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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Militar vira réu, acusado de estupro na ditadura militar

Vítima foi a única sobrevivente de centro de tortura clandestino do Rio; desembargadores decidiram que caso não está anistiado

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O TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) aceitou nesta quarta (14) a denúncia contra o sargento reformado Antônio Waneir Pinheiro de Lima, acusado de sequestrar e estuprar uma presa política durante a ditadura militar.

Antônio Waneir Pinheiro Lima, o Camarão, acusado de estuprar Inês Etienne Romeu
Antônio Waneir Pinheiro Lima, o Camarão, acusado de estuprar Inês Etienne Romeu - Reprodução

A acusação foi feita por Inês Etienne Romeu. Na década de 1970, ela foi presa e levada para a Casa da Morte, como ficou conhecido o imóvel em Petrópolis, no Rio, que funcionou como centro clandestino de tortura na ditadura militar.

Retrato de Inês Etienne Romeu antes de audiência pública da Comissão da Verdade em 2013
Retrato de Inês Etienne Romeu antes de audiência pública da Comissão da Verdade em 2013 - Daniel Marenco/Folhapress

É a primeira vez que é aberto um processo criminal de estupro contra militares por crimes cometidos durante o período militar.

Etienne foi a única sobrevivente dos que passaram pela Casa da Morte.

Em seus relatos, ela acusou o sargento reformado dos crimes. 

Ele sempre negou, afirmando que era caseiro do local e que apenas teve contato com Etienne. 

Ela morreu em 2015. Dois anos depois, a 1ª Vara Criminal de Petrópolis arquivou a denúncia. O juiz considerou que não havia elementos probatórios contra o militar, afirmou que o crime estava prescrito _e invocou a Lei da Anistia.

Por 2 votos a 1, os desembargadores da 1ª Turma Especializada do tribunal reverteram a decisão e transformaram o sargento reformado em réu.

De acordo com os magistrados, o Brasil já foi condenado duas vezes na Corte Interamericana de Direitos Humanos por não investigar os crimes da ditadura.

Como o país é signatário de acordos internacionais que exigem que os acusados sejam investigados e não fiquem impunes, eles decidiram que a denúncia deveria ser aceita.

O militar pode recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pedindo o trancamento da ação. 

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