Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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'Gosto quando enxergam o meu lado feminino', diz Chay Suede

O cantor diz que passou a sentir um novo vazio quando virou ator e que, espera, ele nunca será preenchido

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O ator Chay Suede

O ator Chay Suede Keiny Andrade/Folhapress

“Meu avô inventou o Roobertchay”, conta o ator e cantor capixaba Chay Suede, 26, sobre a origem de seu nome de batismo. “Ele vendia livros, enciclopédias, dicionários e acabou criando um dialeto.” 

 

“Ele traduzia palavras e nomes pra essa língua. E aí, traduzindo o próprio nome, que era Salustiano de Paula Rocha, ficou ‘Saylufet Ainobert Dimes Paylufet Roobertchay’. O Roobertchay é o Rocha. Ele botou esse nome no meu pai.”

 

Chay foi registrado com o nome de Roobertchay Domingues da Rocha Filho. O sobrenome artístico veio de um filme que ele gostava, “Johnny Suede” (1991).

 

Seu avô materno era pastor evangélico. O ator diz que tem fé, mas não segue nenhuma crença e é até crítico à religiosidade. “Não é algo importante para acreditar em Deus. Nem é um meio. Ela é um pouco mais política do que a fé.”

 

 

Chay está no ar em “Segundo Sol”, da Globo, na qual vive Ícaro, um garoto de programa.

 

A trama sofreu críticas por ter escalado um elenco majoritariamente branco e se passar num dos estados com maior população negra do Brasil, a Bahia. “São críticas legítimas e incontestáveis que fizeram a gente refletir em um nível profundo.”

 

“A novela das 21h, historicamente, tem um papel que vai muito além do entretenimento, porque chega a milhões de pessoas”, afirma. “É impossível negar que ela tem um papel social em relação a tudo.” 

 

Chay apareceu pela primeira vez na televisão durante o reality show musical “Ídolos”, da Record, em 2010, quando se apresentou como cantor. Com o fim do programa de calouros, foi escalado para atuar na novela “Rebelde” (2011), da mesma emissora.

 

“Foi mais uma conveniência de eu ser um adolescente que estava fazendo sucesso com adolescentes do que qualquer outra coisa”, afirma.

 

Ele diz que nunca tinha pensado em ser ator. “Criou um vazio novo em mim que não existia na verdade. Depois de criado, ele precisava ser ocupado pela minha evolução dentro da profissão. Acho que nunca vou completar [esse vazio]. Eu espero que nunca. O fato de a interpretação ser infinita é muito instigante. Dá um objetivo pra vida. Pelo menos deu pra minha.”

 

Da Record, migrou para a Globo e está em sua quinta novela. Antes, participou de “Império” (2014), “Babilônia” (2015), “A Lei do Amor” (2016) e “Novo Mundo” (2017). E já está escalado para “Troia”, que estreia no fim de 2019.

 

“Não penso muito sobre [o rótulo de galã]. É algo mais importante pra quem me pergunta do que pra mim mesmo. Não vejo mal nenhum. Mas não vejo também nenhum benefício.”

 

Ele já declarou que é “ muito feminino” e que considera isso uma qualidade. “Gosto quando enxergam esse meu lado, para além da aparência, para a minha maneira de interpretar e para o que cada pessoa pode identificar em mim como sendo feminino”, diz. “Fico lisonjeado. Considero a energia feminina muito poderosa, vital.”

 

“Eu jamais abandonaria a minha carreira de ator. Não que isso cancele a minha de cantor. Talvez daqui a um tempo eu consiga conciliar mais as duas coisas.”

 

Em 2016, Chay lançou o álbum “Aymoréco”, ao lado do produtor Diogo Strausz.

 

“Convivo muito com meu lado de cantor, não dá tempo de sentir saudades. O violão fica no meu sofá, eu nem guardo. E toco na casa dos outros também. De vez em quando até com o seu Gilberto Gil [risos].”

 

“É uma delícia, eu nem sei te explicar. Eu me tornei amigo mesmo do Gil. Em um primeiro momento, eu ia nos almoços na casa dele e ficava meio chocado, assim, olhando, namorando o Gil, olhando cada detalhe. Não que eu não faça isso hoje [risos]. Mas agora somos amigos mesmo, de dividir a mesma taça de vinho.”

 

Entre uma foto e outra, ele começa a assobiar. Quando questionado sobre a música, canta: “‘Se tu queres ver a imensidão do céu e mar/ refletindo a prismatização da luz solar/rasga o coração...’ Esse é o tema [de ‘Rasga Coração’]”. O filme de Jorge Furtado é um dos que ele fez para o cinema e que ainda não chegou às telas.

 

Outro lançamento previsto é o longa “Minha Fama de Mau”, no qual interpreta o cantor Erasmo Carlos. “A gente tem pouco material sobre a Jovem Guarda. Mas o que tem, eu comi com farinha. Eu vi muitas vezes ele se apresentando nos festivais e programas de TV.”

 

Além de atuar, Chay estreou na direção de um filme com roteiro de seu pai, “O Eremita” —ainda não há data de lançamento.

 

“Uma coisa é ser visto pelo Brasil inteiro e outra não necessariamente. Eu sinto que todo mundo vê [“Segundo Sol”]. As pessoas gritam na rua pra mim ‘perdoa a sua mãe’ ou me chamam de ‘pivetinho’, ‘de menorzinho’. Pra isso acontecer com um filme, tem que ser um fenômeno de bilheteria.”

 

“Em geral eu gosto de lidar com as pessoas, de ser reconhecido. Estou vivendo uma experiência muito bonita de receber carinho genuíno assim na rua, sabe? E tem dias que você gosta de ser mais objetivo, de ir ao banco e só.”

 

Em julho, Chay e a atriz Laura Neiva terminaram o relacionamento de quatro anos, a cinco meses do casamento. “A data da cerimônia foi cancelada junto com o relacionamento, só isso.”

 

Os dois têm guarda compartilhada de quatro cachorros. “Às vezes eu pego, às vezes eu devolvo”.

 

“A maior mudança é que esse relacionamento deixou de existir e eu passei a morar sozinho”. Ele diz que não usa aplicativos de namoro. “Até porque não existe aplicativo de namoro mais poderoso que o Instagram hoje em dia [risos].”

 

No grupo de WhatsApp da família, Chay diz que política virou um assunto vetado até o fim do segundo turno. “É um bom jeito de não discutir com quem a gente ama.” Seus pais são separados e ele tem cinco irmãos.

 

“Não voto em partidos, voto nos indivíduos. Eu me identifico mais com a esquerda por motivos de amor. Eu acho que a esquerda representa um amor mais amoroso sobre o próximo e sobre se preocupar com questões que não necessariamente são suas.”

 

No primeiro turno, votou em Ciro Gomes (PDT) para a presidência porque identificava nele as “propostas mais claras e mais praticáveis” para redistribuir a renda no país. Agora, diz que é “tudo menos [Jair] Bolsonaro”.

 

Durante a entrevista, Chay chegou a trocar duas vezes de roupa a pedido do fotógrafo. No começo, estava com uma camisa estampada roxa e verde. Depois, pegou emprestado de seu empresário uma malha preta. “Vai perder, hein, pirata!” [risos], disse a ele. 

 

“Meu apelido é esse porque um amigo meu falava ‘lá vem o velho pirata, de Vitória, desbravando os mares do Rio de Janeiro’. Eu chamo todo mundo assim e eles me chamam de volta. E agora entrou na novela também.” O autor João Emanuel Carneiro incluiu o apelido nos diálogos de Chay na trama.

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