Pesquisas recentes nos Estados Unidos mostraram que grande parte dos casais tem uma única relação por mês e que cerca de 20% não fazem mais sexo. Como é provável que muitos tenham vergonha de confessar, o número pode ser ainda maior.
Passei alguns meses na Alemanha e entrevistei muitas mulheres de 40 a 60 anos. Algumas disseram que são felizes porque têm uma relação de companheirismo, cumplicidade e intimidade com os parceiros.
Mas um dado me chamou atenção: elas não têm mais vida sexual nem com o marido nem com outros homens. Eles são amigos, gostam da companhia do outro, conversam e dão boas risadas, mas, na cama, perderam o interesse sexual.
Elas falaram sobre essa ausência de sexo como um fato natural em uma relação de muitos anos. Apesar do desejo sexual ter diminuído com o tempo, elas descobriram outros prazeres com o marido.
Além das mulheres na Alemanha, tenho entrevistado também brasileiras que não têm mais relações sexuais com os maridos. A diferença é que elas têm vergonha de admitir que o sexo acabou em seus casamentos. Elas demonstram que a preocupação maior não é com o próprio prazer, mas, sim, com a necessidade de serem desejadas pelos parceiros.
Essas mulheres sofrem por se sentirem rejeitadas, desvalorizadas, fracassadas e até mesmo culpadas por não corresponderem ao modelo esperado de ser mulher em nossa cultura.
O mais curioso é que algumas mulheres afirmaram que "o sexo nunca foi bom", mas que gostariam de ser atraentes como foram na juventude, como se a falta de sexo fosse a prova concreta de que elas envelheceram.
Também demonstraram medo de que os maridos as trocassem por mulheres mais jovens. A ausência de sexo é um fator de insegurança provocado pelo pânico de envelhecer.
Como me revelou uma empresária de 62 anos: "Sou muito cobrada pelas minhas amigas por ter me aposentado nesse departamento. Mas se eu amo meu marido e somos felizes sem sexo, qual é o problema?".
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