A empresária Cláudia Faissol, ex-mulher de João Gilberto, diz que embora parcialmente interditado pela filha Bebel, o músico de 87 anos segue ativo em suas atividades em casa. Mãe da filha caçula de Gilberto, Luísa, 14, Faissol também afirma que “há um ambiente de paranoia geral” que agrava a situação familiar.
CAIXA
O criador da bossa nova passa por dificuldades financeiras e foi interditado judicialmente no final de 2017 pela filha Bebel. Nesta semana, o filho mais velho do músico, João Marcelo, acusou a irmã de estar roubando o dinheiro do pai.
PIORA
“Ao longo desses anos, observo que o cuidado com sua saúde nunca foi prioridade para seus filhos mais velhos”, diz Faissol. Segundo ela, é importante “ficar claro que o agravamento dessa situação vulnerável do João muito se deve à forma como Bebel Gilberto vem conduzindo esse processo [da interdição]”.
SOZINHA
Ela também afirma que há anos paga sozinha as despesas da filha que tem com Gilberto e que, após a interdição, passou a ter acesso restrito ao músico. “Ele praticamente não tem privacidade para falar ao telefone conosco, e até mesmo para receber visita da própria filha em casa.”
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DEPOIMENTO NA ÍNTEGRA
Depois de anos de esforço na tentativa de dar uma vida um pouco mais digna ao João, observo toda essa briga familiar com o coração ainda mais triste. Há um ambiente de paranoia geral que dificulta, a cada dia que passa, de o João ser ajudado, de ser acolhido como ele precisa e merece.
Lamentavelmente, há um clima de constantes discussões e acusações para todos os lados, nada propositivo, nada que ajude a resolver a situação a partir do olhar do próprio João, que está parcialmente interditado, mas absolutamente ativo em suas atividades em casa.
Ao longo desses anos, observo que o cuidado com sua saúde nunca foi a prioridade para seus filhos mais velhos. Enquanto havia pessoas o auxiliando em todos os sentidos, os filhos pouco se interessavam. Agora, após inúmeras intervenções minhas com o auxílio de advogados parceiros e muito competentes, conseguimos conquistar finalmente esse direito creditório para o João, o que naturalmente chamou novamente a atenção dos filhos.
Acho triste a situação de interdição. Mas é importante ficar claro que o agravamento dessa situação vulnerável do João muito se deve à forma como Bebel Gilberto vem conduzindo esse processo, principalmente em relação ao negócio com o banco Opportunity. Ele precisava resolver isso para cumprir com suas obrigações financeiras, tanto em relação à Maria do Céu, como em relação à nossa própria filha, Luísa Carolina. Mas pensando em resguardar o João de mais questões processuais e despesas, venho pagando sozinha as contas de nossa filha há vários anos.
Para agravar a situação, já complicada em função da saúde debilitada de João, nosso acesso é bastante restrito, ele praticamente não tem privacidade para falar ao telefone conosco, e até mesmo para receber visita da própria filha em casa.
Eu gostaria que os filhos se unissem pela recuperação completa do João, e consequentemente, o ajudassem a cumprir suas obrigações em geral. Quem ganha com esse ambiente de briga é a própria Universal, empresa que continua prejudicando a artista. Ao invés da exposição dramática da intimidade do João, seria mais produtivo, e um serviço ao nosso país, que gastássemos energia para dar visibilidade aos absurdos de um processo que já dura pelo menos 50 anos, sem nenhuma solução efetiva. Realmente gostaria que o foco da imprensa e de todos que amam o João não fosse o desdobramento das brigas familiares, mas a resolução de um escândalo judicial que envolve um “patrimônio imaterial” da cultura brasileira.
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