Mirian Goldenberg

Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"

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Descrição de chapéu Corpo casamento

A pandemia destruiu o tesão de milhões de brasileiros: estamos todos impotentes?

É possível falar de tesão em meio à banalização da violência, abusos e crimes sexuais?

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"É tudo uma questão da lente que você escolhe para ler os jornais", disse uma psicóloga de 45 anos comentando a minha coluna sobre notícias "depressivas". "Se você só enxergar tragédias e crises políticas, sociais e econômicas, vai ficar doente, deprimida e impotente. Como eu me preocupo com a minha saúde física e mental, inventei um jogo para me manter minimamente saudável: todos os dias eu busco com uma lente de aumento alguma notícia boa nas entrelinhas dos jornais".

"A pandemia destruiu o tesão de milhões de brasileiros: estamos todos impotentes", ela afirmou. É muito difícil sobreviver física e emocionalmente em meio à barbárie e ao caos social, sem ficar deprimida com as notícias diárias sobre violência, abusos e crimes perversos. Para realizar um trabalho "com propósito, significado, tesão e alegria de viver", a psicóloga adquiriu o hábito de procurar diariamente ao menos uma notícia boa, mesmo que seja um fato considerado "minúsculo, irrelevante e insignificante". Seu lema é: "Sem tesão não há solução".

Um vibrador rosa
Simon Plestenjak - 19.mar.20/UOL

Um bom exemplo, destacou, é uma notícia recente que saiu nos jornais e mídias sociais: pesquisadores dos Estados Unidos afirmaram, em um artigo científico no The Journal of Urology, que os médicos deveriam prescrever o uso regular de vibradores para as mulheres. Em vez de serem vistos apenas como brinquedos sexuais, os vibradores deveriam ser considerados "dispositivos terapêuticos", já que trazem benefícios inquestionáveis para a saúde física e mental das mulheres.

Ela também comentou uma entrevista com a atriz Eliane Giardini, de 69 anos, que, após 25 anos de casamento com o ator Paulo Betti, disse que está vivendo uma fase de "solteirice sem pressão".

"Não estou procurando, mas permaneço atenta. De qualquer forma, existem outras eficientes maneiras de se exercer o sexo o tempo todo. Vibradores, por exemplo: sabendo usar, não vai faltar bem-estar".

A psicóloga contou que há muitos anos prescreve os "dispositivos terapêuticos" e que não são apenas as mulheres mais velhas e solteiras que se beneficiam com o uso regular dos vibradores. Outras brasileiras famosas, durante a pandemia, apontaram os benefícios dos "brinquedinhos sexuais" para a saúde e bem-estar das mulheres.

Bruna Marquezine, de 26 anos, disse que: "Sexo é uma troca de energia entre seres humanos. Não transo só pelo prazer. Se for só isso, tem outras maneiras de se satisfazer sozinha. Escuto muito: ‘Ser solteiro está foda!’. Falo: "Gente, estamos em 2020, ninguém tem vibrador?’"

Thaila Ayala, de 36 anos, contou que dá vibradores de presente: "Que mulher não usa? Quando eu volto de Nova York, trago um saco cheio e saio distribuindo para as minhas amigas. Inclusive já dei um para a minha avó e ela me agradeceu muito. Achei que ela fosse me dar um soco, mas ela se divertiu com a brincadeira".

Sabrina Sato, de 41 anos, comentou uma matéria sobre o prazer feminino: "Falava que vibrador podia viciar. Me peguei pensando: será que sou viciada? Tenho uma coleção enorme, é bom demais. O vibrador ajuda a mulher a se conhecer. Sempre fui bem livre no sentido de me tocar, de falar sobre o assunto. Quanto mais a mulher se conhecer, mais vai gozar e sentir tesão pela vida".

Angélica, de 48 anos, defendeu os vibradores como aliados do casamento. "A maturidade traz segurança. Me sinto melhor hoje emocionalmente, espiritualmente e sexualmente. É você se tocar, se sentir. O vibrador e outras formas de se conhecer são ferramentas fundamentais até para o casal, para o relacionamento a dois. O vibrador pode ser um aliado e faz parte da intimidade do casal. A mulher não precisa ter vergonha de falar o que lhe dá prazer".

A psicóloga concluiu com outra notícia recente: "Até mesmo o psicopata imbrochável confessou aos seus seguidores fanáticos que está brocha. Seu cúmplice odiento, um assediador e abusador asqueroso, foi denunciado corajosamente pelas mulheres da Caixa Econômica Federal. É ou não é uma boa notícia? Será o fim dos criminosos perversos e dos machistas imbrocháveis?"

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