Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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'Adoraria que Paulo Guedes fosse presidente da República', diz Roberto Justus

Apresentador questiona o Ibope baixo de 'O Aprendiz' e diz que não contrataria Dilma 'nem para faxineira'

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Roberto Justus na casa em que mora no Morumbi, em São Paulo

Roberto Justus na casa em que mora no Morumbi, em São Paulo Adriano Vizoni/Folhapress

“Eu rezo por confrontos!”, diz Roberto Justus, 64. “Primeiro porque me considero preparado intelectualmente para uma conversa com essas pessoas. Segundo, porque dá audiência.” Ele rebate as acusações de que a produção edita os episódios do programa “O Aprendiz”, do qual é apresentador, para favorecer a sua imagem em discussões com os participantes.

O youtuber PC Siqueira, um  dos competidores da atração, foi o mais enfático. “Se continuarem cortando as minhas respostas ao @robertojustus e dar a entender que eu só levava esporro, vou contar tudo em vídeo como foi hihihi”, postou ele em uma rede social. 

“Convidei eles para conversar aqui na minha casa. Expliquei como funcionava o critério da edição e todos entenderam. Saímos daqui rindo”, conta Justus. “Não dá pra por todo mundo falando tudo. Preciso mostrar coisas interessantes. Que me confrontem, por favor.”

“O Aprendiz” voltou ao ar na Band após dez temporadas na Record [2004 a 2014] e cinco anos fora do ar. Justus comprou os direitos do programa por três temporadas. A edição deste ano reuniu 18 influenciadores digitais e termina no dia 24 junho, com final ao vivo.

O apresentador se diz decepcionado com a audiência do programa na TV aberta —a Band não divulgou o índice consolidado. “É muito decepcionante. Está dando 1,5 [pontos]. Eu esperava uma média de três. É inexplicável”, diz ele. Cada ponto da Kantar Ibope na Grande São Paulo equivale a 73 mil domicílios e a 204.050 pessoas. 

Justus conversou com a coluna em uma casa alugada no Morumbi na qual ele ficará até o final das reformas em seu apartamento, no mesmo bairro. 

IBOPE

Eu questiono um pouco esse negócio de Ibope. Dou um terreno no centro de Tóquio, que é o mais caro do mundo, pra quem me apresentar alguém que tenha o peoplemeter em casa [aparelho da Kantar Ibope que mede audiência na TV]. Eu nunca conheci. “Ah, mas, por contrato,  eles [domicílios escolhidos] não podem falar”. Mas você descobriria, né? 

Não estou dizendo que o Ibope é furado. Nem quero deixar polêmica. Só falo que não corresponde à repercussão que “O Aprendiz” tem. As pessoas estão vendo, comentando. É tão forte na rede social que é quase impossível imaginar que ele só tenha isso de audiência. 

POLÍTICA

Fui convidado [a me candidatar à Presidência]. Fui até Brasília conversar —prefiro não ficar revelando [qual partido]. Mas não tive esse apetite. O Luciano Huck foi mais longe do que eu. 

Pensei: ‘Passar por uma campanha sanguinária como essa, depois por momentos como o que o presidente está passando agora, em uma hora da minha carreira que eu estou venerando a agenda vazia?’ Fui escravo da minha agenda durante 37 anos [de carreira na publicidade, que se encerrou em 2017 ao deixar de vez o grupo Newcomm]. Das 9h às 21h, era uma reunião atrás da outra. Eu não podia fazer nada. Hoje faço ginástica, jogo meu tênis, trabalho meio período. 

Estou ativo, envolvido em quatro ou cinco negócios diferentes, como presidente de conselho e sócio [de empresas de investimento no mercado financeiro]. Nessa hora eu vou inventar Brasília pra mim? Nesse ambiente [político] eu ia me dar muito mal. Acho que posso ajudar mais com as minhas ideias. Mas trabalhar dentro do governo, nessa altura da minha vida, não.

GOVERNO FEDERAL

Quando as eleições começaram, eu não era [pró-]Bolsonaro. Achava que a gente poderia ter o equilíbrio do [Geraldo] Alckmin [PSDB]. Mas comecei a enxergar outra história. 

O Brasil precisava de um capitão para botar ordem e progresso —talvez ele não cuidasse tanto do progresso quanto da ordem, [mas] a ordem é maravilhosa. Esse lado um pouco mais conservador dele [Bolsonaro], eu achava legal. 

Mas me convenci mesmo quando estive numa palestra do [hoje ministro da Economia] Paulo Guedes. Me encantei com ele de um jeito que cheguei em casa falando: “Não tem como não votar no Bolsonaro”. 

