Mirian Goldenberg

Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"

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Mirian Goldenberg

'É só uma gripezinha!'

Somos cercados de indivíduos tóxicos, perversos e destrutivos, que prejudicam e destroem a nossa saúde física e mental

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Estamos testemunhando assustados a rápida proliferação dos vampiros emocionais. Vampiros são indivíduos tóxicos que só sabem destruir, odiar, agredir, xingar e colocar a culpa nos outros pelos problemas que eles mesmos criam. Você sabe de quem eu estou falando?

Vampiros só se preocupam com o próprio umbigo, são extremamente egoístas e acreditam que todos têm a obrigação de atender imediatamente às suas demandas insanas. Vampiros acham que são os únicos afetados pela pandemia e pela crise política e econômica. Vampiros são malignos, arrogantes, mentirosos e manipuladores. Vampiros se alimentam de sangue, violência e pânico. Você sabe de quem eu estou falando?

Além de serem egocêntricos, de não terem empatia por ninguém, de não conseguirem enxergar e escutar os outros, vampiros adoram tornar a vida de todos um inferno. Vampiros pensam que são seres superiores e cobram uma obediência cega daqueles que eles xingam de bundões e cagões. Você sabe de quem eu estou falando?

Drácula olhando para frente com os braços levantados
Cena do filme "Drácula" (1931) - Divulgação

Para uma psicóloga de 45 anos, existem dois tipos de vampiros: o “vampiro no aumentativo”, aquele que é ostensivamente perverso e perigoso, e o “vampiro no diminutivo”, aquele que parece inocente e inofensivo.

“Existe o vampiro que é assumidamente sádico e odiento, e outro que finge ser bonzinho e que se faz de vítima. Minha sogra vampiriza no diminutivo. Se estou de regime, provoca: ‘Mas minha queridinha, fiz o bolinho que você gosta, come só um pedacinho’. Ela liga todos os dias só para pedir um favorzinho. Meu marido fica com tanta culpa que acaba fazendo tudo o que ela quer, por mais absurdo que seja o favorzinho. Uma vez ele até tentou dizer não, pois estava doente e exausto. Ela ficou indignada: ‘Que exagero. É só uma gripezinha! O que custa fazer um favorzinho para sua mãezinha?’ Tenho vontade de gritar: ‘Sogrinha, para de ser uma vampira dissimulada”.

Você já reparou que os vampiros são mestres em usar o diminutivo para sugar a nossa saúde física e mental, e doutores em nos fazer sentir culpa?

"Pode me fazer um favorzinho? É só um minutinho, me ajuda a resolver um probleminha? Você é neurótica, foi só uma brincadeirinha! Deixa de ser cagão, é só uma gripezinha!”.

Quando os vampiros escutam um sonoro não, reagem com violência: "Nossa, como você é egoísta!". Você sabe de quem eu estou falando?

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