Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Ronaldo faz 'hora extra' e sai às 6h do Sambódromo do Rio de Janeiro

Ele estreou como anfitrião na Sapucaí, que teve ainda Juliana Paes, Mariana Ximenes e João de Deus puxando o bloco das celebridades 

Ronaldo chega ao camarote do qual é sócio à meia-noite e avisa: ficaria no máximo por duas horas na folia, já que a namorada, a estilista Celina Locks, estava em casa se recuperando de uma cirurgia de apendicite.

 

(Ele acabou saindo do Sambódromo só um pouquinho mais tarde, quase às 6 horas da manhã.)

 

Cercado por seguranças, o ex-craque vai direto à área VIP, onde se serve de seu primeiro drinque. No palco, o DJ toca a música "Cheguei", de Ludmilla. Ronaldo lança as mãos para o alto.

 

Acende um cigarro, alheio à placa de proibido fumar bem acima de sua cabeça (o aviso foi removido depois).

 

Posa para fotos e recebe amigos. Um deles, o ex-jogador Amaral. "Não sei de nada. Só tirei a foto. Não entendi nada", ele sobre a já célebre imagem de Zeca Pagodinho e João Doria. Amaral foi empurrado para ficar entre os dois e não deixar o prefeito de SP aparecer sozinho com o cantor.

 

O empresário Alê Yousef, idealizador do bloco paulistano Acadêmicos do Baixo Augusta, assistia aos desfiles no andar inferior, na varanda com vista para a Sapucaí. Ele desfilaria pela Mangueira com a mulher, Leandra Leal.

 

"Muita coisa absurda acontece entre um Carnaval e outro. Acho que o Carnaval sempre é uma resposta a algo que aconteceu no ano anterior. Só espero que o de 2019 não seja um grande protesto contra o [presidenciável Jair] Bolsonaro", diz.

 

O samba-enredo da Mangueira neste ano é um protesto contra o corte de verbas da prefeitura para os desfiles do Rio. Mas a posição da escola não é unanimidade. "O Carnaval não tem que ter dinheiro público", diz o ator Juliano Cazarré. "A gente tem que se livrar do Estado."

 

Às 5h50, o Fenômeno, com um copo de vodca e energético na mão, segue rumo à saída. "A Celina já me mandou umas dez mensagens, diz, rindo. "Me deixei levar um pouquinho", brinca. No dia seguinte ele estaria de volta ao Camarote. "Puta que pariu!. Quero ver a ressaca!"

O BEIJA-MÃO A JOÃO DE DEUS

"Meu filho. Estou te esperando lá [em Abadiânia] para fazer uma limpeza em você", diz o médium João de Deus para o ator francês Vincent Cassel no camarote N1 da Sapucaí. "Minha casa está com as portas abertas para você", completa.

 

Foi Cassel quem pediu para conhecer e tirar uma foto com o médium. Antes de se despedirem, os dois trocaram telefones para combinar o futuro encontro.

 

O médium assiste ao desfile das escolas de samba do Rio pelo quarto ano consecutivo. "Aqui está a fé, o carinho e o equilíbrio", diz ele. "O país não tá em situação difícil. Tá para certas pessoas que não têm fé. O Brasil tá de parabéns", afirma.

 

Mariana Ximenes dá um beijo e um abraço no médium. "É um prazer conhecer o senhor. Adorei seu filme [documentário filmado por Candé  Salles]", diz a atriz antes de posar para fotos com ele. O modelo Marlon Teixeira, considerado no mundo da moda a versão masculina de Gisele Bündchen, e a top Barbara Fialho também pedem para registrar o encontro com João.

 

"Ele nem sabe quem são essas pessoas. Mas sorri ao tirar as fotos", diz um amigo do médium para a coluna.

 

João ficou boa parte da noite debruçado na grade do primeiro andar assistindo aos desfiles.

 

Ele, que tem 74 anos, tomou guaraná e energético para aguentar a noite até às 4h da madrugada, quando deixou o sambódromo.

TÔ PARECENDO UM ABACAXI?

Bem na beira de um córrego que cheira a esgoto, Juliana Paes se agacha para cortar o cabelo ela queria encurtar os fios da crina de cavalo que usaria para desfilar como rainha de bateria da Grande Rio. Pergunta: "Tô parecendo um abacaxi? É a intenção!".

 

A fantasia da atriz faz referência ao troféu abacaxi que Chacrinha entregava aos calouros que desafinavam em seu programa. A escola homenageia o apresentador em 2018, ano em que ele completaria 101 anos.

 

O clima da concentração é de reencontro. Rita Cadillac, que foi chacrete, se aproxima de seu carro alegórico dizendo que vai matar a saudade no desfile. Gretchen, que cantou em programas de Chacrinha, é abordada por outra ex-chacrete: "Sou a Regina Polivalente!".

 

Gretchen dá um gritinho. "Quanto tempooo!", diz Regina, 53. E Gretchen, 58: "Tá lindaaa!".

 

Wanderléa passa. "Ai, Gretchen, querida!", exclama ela, que diz ter vindo para representar o "laço afetivo" que tem com a família do apresentador: ela foi noiva de Nanato Barbosa, filho de Chacrinha que ficou paraplégico após um acidente. Aos 71 anos, a cantora diz que mantém a saúde "trabalhando muito, sem parar".

 

O ator e ex-deputado Stepan Nercessian, que interpretou Chacrinha em um musical e agora representa o apresentador no desfile, falou com a coluna.

 

Qual é a importância de homenagear Chacrinha?

Ele sempre foi Carnaval puro. Fantasia, sensualidade, música, dança, povo.

Os desfiles estão politizados. Como vê isso?

Acho que o Carnaval está, na verdade, voltando a ser politizado. O Carnaval sempre foi politizado. Aí perdeu [isso] e agora tá voltando a ser o que era. A falta de patrocínio também é boa. As escolas ficam mais livres.

Há também uma campanha forte contra o assédio durante a festa.

O assédio ficou criminalizado porque algumas pessoas perderam o limite. Mas a paquera sempre fez parte do Carnaval e sempre foi feita com muito charme, muita educação. Depois que ultrapassaram os limites, é bom que tenha um freio mesmo. Assédio é falta de educação.

Com BRUNA NARCIZO, BRUNO B.SORAGGI E JOÃO CARNEIRO, do Rio de Janeiro

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