Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Panorama

Procurador do Pará diz que 'problema da escravidão foi porque índio não gosta de trabalhar'

Ricardo Albuquerque da Silva também diz que não há dívidas com quilombolas

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Um procurador de Justiça do Ministério Público do Pará (MPPA) afirmou em palestra nesta terça (26) que a escravidão de negros no Brasil ocorreu porque "o índio não gosta de trabalhar". 

"Esse problema da escravidão aqui no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar. Até hoje", afirmou o procurador Ricardo Albuquerque da Silva em uma apresentação a alunos de uma universidade do Pará que visitavam a sede do MPPA. Ele também é ouvidor-geral do órgão. 

"O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar para os portugueses. E foi por causa disso que eles [colonizadores portugueses] foram buscar pessoas nas tribos lá na África para vir substituir a mão de obra do índio aqui no Brasil."

Ele ainda disse que não acha que "tenhamos dívida nenhuma com quilombolas". "Nenhum de nós aqui tem navio negreiro. Nenhum de nós trouxe um navio cheio de pessoas da África para serem escravizadas aqui no Brasil". 

Mais adiante, ele fala que "todos são iguais em direitos e deveres, homens e mulheres. Você escolhe o que quiser ser, não estou nem aí. Mas todos são iguais. Não precisa ser gay, ser negro, ser índio, ser amarelo, ser azul, para ser destinatário de alguma política pública. Isso está errado. O que tem que haver, meus amores, é respeito mútuo. O resto é papo furado." 

Em nota, o MPPA diz repudiar o teor das declarações do procurador, que não compactua com qualquer ato de preconceito e que o teor das declarações "reflete tão somente a opinião pessoal" dele. As manifestações de Silva foram gravadas e circulam por redes sociais. 

Também por meio de nota, o procurador afirmou que o áudio com suas falas está sendo divulgado fora de seu contexto, uma vez que o assunto era o Ministério Público como instituição "e não tinha como escopo a análise de etnias ou nenhum outro movimento dessa natureza". 

"Depois de falar por aproximadamente uma hora e 20 minutos, o procurador de justiça disponibilizou a palavra aos presentes para que, num ambiente acadêmico, respondesse a críticas, comentários ou curiosidades, lamentando que o divulgador ao invés de mostrar sua discordância de maneira dialética e leal, optou por, de maneira sub reptícia, tentar macular o bom nome de uma pessoa preocupada em contribuir com a disseminação do conhecimento de maneira imparcial", conclui a nota dele. 

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