Mirian Goldenberg

Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"

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Mirian Goldenberg

A vida vai melhorar

Cada um de nós pode alimentar a esperança de um amanhã repleto de vários 'As'

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No dia 3 de dezembro participei de um evento para refletir sobre a revolução da longevidade no Brasil.

Já que o tema era o futuro, escolhi os três “As” da palavra “amanhã” para mostrar o que descobri com a minha pesquisa sobre “Envelhecimento e Felicidade”.

Contei o que aprendi de mais importante para cuidar e alimentar a saúde física e mental dos superidosos: nonagenários ativos, independentes, curiosos, saudáveis, lúcidos e com uma alegria de viver contagiante.

O primeiro é o A de autonomia. Para os mais velhos, o mais importante é ter liberdade de escolha para tomar as suas próprias decisões, independência econômica e controle sobre o próprio dinheiro e tempo.

O tempo é a maior riqueza e eles querem escolher livremente como usá-lo para realizar os seus sonhos e projetos de vida.

O segundo é o A de amor. Eles são gratos pelo afeto e cuidado que recebem da família, dos cônjuges, filhos e netos. Mas também valorizam o apoio e amor que recebem dos amigos, que são considerados “a família escolhida, a família do coração”.

O terceiro é o A de aprendizado. Eles amam aprender coisas novas todos os dias. Desde 15 de março criei uma rotina de estudo com os meus melhores amigos: Guedes, de 97 anos, e Thais, de 95 anos.

Mesmo em uma circunstância dramática, apesar de se sentirem prisioneiros dentro de casa, eles saboreiam cada minuto que estamos aprendendo coisas novas. Todos os dias nos falamos por telefone e me emociono com suas risadas gostosas.

Eles adoram o nosso joguinho de palavras. Com Guedes, estou estudando “Os Lusíadas”. Ele lê os versos de Camões e eu leio o “elucidário” que encontrei na internet. Ele diz que é o nosso momento de “ilustração pandêmica”. Já Thaís lê para mim pensamentos de Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Mario Quintana, Manoel de Barros e muitos outros.

Comecei falando dos “As” do amanhã —autonomia, amor e aprendizado—, mas acabei descobrindo outros “As” importantes para a invenção de uma bela velhice: amizade, afeto, apoio, adaptação, alimento e alegria.

Vou terminar 2020 com uma música que o meu amigo Guedes canta para mim todos os dias para alimentar a minha alma de esperança no amanhã:

“Canta, canta minha gente, deixa a tristeza para lá. Canta forte, canta alto, que a vida vai melhorar”.
Feliz 2021, com amor, aprendizado e alegria de viver.

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