulheres, os amigos e especialmente nós mesmos. É muita pressão. É difícil admitir que, muitas vezes, também precisamos dormir um pouco mais em vez de transar".

Em uma pesquisa com 1279 homens e mulheres perguntei: "O que todo homem é?". As respostas mais frequentes foram: "galinha, machista e infiel". As respostas para "O que toda mulher é?" foram: "romântica, sensível e maternal". É possível perceber que, apesar de muitos comportamentos terem mudado nas últimas décadas, os estereótipos e preconceitos permanecem. O modelo hegemônico de masculinidade continua associado a um comportamento sexual ativo e diversificado.

Homens e mulheres disseram que os principais problemas no casamento são estes: falta de compreensão, de carinho, de cuidado, de atenção, de escuta, de tempo, de reconhecimento, de respeito etc. Pouquíssimos responderam "falta de sexo". Algumas mulheres responderam: "falta tudo!"

Na interminável lista de obrigações profissionais e familiares que precisamos cumprir todos os dias, o sexo parece ter se tornado, para muitos brasileiros, apenas mais um dever que rouba alguns minutos do sono.

Você também está no time dos que preferem dormir (só) mais um pouquinho?