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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Fábio, filho de Lula, vende participação na Gamecorp

Empresa sofreu várias investigações desde que se associou à Oi

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Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, vendeu nesta semana a sua participação na Gamecorp, empresa que explorava a PlayTV, canal a cabo especializado em games.

NOVO DONO

Ele e os sócios, os irmãos Fernando e Kalil Bittar, se desfizeram de 70% das ações, adquiridas pelo empresário Walther Abrahão Filho —ele herdou também as dívidas do negócio.

Visita do ex-presidente à sede do Grupo Gol, em 2011. Da esqueda para a direita: Lula, Kalil Bittar, Fernando Bittar (ao fundo), Lulinha e Jonas Suassuna.
Visita do ex-presidente à sede do Grupo Gol, em 2011. Da esquerda para a direita: Lula, Kalil Bittar, Fernando Bittar (ao fundo), Lulinha e Jonas Suassuna - Divulgação

NOVO DONO 2

Walter é filho de Walter Abrahão, locutor da antiga TV Tupi. Já foi presidente da Juventude do DEM e candidato a deputado estadual em SP pelo PR. O valor do negócio é mantido em sigilo.

LUPA

Fábio e a Gamecorp sofreram várias investigações desde que a empresa se associou à Oi. A tele investiu R$ 5 milhões no negócio quando Lula era presidente. A PlayTV chegou a ter 300 funcionários e patrocinadores como Itaú e Samsung.

ARQUIVO VIVO

Em 2012, a Justiça arquivou os inquéritos contra os sócios. Sete anos depois, em 2019, a Lava Jato de Curitiba retomou as investigações sobre o mesmo assunto. Elas hoje correm em SP.

DESPEDIDA

Numa carta enviada aos funcionários, à qual a coluna teve acesso, Fábio comunica a venda. “Lembro desses últimos 15 anos como se tivesse feito uma longa escalada, em um terreno muito íngreme, sempre contra o vento e as tempestades”, diz ele.

PEDRAS

“A maioria das empresas precisa se preocupar apenas em fazer seu trabalho direito”, segue o filho de Lula. “Tivemos que enfrentar a desconfiança da mídia, operações policiais (...), denúncias do Ministério Público (...), ondas de ataques em redes sociais e o julgamento fulminante da opinião pública.”

NADA

“Em vários momentos eu me senti absolutamente exausto”, diz ainda Fábio na carta. “Apesar do massacre, nunca conseguiram demonstrar qualquer irregularidade.”

É ISSO

A defesa do filho de Lula confirma a operação. “A perseguição criminosa e implacável contra Fábio merece uma resposta enérgica do poder Judiciário. Fábio não pode ser criminalizado por carregar o sobrenome do maior líder popular do país. A venda Gamecorp confirma o propósito negocial e o significado econômico de suas atividades profissionais”, diz o tributarista Marco Aurélio de Carvalho.

Leia, abaixo, a íntegra da carta de Fábio Luís Lula da Silva:

Lembro desses últimos 15 anos como se tivesse feito uma longa escalada, em um terreno muito íngrime, sempre contra o vento e as tempestades. A maioria das empresas precisa se preocupar apenas em fazer seu trabalho direito, para conquistar e agradar seus clientes. Eu acho que nosso desafio foi muito maior pois também tivemos que enfrentar a desconfiança da mídia, operações policiais para busca de documentos dentro de nossos lares, denúncias do Ministério Público, inquirições em CPIs, inquéritos na Polícia Federal, ondas de ataques em redes sociais e o julgamento fulminante da opinião pública. Não conheço um negócio que tenha sido tão vasculhado, por tanto tempo. Em vários momentos eu me senti absolutamente exausto. Mas agora, olhando para trás, posso dizer com toda tranquilidade e convicção que valeu a pena cada minuto dessa jornada. Apesar do massacre, nunca conseguiram demonstrar qualquer irregularidade. Nada. Quero dizer, bem alto, que eu tenho muito orgulho da Gamecorp e de tudo que construímos juntos, só com trabalho, criatividade e competência.

Tenho alguns arrependimentos. Poucos. Um deles é que perdemos tanto tempo enfrentando críticas por aquilo que não fizemos, que deixamos de comemorar o que fizemos. Hoje a indústria dos games é uma potência, mas quando começamos era muito diferente. Conseguimos enxergar um negócio, onde a maior parte das pessoas só via uma brincadeira de garotos. É hora de lembrar que fomos um dos inovadores dessa indústria aqui no Brasil. A PlayTV, primeiro canal voltado exclusivamente ao mundo dos games, disputou o primeiro lugar no Ibope contra grandes grupos de comunicação e chegou a reunir uma equipe de 300 pessoas, totalmente voltada para a produção de conteúdos. Conseguimos atrair investidores pela qualidade do nosso negócio. Construímos uma empresa que deu lucro, gerou empregos e da qual tirei meu sustento. Como vocês sabem, começa agora uma nova etapa. O mercado de TV a cabo sofreu mudanças muito grandes nos últimos anos. Para sobreviver a elas, entendemos que a empresa precisa de vários recursos que não somos capazes de mobilizar. A Gamecorp foi adquirida pelo empresário Walter Abrahão Filho, que já atua no ramo e tem a experiência e as condições para enfrentar esse desafio.

Fica meu enorme agradecimento a todos os nossos valentes e brilhantes colaboradores e aos meus sócios Kalil e Fernando, com quem dividi os melhores e os mais difíceis momentos dessa história. Nós três continuamos juntos, aprendemos um bocado e vamos seguir trabalhando com tecnologia. Para acabar, eu gostaria de dar um grande abraço em cada um de vocês, mas meu lado biólogo manda eu seguir à risca as recomendações, por isso #FiqueEmCasa.

Obrigado.

Fábio Lula da Silva.

QUARENTENA

com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO

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