Mirian Goldenberg

Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"

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Mirian Goldenberg

'Toda mulher é meio Fernanda Montenegro'

Cada mulher que tem a coragem de exercer a sua vocação, inspira e liberta outras mulheres que querem ser mais livres, realizadas e felizes

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Há mais de vinte anos venho realizando uma pesquisa com 5.000 homens e mulheres. No início da pesquisa, as mulheres afirmaram que invejavam o corpo, beleza e sensualidade de outras mulheres. Hoje, invejam mais a inteligência, independência financeira e realização profissional.

Os exemplos também mudaram. Antes, Gisele Bündchen e Angelina Jolie eram as mais invejadas. Agora, Fernanda Montenegro e Michelle Obama são as mais citadas.

Nas respostas para a questão “Dê um exemplo de uma mulher que envelheceu bem”, Fernanda Montenegro é uma unanimidade em todas as faixas etárias. Ela não aparece apenas como exemplo de “bela velhice”, mas como inspiração para as mulheres serem mais livres e autênticas. Ela é “ageless”, “sem idade”, inclassificável: uma mulher que nunca se aposentou da sua vocação.

Quando deu vida à obra de Simone de Beauvoir, Fernanda Montenegro disse que assinaria embaixo do seguinte trecho do monólogo “Viver sem tempos mortos”:

“A impressão que eu tenho é de não ter envelhecido, embora eu esteja instalada na velhice. O meu passado é a referência que me projeta e que eu devo ultrapassar. Portanto, ao meu passado eu devo o meu saber e a minha ignorância, as minhas necessidades, as minhas relações, a minha cultura e o meu corpo. Que espaço o meu passado deixa para a minha liberdade hoje? Não sou escrava dele. O que eu sempre quis foi comunicar da maneira mais direta o sabor da minha vida. Vivi em um mundo de homens guardando em mim o melhor da minha feminilidade. Não desejei e não desejo nada mais do que viver sem tempos mortos”.

Fernanda Montenegro continua lutando corajosamente pela liberdade e democracia no Brasil, e exercendo com plenitude e beleza o seu ofício e vocação. “Ninguém ou sistema nenhum vai nos calar”, ela disse recentemente em defesa da liberdade de expressão. “Só há uma cultura que constrói um país: é a cultura da liberdade. A cultura liberta, cria a alma de uma nação”.

Rita Lee cantou que “Toda mulher é meio Leila Diniz”, homenageando um ícone da revolução comportamental do século passado. Neste 16 de outubro de 2020, dia em que Fernanda Montenegro completa 91 anos, todos os brasileiros que lutam pela liberdade e democracia deveriam se unir para cantar com muito orgulho e gratidão que “Toda mulher é meio Fernanda Montenegro”.

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