Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Alalaô

Banheira do Gugu amedronta e Regina Duarte é tema em camarotes de ingressos por até R$ 5 mil em SP

Corria o rumor de que o espaço tinha patrocínio de Oscar Maroni, dono da boate Bahamas

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A "banheira do Gugu" do camarote 011 no Sambódromo podia ser vista pelos convidados comportados do camarote vizinho, o da Prefeitura de São Paulo, na madrugada de sábado. Corria o rumor de que o espaço tinha sido patrocinado por Oscar Maroni, dono da boate de entretenimento adulto Bahamas

Banheira camarote 011
A "banheira do Gugu" do camarote 011 - Folhapress

A suspeita de autoridades da prefeitura era a de que, logo, logo, a tal banheira estaria lotada de mulheres quase nuas cercadas por foliões embriagados. A hipótese assustava.

O dono do 011, Leo Rizzo, esclarecia: era ele o dono do espaço, Maroni não tinha nada a ver com isso. Investir no camarote tinha sido "um negócio de milhões", mas o retorno estava sendo bom: os dez últimos ingressos tinham sido vendidos a R$ 5 mil pela internet –é isso mesmo, R$ 5 mil cada, para o desfile deste sábado. Leo é dono da Soccer Hospitality, que tem camarotes na Arena Corinthians, no Allianz Parque e no Morumbi.

O valor estratosférico foi pago por ingressos do sábado (22), em que desfilam as escolas mais disputadas. Na madrugada de sexta (21), o movimento era menor e a entrada tinha variado de R$ 750 a R$ 2 mil –mais ou menos o preço do ingresso dos outros camarotes da avenida.

No espaço da prefeitura (que não cobra ingresso), quase nenhuma personalidade podia ser encontrada além do secretário municipal de Cultura, Alê Youssef, e do secretário de Justiça, Rubens Rizek. "São 60 mil pessoas trabalhando no Carnaval, 5 milhões por dia desfilando em blocos. Os números em São Paulo são superlativos, já é o maior Carnaval do mundo", dizia Rizek, que representava o prefeito Bruno Covas, em casa por recomendação médica.

A deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP), num macacão de paetê, brincos de argola e uma tiara com penas, era a estrela do pedaço. Foi com seis convidados. "Eu trouxe um pouquinho do meu time, um pouquinho dos voluntários", explicava.

Tabata virou desafeto do correligionário e ex-presidenciável Ciro Gomes no PDT depois que votou a favor da Reforma da Previdência, no ano passado. Mas mandou mensagem para o irmão dele, o senador Cid Gomes, que foi baleado ao avançar com uma retroescavadeira contra policiais militares que faziam motim no Ceará por reajuste salarial. 

“Eu o admiro muito, sei que ele está se recuperando, e fico muito feliz”, afirmava. “Mas isso não tira o fato de que todo mundo estava errado naquela história”, dizia, referindo-se ao fato de Cid ter avançado com uma escavadeira sobre policiais.

O diretor do Balé da Cidade de São Paulo, Ismael Ivo, comentava sobre a escolha de Regina Duarte para o comando da Secretaria Especial da Cultura. "Sendo uma artista, ela tem uma sensibilidade de ver a cultura de um patamar real. Não é político", diz.

Munido de um prato de presunto cru e nós de muçarela de búfala montado no bufê da área VIP do Camarote Bar Brahma, o ator Cassio Scapin divergia. “Não é o caso de um artista assumir esse cargo. Precisa de bastante traquejo político e administrativo.” 

“Quando a Fernanda Montenegro foi convidada, há muitos anos, para ser ministra da Cultura, ela sabiamente recusou. Acho que aí mora uma sabedoria da Fernanda”, segue. Scapin, porém, não concorda com os ataques que Regina recebeu de colegas. 

“Não podemos nos atacar. Já é uma vantagem o Roberto Alvim [o antecessor da atriz, exonerado após divulgar vídeo com referências nazistas] ter sido espirrado”, defende. 

A deputada e cantora Leci Brandão dizia que não fala de Jair Bolsonaro nem de Regina Duarte porque não reconhece "esse governo" –e porque é "esquerdista mesmo. Sou a favor de tudo o que eles não gostam.”

O cantor Ivo Meirelles usava a seguinte expressão para resumir o que pensa do atual momento do Brasil: "Uma merda!”. “Esse policiamento de todos os lados. Essa tentativa de se proibir qualquer coisa”, dizia. 

“Eu li há uns dias sobre um grupo querendo boicotar o [bloco carioca] Cacique de Ramos porque saiu com pena”, afirma, referindo-se à crítica sofrida pelo bloco, em redes sociais, por usar adereços de indígenas. “O Cacique sai com pena desde que nasceu, em 1960.”

Para Meirelles, o Carnaval é “o dia em que você pode se fantasiar de qualquer coisa”. “De ditador, de democrata, de superman, supergirl, homem-mosca. O nome já diz: é fantasia”, diz ele, que discorda também das críticas à atriz Alessandra Negrini, que usou adereços indígenas ao desfilar pelo bloco Baixo Augusta, em SP. “Todo mundo hoje é fiscal de todo mundo. Só tem um adjetivo para isso: babaquice.”

E fiscais da prefeitura baixaram no camarote Cafe de la Musique porque pessoas estavam fumando em áreas restritas –o que é proibido pela lei estadual que regulamenta o fumo em ambientes fechados de uso coletivo.

Renato Maluf, o Bola da Vai-Vai, não gostou da advertência. “Eu não poderia ter sido importunado por um segurança. Estou aqui há 30 anos”, reclamava ele a um membro da equipe do camarote enquanto segurava entre os dedos um charuto queimado até a metade.

“Meu sócio [no camarote] convidou muitos libaneses e eles têm o hábito de fumar livremente lá [no Líbano]”, justificava o empresário Álvaro Garnero, que chegou depois da confusão. 

com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO

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