“Pode parar!”, ordenava um segurança ao repórter da coluna que tentava filmar o cercadinho VIP na pista de dança em que Anitta e Neymar dançavam até o chão com os corpos e rostos colados. “Para!”, reforça o homem, que puxa o crachá do jornalista e fecha a cara.
O atacante e a cantora eram dois dos três convidados mais esperados do Nosso Camarote, do craque Ronaldo, na Sapucaí, na segunda (4). A atriz Bruna Marquezine, ex de Neymar, era o terceiro personagem. Ela chegou à meia-noite e seguiu direto para uma área reservada à beira da avenida.
No caminho, devolvia sorrisos amarelos a quem lhe perguntava sobre a chance de se deparar com o ex. “Não tenho bola de cristal.”
A presença dos três no mesmo ambiente, e as postagens que invadiram a internet indicando que Neymar e Anitta ficaram juntos, causou furor no espaço. Um dia depois, Marquezine chegou a apagar seu perfil no Instagram.
“Climão? Não, porra! “Ninguém morreu, bicho!”, dizia o apresentador Sérgio Mallandro sobre a presença dos dois ex-namorados em um mesmo ambiente. “O mundo é muito pequeno, brother. Eles vão sempre se encontrar.”
“Quero eu pegar a Bruna Marquezine, caraio”, ironizava o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Ex-deputado federal, ele se dizia desiludido com o Brasil. “Estamos fodidos. É muito triste. O país não é Bolsonaro, não é Lula. Pode colocar lá o papa Francisco que não vai resolver. O governo é reflexo da população.”
Marcelo Serrado foi de saia. “Sempre quis usar. É tão bonito. Estou adorando”, afirmava o ator, que dizia, brincando, estar com a “calcinha do Milhem Cortaz”, referindo-se ao personagem do colega na novela “O Sétimo Guardião”, que veste a roupa íntima feminina na trama.
Foi no Nosso também que o surfista Pedro Scooby, marido de Luana Piovani, passou a noite. Sem ela, o que gerou protestos de fãs nas redes sociais. A atriz ficou com os filhos em Cascais, onde o casal está morando.
“Tu plena em Portugal e o Pedro na balada todo dia? Você autorizou isso de boa, Luana?”, provocou uma de suas seguidoras. Pedro já tinha lido. “Viajei a trabalho e estou unindo o útil ao agradável. Por que eu ficaria em casa? Gosto de Carnaval, tô com meu irmão, meus amigos... As pessoas têm inveja da gente, se incomodam com a nossa felicidade.”
“Aqui é a capital da Ursal”, brincava a atriz Maria Ribeiro no camarote Folia Tropical, espaço escolhido por boa parte dos artistas que saíram na Mangueira na segunda noite de desfiles.
A escola homenageou Marielle Franco e recontou a história do Brasil, desta vez com o protagonismo de negros e índios, o que atraiu para a Sapucaí boa parte de militantes de esquerda.
“Eu choro toda vez que ouço o samba da Mangueira. É lindíssimo, e a morte da Marielle é um marco muito dolorido”, contou Camila Pitanga, dando um confere no celular enquanto falava. “Desculpa, agora preciso ir ali ajudar a namorada do pai da minha filha”, explicou, depois de ler um recado.
Georgiana Góes, a Dona Florinda da paródia que o “Tá no ar” fez do seriado “Chaves” (aquele em que Marcelo Adnet interpreta um militar com os trejeitos de Jair Bolsonaro), também estava emocionada.
“Cara, vai ser foda. Muito forte”. Ela iria desfilar pela escola e se dizia impressionada com o samba da verde e rosa. “Por mais que eu tenha estudado História com o livro vermelho do Chico Alencar, os nossos heróis são os portugueses e os brancos, não os índios e negros, os verdadeiros donos dessa terra.”
Georgiana disse ter a consciência de que estava “num ambiente burguês, onde quase todos os negros são empregados”. “É dificil isso, a gente quer que eles sejam os protagonistas, não queremos só aplaudir o gari negro que samba. Queremos ele entre a gente.”
‘Deixar o país agora é covardia’, diz Elza Soares
Toca o primeiro acorde do cavaquinho. “O tom está alto”, dizia a cantora Elza Soares no camarim do camarote Rio Exxperience, onde fez um show na madrugada da segunda para a terça de Carnaval.
Nova tentativa. “Baixo”, decretava, em meio a uma roda de samba improvisada com os músicos que se apresentariam com ela na noite.
Na quarta vez, o músico acertou. “Malaaaandro/ Eu ando querendo falar com você/ Você tá sabendo que o Zeca morreu?”, entoa Elza enquanto os instrumentos a acompanhavam.
A cantora, que diz já ter passado dos 80 anos, enfrentaria uma maratona na Sapucaí naquela madrugada. Numa cadeira de rodas, dizia: “Deixa eu te contar, eu já estava preparada. Viajo tanto, canto tanto. Dou conta tranquilamente.”
O show de Elza no espaço começou por volta das 2h30. De lá, ela foi coroada rainha do camarote Quem – O Globo. Às 4h15, chegou na concentração da Mocidade, onde seria destaque do carro abre alas.
Antes da Mocidade, a Mangueira desfilou com um enredo em homenagem à ex-vereadora Marielle Franco, assassinada no dia 14 de março de 2018. “Fiquei muito abalada com a morte dela. Foi uma voz que apagaram. Para nós, mulheres, foi uma porrada na boca do estômago. Vou fazer uma homenagem para ela em uma palestra que darei na ONU, no Equador, neste mês”, dizia Elza.
Elza afirma que o país não vive um bom momento. Mas discorda da ministra Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos, para quem pais de meninas deveriam fugir com elas do Brasil.
“Deixar o país agora é covardia. O país precisa da gente. Brasileiro nunca foi covarde. A gente enfrenta! Vamos morar no quintal dos outros? Lute pelo seu quintal!”
com BRUNA NARCIZO, BRUNO B. SORAGGI, CLEO GUIMARÃES (Rio de Janeiro) e VICTORIA AZEVEDO
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