Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Saída de Moro revela arrefecimento, mas transformação seguirá, diz Barroso

Ministro do STF considera que o ex-juiz foi altivo e corajoso em seu pedido de demissão

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O ministro do STF Luís Roberto Barroso considera que o ministro Sergio Moro foi altivo e corajoso em seu pedido de demissão, mas afirmou que não cabe a ele comentar a saída do ex-juiz do governo nem os desdobramentos de sua fala.

Mais cedo, durante "live" organizada pela XP Investimentos, o ministro foi perguntado sobre uma eventual demissão, o que ainda não havia ocorrido. Barroso respondeu:

“Olha, o juiz Sérgio Moro representou a face, digamos assim, da Lava Jato. E a Operação Lava Jato, eu acho que ela transcendeu o fato de ser uma operação policial-judicial e passou a ser um símbolo, passou a ocupar um espaço no imaginário social brasileiro, que é a superação de uma velha ordem em que era legítima a apropriação privada do Estado e o desvio de dinheiros públicos. A Lava jato significou uma mudança de paradigma e mobilizou uma sociedade que deixou de aceitar o inaceitável. A corrupção era a moeda corrente, era o modo como se jogava o jogo, em todo contrato administrativo relevante alguém levava uma vantagem indevida, em todo empréstimo relevante havia um pedágio, em toda obra pública, em todo serviço. Era uma cultura de desvio de dinheiro que nos atrasou na história.

A Lava Jato e a luta contra a corrupção simbolizaram uma sociedade que deixou de aceitar o inaceitável. E há pessoas que gostam mais e há pessoas que gostam menos do ministro Sérgio Moro, mas o fato é que ele é o símbolo deste processo histórico.

E, portanto, eu acho que sua eventual saída revela, como fatos já vinham revelando, um certo arrefecimento desse esforço de transformação do Brasil.

A verdade, no entanto, é que eu acho que o Brasil já mudou. Mesmo com decisões do Supremo que eu discordo profundamente, que eu acho que nos retardaram um pouco nesse processo, a sociedade já não aceita mais, já não é mais tão fácil acontecer de novo o que aconteceu na Petrobras. Já não é tão fácil acontecer de novo o que aconteceu no Rio de Janeiro. Já não é mais tão fácil agentes públicos nos mais altos cargos venderem atos normativos. Já não é mais fácil acontecer de novo o que aconteceu nos fundos de pensão.

Portanto, eu acho que, a despeito de decisões das quais eu discordo e de movimentos políticos imediatos que parecem ir na direção contrária, esse gênio não voltará para a garrafa. Eu sou contra insulto, sou contra agressão, mas hoje em dia está cada vez mais difícil um vigarista sair na rua e andar em paz.

Nós acabamos um pouco com o fetiche do corrupto rico que circulava na sociedade como se fosse uma pessoa de bem e normal. E acho que isso era imprescindível. Não há como o Brasil se tornar verdadeiramente desenvolvido com os padrões de ética pública e de ética privada que nós praticávamos aqui.

De modo que qualquer coisa que enfraqueça esse processo histórico acharei ruim, mas acho a história seguirá seu curso independente de A ou de B.”

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