Se para alguns foliões o Carnaval dispensa comentários sobre o cenário político brasileiro, no bloco Forrozin, comandado pela cantora Mariana Aydar, a tônica era outra.
“Seja num encontro de alta cultura e arte, como o Carnaval, seja no dia a dia, tudo é política”, afirmou à coluna o rapper Criolo, uma das atrações do cortejo que desfilou no centro da capital paulista na segunda (24).
“Mas [é preciso] compreender o quanto essa palavra está desgastada, o quanto ela foi canalizada para um tipo de situação. Mas tudo é política, pois somos seres sociais”, seguiu.
Do alto do trio elétrico, onde convidados serviam-se de cervejas disponibilizadas em um cooler, o rapper era assediado por fãs que o admiravam da rua. Uma mulher chegou a pedir, gritando, que Criolo fizesse um filho com ela —convite que ele dispensou com um sorriso e um gesto negativo com as mãos.
Em determinado momento, na avenida São Luís, o público presente entoou a frase de protesto “ei, Bolsonaro, vai tomar no c.”, ao que Mariana Aydar respondeu: “tomar no c. pode ser muito bom. Acho que a gente tinha que mudar isso. O [presidente Jair] Bolsonaro merece outras coisas”. E puxou repetidos gritos com as palavras “ele não”, endossados pelos seguidores do bloco.
Dentro do cordão que circundava o trio elétrico, a atriz Sophie Charlotte dançava ao ritmo das músicas de origem nordestina orquestradas por Aydar. Ela usava uma capa azul cintilante e dois coques presos no topo da cabeça com fitas neon.
Sophie foi uma das artistas que gravaram vídeo em apoio à jornalista da Folha Patrícia Campos Mello após ataque de Jair Bolsonaro (sem partido). À coluna, a atriz afirmou que a situação política no país é o seu “maior pesadelo”.
“A gente já perdeu a mão do que é decoro no Brasil há muito tempo”, disse. “Os governantes estão esquecendo que eles representam a população. Falas agressivas como essa, que estimulam uma violência na outra ponta, são inadmissíveis.”
Sobre a indicação de Regina Duarte para o comando da Secretaria Especial da Cultura, Sophie Charlotte diz que o diálogo entre artistas e o órgão é a única coisa que lhe interessa.
“Tomara que o projeto fascista e nazista de governo, que foi tentado se implantar e foi combatido com uma grande reação, não permaneça com essa mudança. A gente quer escuta, diálogo e resistência até a próxima eleição”, disse.
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VEIA NORDESTINA
A cantora Mariana Aydar desfilou com o seu bloco Forrozin no centro de São Paulo, na segunda (24). O rapper Criolo, o presidente do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, Alê Natacci, o cantor Felipe Cordeiro, o DJ Nalla e a cantora Céu estiveram lá.
CURTO-CIRCUITO
O curta “Rã”, de Ana Flávia Cavalcanti, está em exibição na mostra Geração do Festival de Berlim até o dia 1º de março.
O autor Pedro Superti lança o livro “Ouse Ser Diferente”. Na quinta (27), às 18h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
A galeria Andrea Rehder Arte Contemporânea prorrogou até 13 de março a exposição “Transições SP/RJ”, com obras de Chris Apovian.
com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO
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