Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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PF pede transferência de Lula e diz que já gastou R$ 150 mil com prisão

Delegados dizem temer episódios de violência e afirmam que instalações de petista são inadequadas

Lula em evento no Circo Voador, no Rio de Janeiro, no início de abril
Lula em evento no Circo Voador, no Rio de Janeiro, no início de abril - AFP
A Superintendência da Polícia Federal de Curitiba pediu à Justiça a transferência de Lula para "um estabelecimento prisional adequado para o cumprimento da pena imposta".

Em ofício "urgente"endereçado à juíza Carolina Lebbos, da execução penal, os policiais afirmam que os transtornos causados pela presença do ex-presidente na carceragem da PF são inúmeros e os gastos para mantê-lo, muito altos.

De acordo com o documento, "tem-se uma perspectiva de gastos de aproximadamente R$ 300 mil" no mês com diárias de policiais, passagens e deslocamentos de pessoal de outras unidades para reforçar a segurança da superintendência.
 
Em cerca de quinze dias, já foram gastos R$ 150 mil. 
 

Os delegados afirmam ainda temer a proximidade do 1º de Maio, Dia do Trabalhador. "Diante da circunstância da prisão do ex-presidente da República, todos os movimentos sociais e de trabalhadores estão se organizando para trazer para Curitiba o evento principal do feriado. Em informações preliminares fala-se em uma concentração de até 50 mil pessoas".

Eles argumentam que "toda a região" em torno da Superintendência da PF "teve a sua rotina alterada, como profundas modificações na circulação de pessoas e veículos" já que apoiadores de Lula se reúnem diariamente perto do local.

Afirmam também que as instalações da PF não são adequadas para um preso nas condições de Lula e que a sala em que ele se encontra não é apropriada "para a longa permanência de pessoas alojadas", tendo sido improvisada.

"As dependências da custódia de presos da unidade são muito limitadas e não se destinam a execução de penas ou mesmo à permanência regular de presos", afirmam. "As instalações têm essencialmente a natureza de trânsito, ou seja, destinadas a presos em flagrante apresentados ao plantão da sede e à custódia de presos tutelares até que se tenha as vagas correspondentes para as transferências ao sistema carcerário estadual."

A Polícia Federal lembra ainda "a ausência de sala de Estado Maior para custódia de presos que possuem esta prerrogativa [caso de Lula] ou que tenha sido a eles deferida, gerando a adequação improvisada de espaço para atendimento de todos os parâmetros determinados pelo juiz competente". 

Afirmam ainda que o combinado era que Lula permanecesse por pouco tempo na PF.

"Em que pese a existência de planejamento prévio visando o atendimento das ocorrências das manifestações publicas, (...) a premissa sempre foi a de que a custódia do ex-presidente da Republica se daria no âmbito da Superintendência da PF em Curitiba apenas por alguns dias", afirmam.

Eles se referem ainda à "grande dificuldade de manter os serviços à população" e à "possibilidade de episódios de violência" nas cercanias da PF.

Reclamam também dos "reiterados pedidos de visitas" a Lula, o que alteraria a rotina do órgão, dificultando o seu funcionamento.
 
A defesa tem prazo para se manifestar sobre o pedido.
 
O Ministério Público Federal se manifestou nesta terça (24) contra a transferência de Lula, em resposta a um pedido da Procuradoria-Geral do Município de Curitiba (PR).
 
No despacho, o procurador Deltan Dallagnol diz que é difícil existir outro lugar no Paraná que possa garantir o controle das autoridades federais sobre as condições de segurança física e moral do ex-presidente. 
 
"Se por um lado os moradores do entorno da sede da Polícia Federal em Curitiba têm o direito de ir e vir e de não serem perturbados por manifestações, também é certo que devem suportar o desconforto e as limitações decorrentes do poder estatal de administração da justiça, da garantia da incolumidade dos presos, e até e do exercício da manifestação pacífica", escreveu.
 
 
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