Ele [Guedes] é genial, culto, inteligente, visionário. Um cidadão do mundo. É um cara que eu adoraria que fosse presidente da República. E tomara que seja um dia. Aí quando ele [Bolsonaro] trouxe o Moro, completou pra mim. Virei tiete.

Mas o Brasil tem um Congresso difícil. Uma oposição míope, cega. E o presidente começou a meter os pés pelas mãos. Torço para que ele assuma o protagonismo de chefe de Estado, e não fique só tuitando coisas irrelevantes. Os filhos dele atrapalham um pouco também. 

COMUNICAÇÃO

Comunicação é um dos erros importantes [do governo Bolsonaro]. Quer andar na sua moto no Guarujá? Tudo bem. Ele ser simples, eu acho bárbaro. Mas, na comunicação com o público, nas decisões, precisa ser estadista. 

Você não precisa ser inimigo da mídia. Os caras estão fazendo o trabalho deles. Tem que conquistar essas pessoas. Conversa, dá o mesmo espaço para todos os veículos. Não adianta só fazer coisas, né? Não adianta só ser bom. Tem que parecer bom também. 

DILMA E TEMER

Tira o Michel Temer da parte de político tradicional, envolvido nas coisas. Põe ele como gestor. Foi um dos melhores presidentes que nós tivemos nos últimos anos. Tentou reformar a Previdência, não conseguiu. Tentou fazer coisa. Ele não tinha apoio pelo fato de ter chegado lá com o: “Ah, ele deu o golpe!”.  Ele foi eleito junto com a Dilma! 

Quem deu o golpe foi a incompetência da Dilma Rousseff. Ela não sabe nem falar, quanto mais presidir um país. Ela é uma piada de mau gosto. Eu não contrataria a Dilma Rousseff para ser faxineira da minha casa, porque acho que ela não entenderia onde precisa limpar, de tão ruim. 

MULHERES

Tenho uma relação com as minhas ex-mulheres maravilhosa. Por que eu casei várias vezes? É super natural as pessoas se atraírem por outras. Sou aberto com a minha mulher. Falo quando acho uma mulher bonita e deixo ela falar quando acha um homem bonito. Mas não deixo a mulher que estou observando perceber que eu estou olhando. Isso acho um desrespeito. 

O que acontece? Toda vez que o meu casamento passou a não me dar mais felicidade, que a mulher virou meio que uma irmã, aquela coisa de amizade, que vai começar a dar besteira, eu preferi sair fora. 

Não cuspo no prato em que comi. Não sou escroto. Fui embora. Nenhuma quis que eu saísse. Todo mundo queria que eu ficasse na relação. Mas me desencantei. E sempre emendei em outras relações. 

Minha mulher [Ana Paula Siebert, 31] brinca comigo: ‘Vamos ver o dia em que você vai se desencantar’. Normalmente foi depois dos filhos. Gozado, né? Filho muda tudo, porque o que era um para o outro vira os dois pro terceiro. Marido é meio largado de lado. 

Sou casado com uma mulher bem mais jovem do que eu. Estamos juntos há seis anos. Acho que encontrei a minha companheira definitiva. A diferença de idade [33 anos] hoje em dia não incomoda. Talvez vá incomodar mais pra frente. Brinco com ela: ‘Vou cuidar de você nos primeiros 15 anos, você cuida de mim nos últimos 15’. Nem que você leve a cadeira de rodas [risos]. 

VAIDADE

Sou uma pessoa vaidosa. Passo creme noturno, diurno. Seco o cabelo, passo uma cera. Odeio maquiagem. Sou alérgico. Mas na televisão precisa, e [por isso] quando faço o programa, meu olho direito sempre está lacrimejando. Vaidade é importante. Dentro do limite, todo mundo tem que ter um pouco. Não pode ser narcisista. 

FAMA

Eu era um publicitário, admirado no meu meio. Mas eu não era conhecido do grande público de TV. Quando casei com a [Adriane] Galisteu [de 1998 a 1999], fiquei mais conhecido por causa dela. Depois, conheci a [apresentadora] Eliana [com quem namorou por um ano e meio em seguida]. Posso até agradecê-las porque quando fui convidado para fazer “O Aprendiz”, a Record levou em consideração um empresário que é bem sucedido no seu ramo, líder de mercado e já conhecido do grande público. 

Aparecer na televisão, as pessoas te elogiarem, te criticarem, isso tudo mexe com a vaidade, para o bem ou para o mal. Agora, não pode o ego ser maior do que você, para ter que ser enterrado com dois caixões: um para o seu corpo e outro para o seu ego. Isso é ridículo.

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