Como prometi na coluna “Sou fiel por preguiça: trair dá muito trabalho!”, irei revelar as respostas femininas para a minha pesquisa sobre amor, sexo e traição com 1.279 homens e mulheres.

Os comportamentos sexuais não estão tão distantes, já que 60% dos homens e 47% das mulheres afirmaram que já foram infiéis. No entanto, as diferenças são gritantes quando eles e elas apontam os motivos da traição. Nenhuma mulher disse que traiu porque é “poligâmica por natureza”, nem porque “pintou uma oportunidade”, “os homens dão muito mole” e “a carne é fraca”.

Para muitas mulheres, como mostro no livro “Por que homens e mulheres traem?”, a culpa da traição é sempre do homem: seja por sua natureza infiel, seja por seus inúmeros defeitos como marido. Elas dizem que a falta de escuta, de intimidade, de romance, de carinho, de cuidado, de compreensão e de reconhecimento são muito mais ameaçadoras para o casamento do que a falta de sexo.

Por que então as mulheres traem?

Encontrei diferentes discursos entre as mulheres que são (ou foram) infiéis.

A “infiel romântica”: “Meu marido não me escuta, não me namora, não me beija mais na boca. Ele era um príncipe encantado, agora é um sapo chato. Meu amante me valoriza, me trata como uma princesa, sabe me escutar com atenção, diz que me ama o tempo todo. Ele me dá tudo o que eu mais preciso para ser uma mulher feliz”.

A “infiel narcisista”: “Eu preciso me sentir desejada, amada, valorizada. Com meu marido eu me sinto invisível, ele parece que está transando com uma mulher genérica ou com uma boneca inflável. Tenho um ou dois amantes em stand by para sempre que eu preciso me sentir linda, poderosa e gostosa”.

A “infiel divertida”: “Sou muito brincalhona, mas meu marido não gosta das minhas brincadeiras. Ele é muito crítico, fechado e mal-humorado. Isso para mim é brochante. Meu amante ri muito das minhas palhaçadas e, mais importante do que tudo, ele sabe como me fazer dar risadas. Tenho mais prazer com as risadas gostosas do meu amante do que fazendo sexo com meu marido”.

A “infiel safada”: “Meu marido acha que preliminares são só cinco minutinhos de nheco-nheco na cama. Já meu amante sabe que preliminares é tudo o que ele faz para me seduzir 24 horas do dia, especialmente as mensagens safadas que ele envia por WhatsApp”.

A “infiel virtual”: “Meu marido é tão careta que não gosta que eu me masturbe com o vibrador. Não é à toa que tenho um amante para realizar as minhas fantasias. Quando meu marido vai dormir, fico horas no computador conversando e transando com meu amante virtual. Tenho mais intimidade com ele do que com meu marido. Ele adora me ver tendo prazer com meus brinquedinhos”.

A “infiel libertária”: “Os homens podem trair descaradamente e são chamados de garanhões e pegadores. As mulheres quando traem são xingadas de putas e vagabundas. Fui traída a vida inteira pelo meu marido, agora é a minha vez. Cansei do papel de esposa doce, recatada e do lar. Transo com quem eu quero e foda-se o que os outros vão pensar”.

A “infiel ciumenta”: “Meu marido nunca foi fiel, é da natureza dele. A sorte é que eu tenho um amante 100% fiel. Tenho muito ciúme dele, preciso ter certeza de que ele transa só comigo. Só sou infiel porque preciso do amor incondicional de um homem fiel. Não é um paradoxo maluco?”

A “infiel vingativa”: “Depois de vinte anos de casamento, descobri que meu marido me traía com a secretária. Fiquei com tanto ódio que precisei dar o troco. Transei com meu personal trainer, um garoto tesudo de 25 anos. Lembra da peça ‘Perdoa-me por me traíres’, do Nelson Rodrigues, quando o marido pede desculpas por ter sido traído pela mulher? Meu marido é o verdadeiro culpado pela minha traição. Sou infiel por vingança: meu marido devia me pedir perdão por ser corno!”